Todos nós exercitamos atividades cada vez mais intelectuais, que implicam o cansaço mental. E, para o cansaço mental, a compensação é justamente o ócio. Muito trabalho físico requer pouco repouso da mente. Já para poucas ideias é necessário muito ócio. Mas o ócio criativo não é ficar parado com o corpo, ou uma ação corporal não obrigatória. O ócio criativo é aquela trabalheira mental que acontece até quando estamos fisicamente parados, ou mesmo quando dormimos à noite. Ociar não significa não pensar. Significa não pensar regras obrigatórias, não ser assediado pelo cronômetro, não obedecer aos percursos da racionalidade e todas aquelas coisas que Ford e Taylor tinham inventado para bitolar o trabalho executivo e torná-lo eficiente. O ócio criativo obedece a regras completamente diferentes. Mas é o alimento da ideação. É uma matéria-prima da qual o cérebro se serve. Do mesmo modo que a máquina usava matérias-primas como o aço e o carvão, transformando-as em bens duráveis, o cérebro precisa de ócio para produzir ideias.
Domenico de Masi (O Ócio Criativo; pág: 241)
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