20 de dezembro de 2020
DE PAI PARA FILHO
TRILHA INVESTIGATIVA
Desde a primavera de 1932, o técnico em madeira Arthur Koehler vinha analisando a escada do seqüestro. Ele começou por desmontá-la completamente, numerando cada degrau e os corrimões. Diversos tipos de madeira – pinho, bétula, abeto – foram usados na construção da escada, cada um deles com suas marcas internas de anéis e nós e com suas próprias marcas externas da máquina que serrou a matéria-prima e das ferramentas usadas para construir a escada. Uma peça de madeira – identificada como “corrimão número 16” – era especialmente interessante porque tinha quatro buracos de pregos sem nenhuma conexão com a construção da escada e que, por isso, sugeriam utilização anterior. De um alburno inferior, sem nenhum sinal de envelhecimento causado por fenômenos climáticos, o corrimão dava a impressão de ter sido talhado em ambiente interno e usado para construção pesada, talvez numa garagem ou num sótão.
Havia dezenas de outras pistas que mantiveram Koehler na trilha investigativa. Os degraus dessa escada caseira, por exemplo, eram do suave pinho Ponderosa e não mostravam nenhum tipo de uso anterior, o que indicava que a escada havia sido construída para um emprego específico. As marcas deixadas nesses degraus pela plaina com que a madeira foi desbastada revelavam uma combinação incomum de tipos de corte. Koehler enviou cartas a 1600 marcenarias na Costa Leste perguntando se suas plainas tinham aquelas características. Respostas positivas vieram de 25 marcenarias, às quais se pediu que enviassem amostras de tábuas. Dentre elas, Koehler foi capaz de identificar a carpintaria Dorn Lumber, em McCormick, Carolina do Sul, como a fonte das tábuas que serviram para fazer os degraus da escada. Vinte e cinco carpintarias haviam comprado tábuas de Dorn Lumber desde o outono de 1929. Por meio de dedução científica, Koehler reduziu a lista até chegar à National Lumber and Millwork Company, do Bronx, que fizera uma encomenda em dezembro de 1931, três meses antes do seqüestro. Em novembro de 1933, após dezoito meses de investigação, Koehler precisava apenas dos comprovantes de venda da carpintaria do Bronx para chegar ao possível construtor da escada. Infelizmente, a National Lumber operava basicamente com papel-moeda e não mantinha esse tipo de contabilidade.
A. Scott Berg (Lindbergh: uma biografia; pág: 369)
16 de dezembro de 2020
CIÚME
Chico Buarque (Leite Derramado; págs: 61 e 62)
26 de novembro de 2020
MONA LISA
O status da Mona Lisa como a mais famosa obra de arte do mundo (...) nada tinha a ver com seu sorriso enigmático. (...) Simplesmente, a Mona Lisa era famosa porque Leonardo da Vinci considerava-a sua mais perfeita obra. Levava consigo a pintura sempre que viajasse, e, se alguém lhe perguntasse o motivo, respondia que achava difícil separar-se de sua mais sublime expressão da beleza feminina. (...) A veneração de Da Vinci por essa obra, segundo muitos afirmavam, devia-se a algo bem mais profundo: uma mensagem oculta nas camadas de pintura. A Mona Lisa era, de fato, uma das mais bem estudadas piadas secretas do mundo. A colagem bastante divulgada de trocadilhos e alusões brincalhonas existentes no quadro havia sido revelada na maioria dos livros de história da arte, e mesmo assim, incrivelmente, o público em geral ainda considerava seu sorriso um grande mistério. (...) Vocês podem notar (...) que o fundo atrás do rosto dela é desigual. (...) A linha do horizonte que Da Vinci pintou à esquerda se encontra num nível visivelmente mais baixo que a da direita. (...) Pintando o fundo mais baixo à esquerda, Da Vinci fez Mona Lisa parecer muito maior vista da esquerda que da direita. Uma piadinha secreta de Da Vinci. Historicamente, os conceitos de masculino e feminino estão ligados aos lados – o esquerdo é feminino, o direito é masculino. Como Da Vinci era um grande fã dos princípios femininos, fez a Mona Lisa parecer maior quando vista da esquerda que da direita. (...) Da Vinci buscava muito o equilíbrio entre o masculino e o feminino. Achava que a alma humana não podia ser iluminada a menos que os elementos masculinos e femininos estivessem presentes nela. (...) Da Vinci era brincalhão, e a análise da Mona Lisa e dos seus auto-retratos por computador confirmou alguns pontos de congruência surpreendentes entre os rostos dele e dela. Seja lá qual fosse a intenção de Da Vinci (...) sua Mona Lisa não é homem, nem mulher. Traz uma mensagem sutil de androginia. É uma fusão de ambos. (...) Da Vinci deixou uma tremenda pista de que a pintura devia ser interpretada como andrógina. Será que alguém já ouviu falar de um deus chamado Amon? (...) Amon é (...) representado como um homem com cabeça de carneiro, e sua promiscuidade e chifres curvos (horns) estão ligados à gíria americana “horny”, que significa excitado. (...) E sabe qual era a companheira de Amon? (...) Era Ísis (...) Então temos o deus Amon (...) e a deusa Ísis, cujo pictograma antigo era L’ISA.
AMON L’ISA
Sacaram? (...) Não só o rosto da Mona Lisa parece andrógino como o nome dela é um anagrama da união divina do masculino com o feminino. E esse, meus amigos, é o segredinho de Da Vinci, o motivo do sorriso zombeteiro da Mona Lisa.
Dan Brown (O Código da Vinci; págs: 98, 99 e 100)
22 de novembro de 2020
COLISEU
Ele sempre considerara o Coliseu uma das maiores ironias da História. Hoje um símbolo consagrado do desenvolvimento da cultura e da civilização humana, o estádio fora construído para exibir séculos de eventos bárbaros – leões famintos despedaçando prisioneiros, exércitos de escravos combatendo-se até a morte, estupros coletivos de mulheres exóticas capturas em terras remotas, assim como decapitações e castrações públicas. Era também irônico, na opinião dele, ou talvez apropriado, que a estrutura arquitetônica do Coliseu tivesse servido de modelo para o Soldier Field de Harvard, o estádio de futebol onde as antigas tradições de selvageria eram reencenadas todos os outonos, com fãs enlouquecidos clamando por sangue quando Harvard enfrentava Yale.
Dan Brown (Anjos e Demônios; págs: 106 e 107)
18 de novembro de 2020
O INVESTIGADOR CRIMINAL
O ofício de investigador criminal talvez seja o mais solitário do mundo. Os amigos da vítima ficam revoltados e desesperados, mas cedo ou tarde, ao cabo de algumas semanas ou meses, a vida volta ao normal. Para os familiares próximos, leva mais tempo, porém eles também acabam superando o desgosto e o desespero. A vida continua. Mas os crimes não resolvidos permanecem nos corroendo por dentro. No final das contas, uma única pessoa permanece pensando na vítima e tentando lhe fazer justiça: o tira encarregado do inquérito.
Stieg Larsson (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres [Vol. 01]; pág: 183)
19 de julho de 2019
DIGAM XIS!
Os rostos mudaram de sérios no início do século XX para sorridentes no final. Por que a mudança? Os norte-americanos ficaram mais felizes? Não. (...) Quando a fotografia foi inventada, as pessoas pensavam nelas como quadros. Não havia algo que pudesse servir de comparação. Assim, pessoas fotografadas copiavam as pessoas nos quadros. E como nos quadros era impossível manter um sorriso pelas muitas horas que levavam para ficar prontas, as pessoas adotavam uma fisionomia séria. E assim, ao serem fotografadas, faziam o mesmo.
18 de julho de 2019
O ÉTER
31 de maio de 2019
HUMOR INTELECTUAL
30 de maio de 2019
CUBA LIBRE
15 de abril de 2019
MEMÓRIAS E LIVROS
19 de outubro de 2018
PROJETO JOBS
27 de julho de 2018
STEPHEN HAWKING
Stephen Hawking (Minha Breve História; págs: 19, 52, 53, 83 e 140)
26 de julho de 2018
PARADOXO DO AVÔ
21 de julho de 2018
PRINCÍPIO DE INCERTEZA DA TEORIA QUÂNTICA
24 de março de 2017
UMA CRIANÇA EM MEIO AOS ADULTOS
Um homem de aparência lamurienta, egoísta, taciturno e vagamente insatisfeito com a vida. Esse é o tipo de homem que ele é. Ou quase isso. Pois defini-lo não é tarefa fácil. É impossível focá-lo diretamente. Ele ofusca todo mundo - o intelectual, o simples, o astuto, e até mesmo os que o veem todos os dias. Em momento algum se pode fazer dele um retrato firme, sólido, e afirmar: "Este é Charles Chaplin". Só se pode dizer: "Este é Charles Chaplin, não é?". Ele é como um vislumbre cintilante, ora desta faceta, ora daquela outra - azul, verde, amarelo, carmim -, sucessivamente. Um brilhante é um similar apropriado; ele é tão duro e reluzente quanto, e seu brilho também é errático. E se você o cortar, descobrirá que não há uma fonte pessoal daquelas luzes inconstantes - tanto no brilhante quanto em Charles Dickens; elas são só lampejos de genialidade. Duvido que ele mesmo possa se definir; os gênios raramente podem. [...]
22 de março de 2017
ANTROPOFAGIA ROMÂNTICA 5,5%
Repetidamente,
Sede à primeira vista.
Ao dedilhar do violonista,
Vejo-me num fundo,
Reflexo olhar profundo,
Flertando como um profano.
Temperamental,
Nos misturamos,
Numa Dose letal.
Desce frio,
Desce quente,
Se esquentado,
Esfria a mente.
Da insanidade,
De todo cíclico,
A tola maldade.
Para a boca,
Ao sanitário,
Não há idade.
7 de março de 2017
CYPHERPUNK
21 de fevereiro de 2017
O AMOR ANTIGO
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade