23 de julho de 2020

"O MITO, PRESSUPOSTO NECESSÁRIO DE TODA RELIGIÃO"

É o destino de todo o mito ter de entrar pouco a pouco na estreiteza de uma pretensa efetividade histórica e ser tratado com pretensões históricas, por algum tempo mais tardio, como fato singular. (...) Este é o modo como as religiões costumam morrer: ou seja, quando os pressupostos míticos de uma religião, sob os olhos rigorosos, razoáveis, de um dogmatismo bem-pensante, são sistematizados como uma soma acabada de acontecimentos históricos e se começa angustiosamente a defender a credibilidade dos mitos, mas a rebelar-se contra toda sobrevivência e propagação dos mesmos, quando, portanto, o sentimento pelo mito morre, e em seu lugar se introduz a pretensão da religião a ter bases históricas.

Pela tragédia o mito chega a seu conteúdo mais profundo, a sua forma mais expressiva; mais uma vez ele se levanta, como um herói ferido, e todo o excedente de força, ao lado da sábia tranquilidade do moribundo, queima em seu olho com última, poderosa luminosidade.

Friedrich Nietzsche (O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música; pág: 33)

INSTINTO VS. REFLEXÃO

O conhecimento mata o agir, o agir requer que se esteja envolto no véu da ilusão - esse é o ensinamento de Hamlet, não aquela sabedoria barata de Hans, o Sonhador, que por refletir demais, como que por um excesso de possibilidades, não chega a agir; não é a reflexão, não! - é o verdadeiro conhecimento, a visão da horrível verdade, que sobrepuja todo motivo que impeliria a agir, tanto em Hamlet quanto no homem dionisíaco.

A sabedoria instintiva só se mostra, nessa natureza inteiramente anormal, para contrapor-se aqui e ali ao conhecer consciente, impedindo-o. Enquanto em todos os homens produtivos o instinto é precisamente a força criadora-afirmativa e a consciência se porta como crítica e dissuasiva, em Sócrates é o instinto que se torna crítico e a consciência, criadora - uma verdadeira monstruosidade per defectum!

Friedrich Nietzsche (O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música; págs: 31 e 35)

16 de julho de 2020

"SÓ É SEU, AQUILO QUE VOCÊ DÁ"

Uma frase de Monty. (...) O único verdadeiro presente que podemos dar aos outros é nosso tempo, e o único verdadeiro presente que podemos dar a nós mesmos é nossa saúde. Ou seja, qualquer outro presente que possamos dar não é algo que venha verdadeiramente de nós. Uma camisa, um carro ou mesmo um apartamento são bens que não são nossos, e, por isso, ao oferecer tais objetos, podemos até estar presenteando alguém, mas não com a essência do que somos. Pois somos o tempo que vivemos, e somente ao doarmos um pouco dele estaremos cedendo também um pouco de nós.

Eduardo Moreira (Encantadores de Vidas; pág: 185)


Lampirônicos (Pop Zen)

VAMOS DEVAGAR PORQUE TEMOS PRESSA

Vamos devagar porque temos pressa. Uma navio que fica no estaleiro perde meses sendo consertado e fica fora de atividade. Não podemos deixar você ir para o estaleiro, temos de cuidar para que sua saúde esteja perfeita, para atingirmos os resultados o mais rapidamente possível.

O método de Nuno (...) se baseia em suprir as necessidades do corpo e aumentar sua capacidade continuamente ao longo do tempo. O primeiro exame que Nuno pede a um aluno é um teste ergoespirométrico. Nesse teste, entre outras coisas, ele pode observar em que faixa de batimento o coração está trabalhando em déficit ou superávit de oxigênio. O nível de batimento acima do qual passamos a trabalhar em déficit de oxigênio é aquele que devemos respeitar como limite, trabalhando abaixo dele. O conceito é simples. Quando fazemos uma atividade física, todo o nosso corpo trabalha sob esforço. Para que as células e os órgãos possam efetuar esse esforço, precisam de mais combustível. Esse combustível chega por meio do sangue, logo, o coração bate mais rápido para que mais sangue circule pelo corpo. Os tijolinhos que usaremos para reconstruir as microlesões que sofremos ao efetuar um esforço e o combustível para que o esforço possa ser feito, tudo isso é carregado por meio da circulação. Se colocarmos o corpo para fazer um esforço intenso, isso resultará em uma necessidade muito grande de combustível, e igualmente de muitos “tijolos” para reconstruir o que foi lesado. O problema é que, a partir de certa velocidade, o sangue não consegue mais absorver o material que precisa ser levado. Nesse ponto estaremos trabalhando deficitariamente em relação àquilo de que nosso corpo precisa, destruindo as células e os órgãos ao invés de construí-los.

Esse conceito vale definitivamente para todas as partes do corpo. Para o cérebro, por exemplo, onde boa parte de nosso sangue circula durante uma atividade de esforço. Ao destruir células cerebrais, estamos também destruindo nossa capacidade de concentração, de objetivo, de atenção e de percepção. Ao contrário, se trabalharmos na faixa correta, vamos nutrir e construir células em todas as partes do corpo. Por isso a melhora nas dores e inflamações, o aumento da capacidade de resolver problemas e a maior imunidade a doenças.

Eduardo Moreira (Encantadores de Vidas; págs: 68, 69, 70, 71 e 72)