27 de fevereiro de 2020

DESCANSO MENTAL


Durante os quinze ou trinta segundos que eles têm para beber algo e secar o suor, eu sugiro que visualizem a si mesmos em um lugar onde se sintam seguros. É uma forma de fazer um descanso mental antes de enfrentar o problema iminente. (...) Se puder passar vinte ou trinta minutos antes do jogo visualizando o que vai acontecer - diz Armstrong -, serei capaz de reagir sem pensar, porque já vi a situação em minha mente.

Phil Jackson e Hugh Delehanty (Cestas Sagradas; Pág: 117)

COMO OS CINCO DEDOS DA MÃO


Trabalhar com um código de regras claramente definidas reduz em muito o conflito, porque, despersonaliza a crítica. O jogador compreende que o técnico não o está atacando pessoalmente quando corrige um erro, mas apenas tentando melhorar seu conhecimento do sistema, como um todo. Aprender o sistema é um processo trabalhoso, às vezes entediante, e que leva anos para realmente dominar. A chave consiste em executar uma série repetitiva de exercícios, que vai treinando o jogador, tanto em termos de experiência quanto em termos intelectuais, a se mover, como Tex gosta de dizer, “como os cinco dedos da mão”. Neste sentido, os exercícios parecem uma prática zen. Depois de meses de foco intenso nos exercícios, os jogadores começam finalmente a enxergar - ahá! É assim que a coisa funciona. Acabam desenvolvendo uma orientação intuitiva entre os seus movimentos e os dos outros jogadores. Estão interconectados.

Phil Jackson e Hugh Delehanty (Cestas Sagradas; Pág: 92)

13 de fevereiro de 2020

"É PRECISO SABER VIVER"

Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela. A vida, se bem empregada, é suficientemente longa. (...) Se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai. (...) A existência se prolonga por um largo período para o que sabe dela usufruir. (...) Nada está mais longe do homem ocupado do que viver, nenhuma coisa é mais difícil de aprender. (...) A maior parte dos homens tem o mesmo estado de ânimo: neles, o desejo do trabalho é maior que a capacidade para tal, combatem a decadência do corpo, e a própria velhice lhes parece deplorável, pois os afasta dos negócios. (...) Adquirem penosamente aquilo que desejam, possuem com apreensão o que adquiriram. Enquanto isso, não se dão conta do tempo que não voltará, novas preocupações substituem as antigas, uma esperança realizada faz nascer outra esperança, a ambição provoca a ambição. (...) Cada dia só está presente por alguns momentos, mas todos os dias do passado a ti se apresentam quando assim ordenas; consentem que sejam detidos e inspecionados pelo teu juízo, algo que aos homens ocupados falta tempo para fazer. (...) Somente o tempo presente pertence aos homens ocupados, tempo este tão breve que não pode ser alcançado e que é retirado deles já que estão distraídos com muitas coisas. (...) Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que te admires, durante toda a vida se deve aprender a morrer. (...) É próprio dos grandes homens e de quem se eleva acima dos erros humanos não consentir que lhe tirem nada de seu tempo, e assim toda a sua vida é muito longa, porque se dedicou a si mesmo, não importando quanto tenha durado. (...) Aquele que utiliza todo o tempo apenas consigo mesmo, que organiza todos os dias como se fosse o último, não deseja, nem teme o amanhã. Que novo prazer existe que qualquer hora já não lhe possa trazer? (...) Por mais curta que seja, é mais que suficiente, de maneira que, ao chegar o último dia, o homem sábio não hesitará em ir para a morte com tranquilidade.

Sêneca (Sobre a Brevidade da Vida; págs: 26, 41, 43, 50, 51, 53, 73 e 83)

5 de fevereiro de 2020

O CÁLCULO DA TUA EXISTÊNCIA

“Vemos que já atingiste o fim da vida, tens cem ou mais anos. Vamos, faz o cálculo da tua existência. Conta quanto deste tempo foi tirado por um credor, uma amante, pelo poder, por um cliente. Quanto tempo foi tirado pelas brigas conjugais e por aquelas com escravos, pelo dever das idas e vindas pela cidade. Acrescenta, ainda, as doenças causadas por nossas próprias mãos e também todo o tempo desperdiçado. Verás que tens menos anos do que contas. Perscruta a tua memória: quando atingiste um objetivo? Quantas vezes o dia transcorreu como o planejado? Quando usaste teu tempo contigo mesmo? Quando mantiveste uma boa aparência, o espírito tranquilo? Quantas obras fizeste para ti com um tempo tão longo? Quantos não esbanjaram a tua vida sem que notasses o que estavas perdendo? O quanto de tua existência não foi retirado pelos sofrimentos sem necessidade, tolos contentamentos, paixões ávidas, conversas inúteis, e quão pouco te restou do que era teu? Compreenderás que morres cedo”.

O que está em causa então? Viveste como se fosses viver para sempre, nunca te ocorreu a tua fragilidade. Não te dás conta de quanto tempo já transcorreu. Como se fosse pleno e abundante, o desperdiças e, nesse ínterim, o tempo que dedicas a alguém ou a alguma coisa talvez seja o teu último dia. Temes todas as coisas como os mortais, desejas outras tantas tal qual os imortais. Ouvirás a maioria dizendo: “Aos cinquenta anos me dedicarei ao ócio. Aos sessenta, ficarei livre de todos os meus encargos”. Que certeza tens de que há uma vida tão longa? O que garante que as coisas se darão como dispões? Não te envergonhas de destinar para ti somente resquícios da vida e reservar para a meditação apenas a idade que já não é produtiva? Não é tarde demais para começar a viver, quando já é tempo de desistir de fazê-lo? Que tolice dos mortais a de adiar para o quinquagésimo e sexagésimo anos as sábias decisões e, a partir daí, onde poucos chegaram, mostrar desejo de começar a viver?

Sêneca (Sobre a Brevidade da Vida; págs: 30, 31 e 32)