26 de outubro de 2021

O SER HUMANO É EXTRAORDINÁRIO


Ele [Einstein] oferece à humanidade algo semelhante a um consolo, depois das três ofensas causadas pela ciência: se Copérnico lhes tirou a coroa da Criação como centro do universo, se Darwin lhes tomou a crença numa criação divina, e se Freud, ainda por cima, declarou que seu inconsciente é o denominador do "eu", então aquele ser, levado pelo impulso, originário de uma vida inferior, vagando sozinho pelo universo em seu pequeno planeta, prova como, apesar de tudo, o ser humano é extraordinário. Só por meio do pensamento, sua arte mais nobre, ele conseguira penetrar o universo e suas profundezas.

Jürgen Neffe (Einstein - Uma Biografia; págs: 26 e 27)

22 de outubro de 2021

3 GRANDES TIPOS DE INOVAÇÃO

Em primeiro lugar, estão inovações que criam novas categorias de produtos e serviços, explorando novos mercados, com novas tecnologias [na tipologia de Christensen, EMPOWERING innovations]. Aqui estamos falando da transformação de produtos e serviços complicados e muito caros [ou inexistentes] em coisas simples e universais [pense Amazon Kindle e a série de produtos e serviços i da Apple]. Tal classe de inovação gera trabalho porque demanda novas competências e, em geral, mais pessoas para criar, fazer, vender, distribuir e cuidar da manutenção de produtos e serviços associados. Segundo, há a classe de SUBSTITUTION innovations, que entregam os produtos e serviços de próxima geração e permitem o crescimento incremental no mesmo mercado ou em mercados adjacentes. O problema econômico, neste tipo de inovação, é que pode não ser necessário mais gente [no mercado de trabalho, no total], pois os que adquirem produtos e serviços resultantes desta classe de inovação, como o próprio nome diz, deixam de adquirir outros, de classe inferior ou anterior, mas do mesmo tipo, talvez provido pelo mesmo agente. Por fim, há as EFFICIENCY innovations, aquelas que estão associadas às melhorias, extensões, variantes e reduções de custos em linhas de produtos existentes e sendo consumidas no mercado atual. Aqui, às vezes nem se percebe alguma inovação no produto e serviço que se consome, pois as mudanças se deram por trás do que você usa. EFICIÊNCIA está associada à (...) o horizonte de curto prazo (...) Tendem a ter como resultado a liberação do capital enterrado em processos ineficientes de fabricação (...); SUBSTITUIÇÃO (...), o médio prazo. (...) é um jogo de soma zero, pelo menos do ponto de vista de trabalho novo. (...) E EMPODERAMENTO (...), o horizonte de longo prazo. (...) criam novos tipos de consumo.

Silvio Meira (Novos Negócios Inovadores de Crescimento Empreendedor no Brasil; págs: 55 e 57)

20 de outubro de 2021

FALSA REPRESENTAÇÃO

Quando o rico toma do pobre um bem (por exemplo, o príncipe toma do plebeu a amada), nasce no pobre um erro; ele pensa que aquele tem de ser totalmente celerado para tomar dele o pouco que ele tem. Mas aquele não sente tão profundamente o valor de um único bem, porque está habituado a ter muitos: assim, não pode se pôr na alma do pobre e está longe de fazer tanta injustiça quanto este acredita. Ambos têm, um do outro, uma falsa representação. A injustiça do poderoso, a que mais revolta na história, está longe de ser tão grande como parece. Já o sentimento herdado de ser um ser superior com direitos superiores torna devidamente frio e deixa a consciência tranquila: nós mesmos, quando a diferença entre nós e um outro ser é muito grande, não sentimos mais nada de injustiça e matamos uma mosca, por exemplo, sem nenhum remorso na consciência. (...) Aquele que é cruel não é cruel na medida em que o acredita o maltratado; a representação da dor não é o mesmo que o padecimento dela. Assim também se passa com o juiz injusto, com o jornalista que com pequenas deslealdades induz em erro a opinião pública. (...) E no entanto se pressupõe involuntariamente que o que age e o que sofre pensam e sentem igual, e, em conformidade com esse pressuposto, se mede a culpa de um segundo a dor do outro.

Friedrich Nietzsche (Humano, Demasiado Humano - Um Livro Para Espíritos Livres [Vol. 01]; págs: 77 e 78)

19 de outubro de 2021

POLÍTICA DE MÍDIA SOCIAL

É mais importante saber as regras da comunidade ou do público com quem você pretende se envolver. Eu uso muito essa analogia: quando vou a um bar ou a um jantar, avalio o clima do ambiente e procuro me adaptar a ele. É a mesma coisa com as mídias sociais. Você precisa ter uma política de mídia social robusta e/ou um plano de crise de comunicação antes de fazer qualquer coisa na rede social. (...) As mídias sociais (...) é o compromisso de estar aberto em relação a quem você é, o que você faz, e como você faz. Somente quando uma empresa adquire consciência plena para enfrentar este ethos é que ela pode, de fato, começar a ser criativa nas mídias sociais. A criatividade dentro das redes sociais diz respeito a perceber o tom da comunicação e aí, então, agir de modo a suscitar uma resposta.

Christer Holloman (MBA das Mídias Sociais; págs: 47 e 48)

18 de outubro de 2021

PORCOS-ESPINHOS E RAPOSAS

Ainda que, tomado em seu conjunto, o desempenho dos especialistas tenha deixado a desejar, Tetlock descobriu que alguns se saíram melhor do que outros. Entre os que tinham se mostrado piores estavam aqueles cujas previsões eram citadas com maior frequência na mídia. Quanto mais entrevistas haviam concedido à imprensa, descobriu Tetlock, piores tendiam a ser suas previsões. Outro subgrupo, contudo, saiu-se relativamente bem. Com sua formação em psicologia, Tetlock se interessara pelos estilos cognitivos dos especialistas, no modo como eles pensavam o mundo, e submeteu todos, então, a algumas perguntas extraídas de testes de avaliação da personalidade. Com base nesses resultados, Tetlock conseguiu dividir seus especialistas ao longo de um espectro entre o que chamou de porcos espinhos e de raposas. A referência aos animais vem do título de um ensaio de Isaiah Berlin sobre o romancista russo Leon Tolstoi, chamado O porco-espinho e a raposa. Berlin, por sua vez, extraiu seu título de um trecho atribuído ao poeta grego Arquíloco: "A raposa conhece muitas coisas menores, mas o porco-espinho conhece uma coisa só, uma coisa grande."

A menos que você seja um fã de Tolstói - ou de um estilo floreado - não há motivo para ler o ensaio de Berlin, mas sua ideia básica é que escritores e pensadores podem, grosso modo, ser divididos em duas categorias: Porcos-espinhos são personalidades de Tipo A, que acreditam em grandes ideias - ou seja, em certos princípios que regeriam o mundo com o rigor de leis da física e que sustentam praticamente todas as interações que ocorrem na sociedade. Pense em Karl Marx e na luta de classes ou em Sigmund Freud e o inconsciente. Ou em Malcolm Gladwell e o "ponto da virada".

Raposas, por outro lado, são criaturas afeitas a fragmentos, que acreditam numa infinidade de pequenas ideias e em adotar uma série de abordagens diferentes para um problema. Tendem a ser mais tolerantes em relação às nuances, à incerteza, à complexidade e as opiniões discordantes. Se os porcos-espinhos são caçadores e estão sempre em busca de uma grande presa, as raposas são animais coletores. Raposas, descobriu Tetlock, são muito melhores em fazer previsões de que porcos-espinhos. Em relação à União Soviética, por exemplo, seus prognósticos tinham chegado mais perto do alvo. Em vez de encarar a URSS de maneira altamente ideológica - como um "império do mal" ou como um exemplo relativamente bem-sucedido (e talvez até admirável) de um sistema econômico marxista -, viram-na, ao contrário, como aquilo que era uma nação que funcionava cada vez pior e sob risco de se desintegrar. Enquanto as previsões dos porcos-espinhos eram pouco melhores do que opções escolhidas aleatoriamente, as raposas demonstraram habilidade para prever. (...) Um pouco de conhecimento pode se tornar algo perigoso nas mãos de um porco-espinho com Ph.D. Uma das descobertas mais notáveis de Tetlock é o fato de que, embora as raposas tendam a fazer prognósticos cada vez melhores, o contrário pode ser dito a respeito dos porcos-espinhos: seus desempenhos tendem a piorar à medida que acumulam credenciais.

Tetlock acredita que quanto maior a quantidade de fatos com que os porcos-espinhos lidam, mais oportunidades eles têm para permutá-los e manipulá-los de modo que confirmem suas visões preconcebidas. (...) Ainda que tenha descoberto que porcos-espinhos de direita e de esquerda fazem prognósticos igualmente ruins, Tetlock também notou que as raposas de todas as posições políticas se mostravam mais imunes a esses efeitos. Raposas podem ser enfáticas em suas convicções a respeito de como o mundo deveria ser, mas normalmente conseguem separar essas percepções da sua análise sobre o modo como o mundo é, e como será num futuro próximo. Porcos-espinhos, ao contrário, têm maior dificuldade em distinguir sua análise dos ideais arraigados. Em vez disso, segundo Tetlock, eles criam "uma fusão indistinta entre fatos e valores, embolando todos juntos", e adotam uma visão preconcebida das evidências que examinam, enxergando o que desejam ver e não o que realmente existe.

Nate Silver (O Sinal e o Ruído; págs: 61, 62 e 65)

15 de outubro de 2021

TRANSCENDENTES, AUTÔNOMOS E MULTIFUNCIONAIS

No artigo “The New Product Development Game” [O novo jogo de desenvolvimento de novos produtos], que descrevia o que mais tarde se tornou o Scrum, os professores Takeuchi e Nonaka listaram as características das equipes que encontraram nas melhores empresas do mundo: Transcendentes: Elas têm uma noção de propósito que vai além do comum. Esse objetivo autoconcebido lhes permite ultrapassar o trivial e alcançar o extraordinário. A decisão de não se contentar com a média, mas de ser grande, muda por si só a forma como a equipe se vê e o que é capaz de realizar. Autônomas: As equipes são auto-organizadas e se autogerenciam. Podem decidir como executar o trabalho e têm o poder de fazer com que suas decisões sejam cumpridas. Multifuncionais: As equipes têm todas as habilidades necessárias para completar o projeto. Planejamento, design, produção vendas, distribuição. E essas habilidades alimentam e reforçam umas às outras.

Jeff Sutherland & J.J. Sutherland (Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo; pág: 50)

5 de outubro de 2021

ENCONTRANDO PADRÕES


Biologicamente, não somos muito diferentes dos nossos antepassados. Entretanto, alguns pontos fortes da Idade da Pedra tornaram-se pontos fracos na era da informação. Os seres humanos não dispõem de muitas defesas naturais. Não somos tão rápidos, nem tão fortes. Não temos garras ou presas, nem carapaça. Não cuspimos veneno. Não sabemos nos camuflar. E não podemos voar. Ao contrário, é nossa sagacidade o que nos permite sobreviver. Nossa mente é rápida. Fomos programados para detectar padrões e reagir a oportunidades e ameaças sem muita hesitação. (...) O problema, afirma Poggio, é que esses instintos evolutivos às vezes nos levam a detectar padrões quando, na verdade, eles não existem. "As pessoas vem fazendo isso o tempo todo", explicou Poggio. "Encontrando padrões em ruídos aleatórios". (...) Alvin Toffler, no livro Choque do futuro, de 1970, previu algumas consequências do que chamou de "sobrecarga de informação". Em sua opinião, nosso mecanismo de defesa seria simplificar o mundo de maneiras que confirmassem nossas tendenciosidades, mesmo que o mundo em si estivesse se tornando mais diverso e mais complexo.

Nate Silver (O Sinal e o Ruído; págs: 19 e 20)

1 de outubro de 2021

EXPRESSÃO ARTÍSTICA

Em seu clássico ensaio sobre a expressão artística, Tolstoi afirma que a arte é um meio de comunicação pelo qual as pessoas transmitem sentimentos umas às outras:

A ação da arte consiste em despertar um sentimento já experimentado e ao fazer isso transmitir esse sentimento através de movimentos, cores, sons, imagens, palavras, de tal forma que os outros experimentem o mesmo sentimento. A arte é a atividade humana em que uma pessoa, conscientemente, através de certos sinais exteriores, comunica aos outros sentimentos vivenciados por ela, de tal modo que este se contagiem e vivenciem os mesmos sentimentos. (TOLSTOI, 2011, p.97)

Para Tolstoi, esse "contágio" é inerente à arte e, quanto mais forte, melhor é a obra. O grau desse contágio depende, entre outros dois fatores (singularidade do sentimento e sinceridade do artista), da maior ou menor clareza da transmissão do sentimento. Tolstói (2001, p. 102) afirma que "[...] o receptor fica mais satisfeito à medida que se torna mais claramente expresso o sentimento que, conforme lhe parece, ele já experimenta e conhece há muito tempo, e para o qual só agora encontrou uma expressão".

João Anzanello Carrascoza (Estratégias Criativas da Publicidade; págs: 42 e 43)