28 de novembro de 2013

HYPE-CYCLE

"Depois do período de decepção, cada tecnologia acaba alcançando o seu real papel no espectro tecnológico - sem ser solução para tudo, mas tendo sua finalidade específica - e, nesse momento de maturidade, alcança sua real importância no cenário mercadológico."

Martha Gabriel (Marketing na Era Digital; pág: 116)

A INTERNET DAS COISAS

Os termos web 1.0, 2.0 e 3.0 estão mais relacionados à mudança no comportamento dos usuários  web do que as tecnologias que proporcionaram essas mudanças.

A web 1.0 é a web estática, onde as pessoas apenas navegam e consomem informações. A web 2.0 é a web da participação, onde as pessoas usam a web como plataforma para todo tipo de interação: blogs, videos, fotos, redes sociais. A web 2.0 é o que chamamos de computação em nuvem - os aplicativos (como GMail, redes sociais, etc.) ficam na internet (nuvem de computadores) acessados por meio de computadores com conexão on-line. Hoje, a predominância de informações na web é documentada. Em breve, devido aos sensores do tipo RFID e as tags como os QRcodes, qualquer coisa poderá fazer parte da internet, não apenas documentos. Assim, pessoas, animais, objetos, lugares ou absolutamente qualquer coisa mesmo poderá ser parte da web.

Passamos da web estática para a web dinâmica. Da web da leitura para a web da participação. Da web uma via para a web de duas mãos. Da web de páginas para a web como plataforma. Da web de reação para a web de participação. Da web discurso para a web conversação. E estamos caminhando para a web da interação, a web semântica, a internet das coisas.

Martha Gabriel (Marketing na Era Digital; págs: 78 e 79)

20 de novembro de 2013

JORNALISMO É PARTE DA DEMOCRACIA

Nós temos a grande responsabilidade de informar ao público para que eles sejam cidadãos com mais conhecimento e possam tomar decisões de forma mais inteligente. (...) Devemos apenas "somar luzes" que iluminem o público e deixá-lo decidir o que fazer com a informação que recebe. Nossa responsabilidade é traduzir os fatos para que o público os entenda de uma maneira mais fácil. (...) Jornalismo é parte da democracia. (...) Prestamos um serviço público para que os cidadãos entendam a condição humana  localmente, nacionalmente e internacionalmente. (...) O "novo" jornalismo não é jornalismo. É opinião. Se colocam opinião em uma notícia, não é jornalismo.

Bonnie Anderson

"MINTAM POR MISERICÓRDIA!" (NELSON RODRIGUES)

As mentiras, ao contrário do que se apregoa, não são todas iguais. Existe mentira de todo tipo: inescrupulosa, malvada, perniciosa, pecaminosa, ingênua. Não se deve esquecer as inofensivas e até as nobres. O que dizer das mentirinhas amorosas? Aquelas que nascem de lábios apaixonados? Quando o namorado sussurra, seu chamego se colore de um encarnado libidinoso. Em nome do amor, toda e qualquer frase tem força de transformar-se em uma declaração arrebatadora. Esses arroubos não seriam mentira? Não há como condenar um pai, que mesmo ansioso por descanso, finja disposto a brincar com os filhos. Quem acusa a mãe que lê uma historinha e faz de conta que acreditou nas fadas?

As mentiras que nascem do zêlo também não merecem desprezo. Se ela pergunta: Engordei? Homem nenhum pode responder com absoluta honestidade. Um lânguido nem tanto é o máximo que deve ousar. Verdade é virtude que não sobrevive sozinha. Toda verdade tem de vir precedida pela graça. Os absolutamente sinceros são na maioria das vezes intoleráveis. Toda sinceridade carece da graça porque nela o amor se sobrepõe à retidão. Quem ama não teme ser rotulado como inconstante. Misericórdia encobre. O intuito de proteger patrocina um tipo de mentira: a incoerência.  Há um provérbio bíblico, inclusive, que não condena esse jeito de encobrir os fatos: O ódio espalha dissensão, mas o amor esconde os pecados (10.12).

Quem se oporia a certas mentiras médicas? Quem não se valeu delas? Ainda não vai ser desta vez afirma o mais criterioso médico diante do paciente com um diagnóstico terminal. No corredor do hospital, os parentes combinam entre si ao saberem do veredito: Vamos entrar no quarto, mas nada de choro; temos que manter uma atitude otimista para não abatê-lo mais. Todos disfarçam e a mentira alivia o ambiente. Os sorrisos ensaiados e as conversas amenas não passam de eufemismo. Pura hipocrisia. Uma farsa caridosa, todavia.

Que tal as mentiras poéticas? Os poetas mais exímios mentem. Transformam sentimentos banais em amor inflamado. Realçam a força dos substantivos com adjetivos precisos. Valem-se das hipérboles para descrever as paixões. Inflamam os romances com floreios insinuantes. A poesia tem força de transformar o rei amante em escravo e a donzela amada em rainha. Fernando Pessoa foi feliz ao constatar: Todo poeta é um fingidor. Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. O poeta nem sempre se dá conta de que sua malicia enriquece a vida.

A Bíblia relata as mentiras de vários heróis sem censurá-los. Jacó ganhou uma primogenitura enganando o pai (Gn. 27). Tamar, uma das ancestrais de Jesus, conseguiu engravidar se travestindo de prostituta para engodar Judá (Gn 38). José ludibriou a família como estratégia para não revelar imediatamente a identidade (Gn42). O rei Davi se fez de doido como meio de escapar do ódio de Aquis, rei de Gate (1Sm 21). Rute passou a perna em Boaz, salvou-se e garantiu a genealogia do Messias (Rt 3).

Lógico, impossível defender o dolo, a injúria, a impostura. Certamente o mentiroso não tem lugar na roda dos justos. Tanto o farsante, como o hipócrita e o maldoso que gagueja merecem o fim dos ímpios. Contudo, não há como negar: a humanidade não sobreviveria sem o recurso da mentira.

Menos farisaísmo, por favor!

15 de novembro de 2013

NOS PORTÕES DA FÉ

No princípio – disse rabi Jochanam – você reza por prosperidade, esperando que todos os desejos sejam realizados. Depois de algum tempo você passa a rezar para ser feliz, porque percebe que a felicidade não tem qualquer relação com a realização de desejos. Você passa então a rezar pela felicidade dos outros, porque percebe o quanto a vulnerabilidade dos outros o deixa vulnerável. Mais tarde você passa a rezar por coragem, porque entende que a felicidade talvez não faça bem a ninguém. Por último você para de rezar, porque compreende que a única coragem que conta é a que diz respeito apenas a você. Neste ponto você chegou aos portões da fé, sem saber o que o espera do outro lado.

– Os santos são os que alcançam esse portão – entendeu rabi Yosef.

– Os santos são os que encontram-no fechado – disse rabi Jochanam.

14 de novembro de 2013

SOCIEDADE DO CONSUMO VS. SOCIEDADE DO RESUMO

Longe de serem diametralmente opostos, são complementares e até consequentes. A revolução industrial aumentou, como nunca, o ritmo produtivo e suas escalas. Esta capacidade reduziu os custos, maximizou os lucros e potencializou os interesses dos donos da produção.

A regra foi: produzir - haverá quem compre.

Óbvio que não acabaria bem. Ainda mais com todos pensando da mesma maneira. As crises começaram a explodir em todo lugar. Afinal, para dar certo, a sociedade precisava mudar seu comportamento. Ao final da crise, o capitalismo estava mais forte do que nunca e encontrara um oponente a altura, seu anteposto: o socialismo. Cada qual partiu em sua jornada de catequização. O capitalismo com seu valor de consumo associado à liberdade. O socialismo nos valores, não de igualdade, mas do poder nas mãos das classes menos favorecidas. O resto é história.

O valor de consumo ganhou ainda mais força depois da Segunda Guerra. Já não era o capitalismo que era pregado pelo mundo, mas o “american way of life”. A liberdade mais do que nunca associada à liberdade de consumo, áreas como marketing e branding, que sequer existiam pouco antes, tinham total importância para as empresas: agregar valor ao consumo. Assim, o consumo passou a ganhar outras associações, além da famigerada liberdade: status, beleza, conquistas, sucesso, satisfação,
felicidade.

Consumir, consumir, consumir. O que era um comportamento, tornou-se valor. Tudo passar a ser “consumível”. Do sanduíche ao amigo. Tornou-se uma necessidade. A boa e velha imprensa já não atendia a demanda insana de leitores que queriam consumir informação. Por isso, os veículos de massa ampliaram suas forças e invadiram o ar. Rádio e TV, de antenas aos satélites. Mesmo assim, parecia pouco para uma sociedade que demonstrava não se satisfazer nunca, mesmo com mais jornais que fora possível um ser humano ler. É mais importante consumir informção e o mundo se encheu de informação por todos os lados.

A regra tornou-se SINTETIZAR.

Marcas resumidas a um desenho ou cor. Cartas chegando instantaneamente na tela. Fotos ganhando muito mais destaques, resumos antes da leitura. Notícias de há pouco, agora. Pobre celulose. Jamais seria capaz de acompanhar consumo tão insano que se alastra como uma praga, infectando tudo, como um parasita que necessita se propagar qualquer que seja a maneira, os memes de Richar Dawkins (O GENE EGOISTA, 1976).

O imprevisto mais previsível nasceu: tanto consumo precisaria sair de alguma forma e o receptor não se satisfazia mais com seu status e transformou-se em emissor. Milhões de blogs explodindo. O consumo ganhou tanto valor social que ser consumido passou a ser um novo valor. Falar para ser consumido. Mais uma vez o parasita mostrava suas garras e pelo excesso dos que queriam ser consumidos. Fernando Pessoa tornaria a regra assim:

Sintetizar é preciso. Viver não.

Jornais reduziram seu volume de textos, ampliaram títulos e fotos, fortaleceram resumos. Blogs se tornaram menores (“ninguém tem tempo para ler muita coisa na internet”) - criou-se uma nova convenção social. De consumo e resumo os jovens se comunicavam de forma cada vez mais dinâmica, celuares em mãos, SMS. A internet cada vez mais móvel. Outdoors, leituras em 5 segundos; banners de internet, interatividade em 3 segundos; Google, uma página em branco buscando em 0,2 segundo; Longos vídeos de 2 minutos. O resultado não poderia ser outro: sintetizar os blogs, tweets. O resumo forçado, limitado a 140 caracteres (um SMS). Pobre iludidos, pensando que venceriam com serviçõs que não limitariam o usuário, mas o usuário QUERIA limites. Havia muita informação sendo produzida e recebida. As “rédeas” funcionavam como um grito de socorro. Resumir para consumir ainda mais.

Em resumo, a próxima regra está cada vez às beiras: uma imagem vale mais que mil palavras.

Muito mais síntese expressa. Este caminho já começou. Buscadores limpos como o Google, mas tornando-se cada vez mais visual. Google Imagens buscando muito mais visualmente, mosaicos. Prepara-se para um futuro ainda mais visual. E só começou.

13 de novembro de 2013

A PERFEITA IMPERFEIÇÃO

A perfeição é um conceito abstrato e relativo, o perfeito pra mim, pode não ser pra outro. Então, se o mundo fosse perfeito pra mim, seria imperfeito pra outro, o que resultaria numa redução drástica - do tamanho que um mundo de uma só pessoa pode ter. Não haveria qualquer divergência ou conflito com o que eu julgasse ser um mundo perfeito. Todo o progresso tecnológico e intelectual seriam assustadoramente reduzidos ao que a ausência da pluralidade podem alcançar. Todos os eventos estariam necessariamente submetidos às minhas expectativas, uma vez que poderiam gerar frustração, caso me surpreendessem negativamente. Não haveriam surpresas e nem novidades, pois já estaria tudo perfeito, não haveria a possibilidade de aprender aquelas coisas que só se aprendem com as frustrações e os riscos. Portanto, no principio, aparentemente, fomos salvos da perfeição sem nem mesmo sabermos que a perfeição consiste em toda essa imperfeição.

Diego Cosmo