31 de janeiro de 2021

É PRECISO SE MANTER VULNERÁVEL

Charles, por outro lado, se mantinha rígido na recusa em reconhecer sua dor. Anne viria a acreditar que esse estoicismo era “corajoso”, mas que era só um ponto de descanso na longa jornada até a recuperação. “É um abrigo, admissível apenas por um curto período de tempo”, ela escreveria anos depois, pensando com clareza a respeito. “No fim, tem-se que dispensar os abrigos e permanecer aberto ao vulnerável. De outro modo, o tecido da cicatriz vai fechar a ferida e nenhum crescimento ocorrerá. Para crescer, para renascer, é preciso se manter vulnerável – aberto para amar, mas também repulsivamente aberto para a possibilidade de mais sofrimento.”

A. Scott Berg (Lindbergh: uma biografia; pág: 396)


Um camundongo vivia deprimido com medo do gato. Um grande mago teve pena dele e o transformou em gato. Então ele passou a ter medo do cachorro e o mago transformou-o em cachorro. Aí ele começou a temer o tigre. O mago, muito paciente, usou seus poderes para transformá-lo em tigre. Ele, então, passou a temer o caçador. O mago, por fim, desistiu e o transformou de novo em rato, dizendo:

- Nada do que eu fizer irá ajudá-lo, porque você jamais entendeu seu crescimento. É melhor voltar a ser quem sempre foi.

Paulo Coelho (Adultério; pág: 125)


Ame qualquer coisa e seu coração será torcido e possivelmente quebrado. Se você quer ter a certeza de mantê-lo intacto você não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em volta com passatempos e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, tranque-lo seguro no caixãono caixão do seu egoísmo, mas naquele caixão, seguro, escuro, imóvel, sem ar, ele vai mudar, não vai ser quebrado; ele vai se tornar inquebrável, impenetrável, irredimívelAmar é ser vulnerável...

C.S. Lewis


A palavra coragem é interessante. Ela vem da raiz latina - cor, que significa "coração". Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. E os fracos, somente os fracos, vivem com a cabeça; receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica. Com medo, fecham todas as janelas e portas - com teologia, conceitos, palavras, teorias - e do lado de dentro dessas portas e janelas, eles se escondem. O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. E só os covardes podem evitar o perigo - mas aí já estão mortos. A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula - ela é astuta. O coração nunca calcula nada. 

Osho

A ÚLTIMA FRONTEIRA DA CIÊNCIA

Todas as perguntas algum dia foram espirituais. Desde o princípio dos tempos, a espiritualidade e a religião preencheram as lacunas que a ciência não compreendia. O nascer e o pôr do Sol eram outrora atribuídos a Helios e sua carruagem de fogo. Terremotos e maremotos deviam-se à ira de Poseidon. A ciência provou que esses deuses eram falsos ídolos. Logo será provado que todos os deuses são falsos ídolos. A ciência acabou fornecendo respostas para quase todas as perguntas que o homem pode fazer. Restam apenas algumas poucas, que são as esotéricas. De onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Qual o sentido da vida e do universo?

Dan Brown (Anjos e Demônios; pág: 31)


O que estava em questão era se a psique humana seria ou não meramente um computador biológico, um aparelho químico. Se pensar, produzir idéias, sentir medo, amar, odiar, sonhar, ousar, recuar eram ou não apenas frutos do metabolismo cerebral. Se o ser humano possuía ou não um espírito, um mundo psicológico que ultrapassava os limites da lógica e das reações bioquímicas. Estava em jogo o eterno debate sobre quem somos e o que somos. Estava em pauta a última fronteira da ciência.

Augusto Cury (O Futuro da Humanidade; pág: 173)


Levamos uma alma que não conhecemos e somos levados por ela. Quando o enigma se ergue sobre duas patas sem ter sido solucionado, é que chegou a nossa vez. Quando as imagens sonhadas beliscam o próprio braço sem acordar, somos nós. Porque somos o enigma que ninguém sabe resolver. Somos o conto encerrado em sua própria imagem. Somos os que andamos sem parar e nunca chegamos à claridade.

Jostein Gaarder (Maya; pág: 64)

IGREJA SEXISTA

Os poderosos dos primórdios da Igreja Católica “traíram” o mundo, propagando mentiras que desvalorizavam o feminino, fazendo a balança pender para o lado masculino. (...) O Priorado acredita que Constantino e seus sucessores do sexo masculino conseguiram converter o mundo do paganismo matriarcal para o cristianismo patriarcal através de uma campanha de demonização do sagrado feminino, eliminando a deusa da religião moderna para sempre. (...) Ninguém podia negar o enorme bem que a Igreja moderna fazia ao mundo perturbado de hoje, e mesmo assim a Igreja tinha uma história maculada e violenta. Sua cruzada brutal para “reeducar” os adeptos de religiões pagãs e adoradoras de deidades femininas durou três séculos, empregando métodos ao mesmo tempo inventivos e hediondos. A Inquisição católica publicou o livro que se pode considerar o mais sangrento da história da humanidade. O Malleus Maleficarum – ou o Martelo das Feiticeiras – doutrinava o mundo contra os “perigos das mulheres de pensamento liberal” e instruía o clero sobre a forma de localizar, torturar e destruir essas mulheres. As pessoas consideradas “bruxas” pela Igreja incluíam todas as professoras, sacerdotisas, ciganas, místicas, amantes da natureza, coletoras de ervas e qualquer mulher “que fosse suspeita de sintonizar-se com o mundo natural”. As parteiras também eram perseguidas e mortas por sua prática herética do uso do conhecimento médico para evitar as dores do parto – um sofrimento, segundo a Igreja, que era a punição justa por Eva ter dividido o Fruto da Árvore do Conhecimento, gerando assim a idéia do Pecado Original. Durante 300 anos de caça às bruxas, a Igreja queimou na fogueira a quantidade impressionante de cinco milhões de mulheres. A propaganda e o massacre haviam funcionado. O mundo de hoje é a prova viva disso.

As mulheres, antes veneradas como parte essencial da iluminação espiritual, foram banidas dos templos do mundo. Não há rabinos ortodoxos, padres católicos, nem clérigos islâmicos do sexo feminino. O antes sagrado ato do Hieros Gamos – a união sexual natural entre homem e mulher através da qual cada um se tornava espiritualmente íntegro – foi reinterpretado como algo vergonhoso. Homens santos que antes exigiam união sexual com suas companheiras para comungar com Deus agora temiam seus instintos sexuais como se fossem obra do demônio colaborando com sua cúmplice favorita... a mulher. Nem mesmo a associação da mulher com o lado esquerdo pôde escapar à difamação da Igreja. Na França e na Itália, as palavras que correspondiam a “esquerdo” – gauche e sinistra – passaram a ter significados altamente pejorativos, ao passo que as palavras designativas do lado direito passavam a idéia de justiça, destreza e correção. Até hoje, o pensamento radical é considerado de esquerda e qualquer coisa que seja má é classificada de sinistra. A época da deusa terminou. O pêndulo havia mudado. A Mãe Terra tornou-se um mundo de seres masculinos, e os deuses da destruição e da guerra dividiram os despojos. O ego masculino passou dois milênios espalhando terror sem ser detido pela sua contrapartida feminina. O Priorado de Sião achava que essa obliteração do sagrado feminino na vida moderna havia causado o que a tribo hopi americana chamava de koyanisquatsi – a “vida desequilibrada”, uma situação marcada por guerras movidas a testosterona, uma infinidade de sociedades misóginas e um desrespeito crescente à Mãe Terra.

Dan Brown (O Código Da Vinci; págs: 102 e 103)

26 de janeiro de 2021

ESCASSEZ E EXCLUSIVIDADE

 

 
 
Escassez e exclusividade para fazer os clientes sentirem-se privilegiados. (...) Escassez tem a ver com o quanto se oferece de alguma coisa. Coisas escassas estão menos disponíveis devido à alta demanda, produção limitada ou restrições de tempo ou local para que você possa adquiri-las. (...) Mas exclusividade não tem a ver apenas com dinheiro ou celebridade. Também tem a ver com conhecimento: saber determinada informação ou estar conectado com pessoas que sabem. (...) Escassez e exclusividade ajudam os produtos a pegar por torná-los mais desejáveis. Se algo é difícil de obter, as pessoas presumem que deve valer o esforço. Se algo está indisponível ou acabou, as pessoas com frequência deduzem que muitos gostam daquilo e, portanto, deve ser muito bom. (...) Escassez e exclusividade impulsionam o boca a boca por fazer as pessoas se sentirem privilegiadas. Se conseguem algo que nem todos os outros têm, isso faz com que se sintam especiais, únicas, por cima. E devido a isso não só vão gostar mais do seu produto ou serviço, mas vão falar para os outros. Por que? Porque falar para os outros vai render uma boa impressão para elas mesmas. Ter conhecimento privilegiado é moeda social. Quando as pessoas que esperaram horas na fila enfim conseguem aquela novidade tecnológica, uma das primeiras coisas que fazem é mostrar para os outros. (...) Usar a escassez e a exclusividade no início e mais adiante afrouxar as restrições é uma maneira particularmente boa de aumentar a demanda. (...) Observe que dificultar o acesso é diferente de impossibilitá-lo. (...) As pessoas estão acostumadas a obter o que querem e, se ouvem “não” em excesso, podem ir para outro lugar. (...) Jim Meehan trata desse problema de maneira explícita, instruindo sua equipe para, caso seja necessário dizer “não”, tentar achar um jeito de dizer “não, mas”. Tipo: “Não, infelizmente estamos lotados para as 20h30, mas que tal 23h?”, ou, “Não, não temos a marca X, mas temos a Y, gostaria de experimentar?”. Ao administrar a decepção, mantém-se o fascínio, ao mesmo tempo que se mantém a satisfação do cliente.

Jonah Berger (Contágio; págs: 59, 60 e 61)

20 de janeiro de 2021

CONTÁGIO EMOCIONAL

Durante um estudo realizado por pesquisadores da empresa [Facebook] em parceria com pesquisadores da Universidade de Cornell, em janeiro de 2012, as postagens recebidas por 689 mil usuários em seus News Feed foram modificadas. O objetivo era descobrir se as emoções dos amigos destes usuários, expressadas em seus posts na rede social, influenciava o humor daqueles que as liam, causando uma espécie de “contágio emocional”, mesmo à distância (KRAMER; GUILLORY, HANCOCK, 2014). Dois grupos foram separados. Enquanto um tinha postagens com palavras positivas como “amo” e “legal” filtradas e retiradas de seus News Feed, o outro grupo deixava de receber postagens com palavras negativas como “ferido” e “nojento”. O estudo mostrou que pessoas que recebiam menos postagens positivas também acabavam postando menos mensagens positivas em suas próprias redes, confirmando a hipótese de que os usuários ficam menos felizes após serem impactados por esse conjunto de mensagens com poucas palavras positivas.

Nenhum dos 689 mil usuários foi informado que estava participando de um estudo. A justificativa legal do Facebook é a de que ao assinar os termos de uso da plataforma, todos os usuários aceitam participar de pesquisas e ter seus dados analisados. Contudo, muitos pesquisadores apontaram que esse não é o consentimento informado exigido pela The Federal Policy for the Protection of Human Subjects, recurso ético e legal exigido ao realizar pesquisas com sujeitos humanos (BOOTH, 2014).

Joyce Souza, Rodolfo Avelino e Sérgio Amadeu da Silveira (org.) (A Sociedade de Controle - Manipulação e Modulação nas Redes Digitais; págs: 62 e 63)

ESCASSEZ CRÔNICA

Na prática, as necessidades da população são sempre subestimadas, verificando-se dessa maneira uma escassez crônica de metade dos artigos necessários à vida; isso, porém, é visto como uma vantagem. É política deliberada manter até mesmo os grupos favorecidos no limite da penúria, uma vez que um estado geral de escassez reforça a importância de pequenos privilégios e assim torna mais marcada a diferença entre um grupo e outro. De acordo com os padrões do início do século xx, mesmo um membro do Núcleo do Partido leva uma vida austera e laboriosa. Ainda assim, os poucos luxos de que usufrui - seu amplo apartamento bem equipado, a textura melhor de suas roupas, a melhor qualidade do que come, bebe e fuma, seus dois ou três empregados, seu carro ou helicóptero particular - colocam-no num mundo bem diferente daquele onde vivem os membros do Partido Exterior, e os membros do Partido Exterior ostentam vantagens similar em relação às massas indistintas a que chamamos “proletas”. A atmosfera social é a de uma cidade sitiada, onde a posse de um naco de carne de cavalo faz a diferença entre riqueza e pobreza.

George Orwell (1984; pág: 227)

19 de janeiro de 2021

INTENÇÃO

Como o homem é um ser racional e está continuamente à procura da felicidade, que espera alcançar para a satisfação de alguma paixão ou afeição, raramente age, pensa ou fala sem propósito ou intenção. Sempre tem algum objeto em vista: embora às vezes sejam inadequados os meios que escolhe para alcançar seu fim, jamais o perde de vista e nem desperdiça seus pensamentos ou reflexões quando não espera obter nenhuma satisfação deles.

David Hume (Investigação Acerca do Entendimento Humano; pág: 41)

UMA BREVE HISTÓRIA DO SISTEMA BANCÁRIO SUÍÇO

 

Gostaria que o senhor me concedesse a oportunidade de dar-lhe uma pequena aula sobre a história bancária suíça. (...) Toda essa noção de contas numeradas é de alguma forma enganosa. Apesar de ser verdade que todos os bancos suíços oferecem a seus clientes essa opção, como uma forma de manter-lhes a privacidade, cada conta é ligada a um nome, que é mantido registrado no banco. (...) Muitos anos atrás, antes da Segunda Guerra Mundial, não era assim que funcionava. Naquela época, era uma prática comum entre banqueiros suíços abrir uma conta sem um nome ligado a ela. Tudo era baseado em relações pessoais e um aperto de mãos. Muitas dessas contas eram mantidas no nome de corporações. Mas, ao contrário das corporações nos Estados Unidos, essas eram corporações de portadores, as quais, mais uma vez, não tinham nenhum nome ligado a elas. Em outras palavras, quem quer que fosse o portador dos certificados físicos de ações da corporação seria considerado o proprietário legal.

Mas então veio Adolf Hitler e os desprezíveis nazistas. (...) Antes de Hitler conseguir varrer a Europa, juntar seis milhões de judeus e exterminá-los nas câmeras de gás, muitos conseguiram transferir seu dinheiro para a Suíça. No começo dos anos 1930, eles perceberam o que estava por vir quando os nazistas estavam chegando ao poder. Mas esconder o dinheiro provara ser bem mais fácil do que se esconder. Praticamente todos os países europeus, com exceção da Dinamarca, negaram asilo a milhões de judeus desesperados. A maioria desses países fechara acordos secretos com Hitler, aceitando entregar suas populações judias se Hitler concordasse em não os atacar. Foram acordos que Hitler rapidamente renegou, assim que teve todos os judeus enfiados com segurança em campos de concentração. E quando nação após nação era derrotada pelos nazistas, os judeus não tinham mais onde se esconder. A ironia disso tudo era que a Suíça fora tão rápida em aceitar o dinheiro judeu quanto relutante em aceitar as almas judias.

Depois que os nazistas foram finalmente derrotados, muitas das crianças sobreviventes vieram à Suíça em busca das contas bancárias secretas de suas famílias. Mas não havia como provar que tinham direito a elas. Afinal de contas, não havia nomes ligados à contas, apenas números. A não ser que as crianças sobreviventes soubessem exatamente em que banco seus pais haviam guardado o dinheiro e precisamente com qual banqueiro fizeram negócios, não tinha como eles requisitarem o dinheiro. Até aquele dia, bilhões e bilhões de dóalres ainda não haviam sido sacados. (...) Apenas os mais nobres banqueiros suíços tiveram a dignidade de garantir que os herdeiros corretos recebessem o que lhes fora deixado. E em Zurique - que estava cheia de chucrutes do caralho - seria quase impossível encontrar amigos dos judeus. (...) A natureza humana era a natureza humana. E todo aquele dinheiro judeu ficara perdido para sempre, absolvido pelo próprio sistema bancário suíço, enriquecendo esse minúsculo país de forma sem igual, o que provavelmente era a razão de não haver mendigos na rua.

Jordan Belfort (O Lobo de Wall Street; págs: 143 e 144)

14 de janeiro de 2021

O CAPITAL

O capital não é uma coisa, mas um processo em que o dinheiro é perpetuamente enviado em busca de mais dinheiro. Os capitalistas - aqueles que põem esse processo em movimento - assumem identidades muito diferentes. Os capitalistas financistas se preocupam em ganhar mais dinheiro emprestando a outras pessoas em troca de juros. Os capitalistas comerciantes compram barato e vendem caro. Os proprietários cobram aluguéis porque a terra em os imóveis que possuem são recursos escassos. Os rentistas ganham dinheiro com royalties e direitos de propriedade intelectual. Comerciantes de bens trocam título (por ações e participações, por exemplo), dívidas e contratos (incluindo seguros) por um lucro. Até mesmo o Estado pode atuar como um capitalista, por exemplo quando usa as receitas fiscais para investir em infraestruturas que estimulem o crescimento e gerem mais receitas em impostos.

David Harvey (O Enigma do Capital; pág: 40)

11 de janeiro de 2021

LAVAGEM DE DINHEIRO

 

Os manuais do ramo notam que a lavagem de dinheiro têm três fases: colocação, cobertura e integração. Na primeira, é preciso reduzir a visibilidade do dinheiro do crime, fracionando-o e convertendo-o em outros valores por meio do sistema financeiro, bancos, bolsas de valores e casas de câmbio. É remetido para fora do país, transformado em cheques administrativos, mercadorias e empresas. Em um segundo momento, pratica-se uma cascata de operações financeiras intensas, complexas e rápidas, da qual participam pessoas físicas e jurídicas e paraísos fiscais. O propósito é afastar o máximo o dinheiro de sua procedência real. Tudo culmina, na terceira etapa, com o retorno do dinheiro ao circuito financeiro normal. Removido de suas impurezas, ganha o status de capital lícito, servindo para compra de bens e constituição de empresas. As offshores servem de ferramenta nos três estágios. Permitem as remessas ilegais ao exterior por meio de uma rede de doleiros e depois atuam na camuflagem e na limpeza por intermédio de operações de repatriamento de dinheiro.

Amaury Ribeiro Jr. (A Privataria Tucana; pág: 55)

QUEM GUARDARÁ OS GUARDIÕES?

 

Algumas vezes é preciso perturbar a paz de todos para garantir que vamos descobrir as laranjas podres em meio às boas. Acho que muitos cidadãos ficariam felizes em sacrificar um pouco de sua privacidade para saber que os “vilões” não podem agir livremente. (...) Mais cedo ou mais tarde (...) os cidadãos dessa nação terão que decidir em quem confiar. Há muitas coisas boas por aí, mas há também muitas coisas ruins misturadas. Alguém precisa ter acesso a tudo isso para poder separar aquilo que está certo do que está errado. (...) Há um frágil portal separando a democracia da anarquia. (...) “Quem guardará os guardiões?”

Dan Brown (Fortaleza Digital; pág: 106)