Uma das reclamações mais frequentes de quem estuda e trabalha com pesquisa e inovação é a dificuldade de se concentrar, ter ânimo para fazer o que não gosta e manter o foco. Isso tem se agravado mais ainda com a instantaneidade dos meios de comunicação e com o bombardeio de informações que recebemos diariamente, especialmente com o grande número e a facilidade de acesso às redes sociais. Conhecer mais sobre formas e técnicas de aprendizado é fundamental para quem procura estudar e trabalhar de forma mais eficiente e eficaz, especialmente quando o volume de conteúdo é grande ou quando se trabalha com inovação. Uma das principais lições para quem quer aprender algo novo e/ou complexo é a de que o conhecimento é construído passo a passo, é preciso caminhar e praticar gradualmente para dominar determinada habilidade ou competência. Sem levar isso em consideração, o processo de aprendizado poderá ser frustrante, especialmente quando não se consegue obter resultados rápidos, o que geralmente acontece com quem estuda para concursos e não se sai bem nas primeiras provas.
Um dos problemas mais enfrentados pela nossa geração é a procrastinação. Procrastinar não necessariamente é uma falha de caráter como muitos podem pensar, mas é algo que tem uma origem psicológica forte. Quando vemos algo que realmente não queremos fazer, ativamos áreas do nosso cérebro associadas a dor. O cérebro, naturalmente, busca uma maneira de parar essa estimulação negativa mudando nossa atenção para algo diferente (não é à toa que, às vezes, organizar a escrivaninha de diversas formas antes de começar a estudar parece muito mais interesse do que realmente começar a estudar). O que os neurocientistas vêm percebendo, contudo, é que, quando começamos a fazer aquilo que ela a priori não queríamos, mas precisamos fazer, geralmente aquele desconforto desaparece.
Uma das formas de trabalhar para superar a procrastinação é se valer de um método que ficou conhecido como “Técnica Pomodoro”, criado por Francesco Cirillo na década de 1980. Pomodoro é uma palavra italiana que significa tomate e foi usada porque o cronometro utilizado pelo criador se assemelhava a um tomate. O que essa técnica propõe ao usuário é marcar um tempo, desligar-se de todas as interrupções (celular, Internet, televisão e tudo o mais que possa servir como distração da meta), e focar no que realmente se quer/precisa fazer. Ao finalizar o período de tempo proposto, é necessário se dar uma pequena recompensa (alguns minutos na Internet, um lanche, uma conversa, uma música, um momento sem fazer nada), permitindo ao cérebro desfrutar uma momentânea mudança de foco. A utilização da Técnica Pomodoro é realmente efetiva e o tempo de “trabalho/estudo focado” pode variar de acordo com a capacidade de concentração. Como sugestão, trabalhar com blocos de 30 a 50 minutos de foco combinados com 5 a 10 minutos de descanso é uma ótima forma de começar.
Assim, preparar-se para estudar ininterruptamente por 50 minutos e se dar 10 minutos de descanso é uma ótima forma de utilizar blocos de tempo focado em aprendizado. Não é à toa que a maioria das escolas trabalha com tempos de aula baseados em 50 minutos, já que esse é considerando um tempo satisfatório para manter o cérebro focado no aprendizado de algo. O erro de muitas escolas, contudo, é não permitir ao estudante ter uma breve pausa após esses 50 minutos, já que a maioria emenda uma aula após a outra, causando cansaço e estresse mental. Trabalhar com blocos de tempo é uma das melhores maneiras de se tornar produtivo, já que a quantidade de tempo dedicada à determinada atividade se torna facilmente aferível e, o melhor, garante que o trabalho foi feito sem perder o foco.
Outro pronto fundamental para melhorar a eficiência do aprendizado é praticar as ideias e os conceitos que diariamente aprendemos, de forma a contribuir para o aumento e o fortalecimento das conexões neurais feitas durante o processo de aprendizado. Quando começamos a entender algo, por exemplo, um padrão neural é criado e passa a existir no cérebro, mas de forma muito fraca. Quando repassamos o que foi estudado sem cortar caminho (ou seja, rever o assunto sem fazer grandes cortes), aquele padrão neural começa a se aprofundar. Em seguida, quando começamos a ter mais segurança sobre o tema e conseguimos repassá-lo de forma completa e concisa na nossa mente sem precisar rever tudo o que foi estudado, somado à realização de exercícios sobre o tema, o padrão neural, então, se torna permanente, permitindo que o cérebro acesse a informação com mais facilidade quando ela for necessária.
Por isso, quando se está aprendendo, é preciso estudar/trabalhar de forma focada e intensa por um período de tempo, desligando-se de todas as distrações. A dedicação deve ser sincera e aferível. Depois, é preciso ter uma pausa ou pelo menos uma mudança de foco temporária para algo diferente daquilo que estava sendo. Durante esse tempo de aparente relaxamento, o cérebro terá a chance de trabalhar em plano de fundo e ajudar na concepção do que precisa ser entendimento.
Algum tempo depois será necessário voltar a revisar o assunto estudado, fazendo uma recapitulação rápida/resumida do que foi visto, puxando pela memória as principais ideias e temas estudados, e, principalmente, testando o que foi aprendido com exercícios. Isso permitirá que o cérebro naturalmente considere aquelas ideias relevantes e aprofunde ainda mais o padrão neural criado. Ou seja, revisar o que é importante é fundamental para criar uma linha de conexão mais rápida a determinado conhecimento. Essa revisão, contudo, não deve ser feita em curtos espaços de tempo, mas de forma espaçada de acordo com o tempo que se tem para aprender algo com qualidade. Assim, é melhor estudar um tema 2 horas por dia e 3 dias por semana do que estudar esse mesmo tema 6 horas em 1 dia. Dividir o que precisa ser aprendido em uma escala de tempo pausada é uma das melhores formas de permitir que seu cérebro “acomode” o que foi aprendido. Revisar periodicamente um assunto importante é de suma importância.
Em terceiro lugar, é importante dormir.
Pode ser surpreendente, mas o simples fato de estarmos acordados faz com que nosso cérebro produza resíduos tóxicos. E como o cérebro se livra disso? Enquanto dormimos. Sim, enquanto dormimos a atividade cerebral diminui e as células do nosso cérebro encolhem, o que aumenta o espaço entre elas, permitindo que os fluidos cerebrais fluam entre esses espaços e levem as toxinas. Então, dormir, o que para alguns (e eu me incluo aqui algumas vezes) parece uma grande perda de tempo, na verdade é o modo como o cérebro se mantém limpo e saudável. Dormir pouco uma vez ou outra não afetará de forma substancial a performance de aprendizado, mas não ter períodos regulares de sono por muito tempo fará com que o cérebro mantenha acumuladas toxinas que o impedirão de raciocinar com clareza e aprender com eficiência.
Dormir faz mais do que simplesmente se livrar de algumas toxinas. De fato, descansar é parte fundamental do processo de aprendizado e memorização. Enquanto dormimos, nosso cérebro liga as ideias e os conceitos sobre os quais pensamos e aprendemos, apagando as partes menos importantes da memória recente e simultaneamente fortificando áreas que precisamos ou queremos lembrar. Durante o sono, o cérebro repete algumas das partes mais difíceis do que quer que estejamos tentando aprender, passando e repassando os padrões neurais recentemente formados na tentativa de aprofundá-los e fortificá-los.
Dormir também faz uma grande diferença na capacidade de resolver problemas difíceis e compreender o que estamos tentando aprender. Isso acontece porque com o cérebro relaxado, torna-se mais fácil flexibilizar os conceitos aprendidos e juntar padrões neurais diferentes para buscar a solução para as dificuldades de aprendizado. É por isso que problemas aparentemente complexos ou insolúveis se tornam mais claros e acessíveis após um período de sono, quando o cérebro, anteriormente frustrado com a dificuldade de resolução, utilizou o tempo de descanso para ligar memórias e conhecimentos aprendidos em prol da resolução de uma questão complexa.
É claro que tudo isso sobre dormir só funciona se houve dedicação para aprender e o trabalho duro tiver sido feito antes de ter o momento de descanso e dormir. Então, nada de ficar buscando desculpas para dormir desenfreadamente, durma de acordo com as necessidades razoáveis de descanso e aproveite para fixar e aprofundar padrões neurais de aprendizado de qualidade. O sono é uma grande ferramenta de aprendizado quando efetivamente nos dedicamos a aprender/criar algo enquanto estávamos acordados e desejamos fixar na memória.
Por isso, mesmo quem pensa sobre algo que estudou ou aprendeu ao longo do seu dia antes de ir dormir, tem um aumento nas chances de sonhar com isso. Se formos ainda mais adiante e colocarmos na cabeça que queremos sonhar com aquilo, aumentamos ainda mais as chances de sonhar e pensar sobre tais questões enquanto dormimos. Por isso, quem quer pensar melhor sobre algo complexo e de difícil solução, utilizar o sono pode ser uma boa ferramenta após um dia de trabalhado em cima dessa questão complexa.
Tudo o que foi dito, por óbvio, deve ser adaptado às peculiaridades de cada pessoa, especialmente no que se refere ao ritmo de aprendizado, aos objetivos e à própria superação de limitações pessoais, o que pode exigir tempo e dedicação diferenciadas. Essas ideias são em grande parte aplicáveis para as pessoas que têm uma “rotina” de aprendizado e quer se tornar mais eficiente, focado, metódico e menos procrastinador.
Saber aprender de forma mais eficiente e eficaz não só garante efetividade ao aprendizado e economia de tempo, mas permite-nos explorar da melhor forma nosso potencial cognitivo e nossa capacidade de realizar atividades produtivas com qualidade e celeridade. Quem desejar utilizar dessas técnicas nos estudos ou no trabalho poderá contar com resultados bastante animadores em pouco tempo, especialmente no rendimento das atividades realizadas.
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