4 de novembro de 2022

DANÇA DO COSMO

Everything Everywhere All At Once

Confesso que tenho uma certa inclinação a rir diante do caos, talvez, pela serenidade de me ater apenas ao que é possível - ou não - estar sob controle. Porém, é impossível levar tudo numa ludicidade a todo instante, então, até que o copo venha a quebrar, prefiro encará-lo como meio cheio.. (que brega..). Mas a rigor, só há pó ao redor, o que pode ser incrível, se consiste num lembrete de que não temos tanto a perder; ou, angustiante, se nos coloca diante do abismo. E, "se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você.”. Suspeito que a verdade por trás é que a coisa em si, seja lá o que for - um evento ou um mero objeto -, não é nada. Um absoluto vazio. Assim, o que é real encontra relação apenas com a consciência do olho que ver, não do que é visto; da mão que toca, não do que é tocado. Mais uma vez, tudo aponta que a vida não é lá muita coisa além da forma que você DECIDE experimentá-la.

"A finalidade da vida é uma ação, não uma qualidade. Os homens possuem diferentes qualidades, de acordo com o caráter, mas são felizes ou infelizes de acordo com as ações que praticam." Aristóteles

Diego Cosmo

14 de setembro de 2022

O LIMIAR DA DECISÃO


Duncan Watts, principal cientista de pesquisa no Yahoo! Research, (...) discute como o papel dos influenciadores pode não ser tão importante na divulgação de tendências quanto a estrutura atual de conexões nas networks das pessoas. Sua pesquisa investiga networks de “pessoas” com níveis variáveis de conectividade e diferentes níveis de “suscetibilidade” (por exemplo, qual a probabilidade de elas adotarem uma ideia nova ou experimentar um produto novo). Quando as networks eram fragmentadas e as pessoas não estavam bem conectadas, aqueles que tinham alta conectividade (por exemplo, os influenciadores) provavelmente foram os catalisadores na difusão das ideias. Entretanto, essas tendências permaneceram localizadas se os laços que conectaram diferentes grupos de pessoas eram pouco frequentes ou não existiam - as tendências se espalham, mas apenas entre pequenos grupos de pessoas. Isso pode explicar a natureza localizada e insular das mensagens divulgadas na bolha das mídias sociais, onde indivíduos altamente conectados e influentes podem causar uma explosão de conversas entre seus seguidores, mas que raramente permeiam o modo de pensar dominante.

Nas networks mais conectadas, porém, o impacto de indivíduos altamente conectados é menos significativo. Quando todos são altamente conectados, a influência relativa de uma só pessoa não é tão importante como em networks onde as pessoas têm menos conexões. A razão para esse fato está relacionada com a variável na experimentação que deu a cada pessoa um nível diferente de suscetibilidade para adotar uma ideia nova. Quando as pessoas mudam de ideia sobre um tópico, raramente fazem isso isoladamente ou simplesmente copiam a primeira pessoa de quem elas ouviram a informação. Em vez disso, pode ser necessário um determinado número de pessoas para convencê-las a mudar seu comportamento. Este tipping point, ou “ponto crítico”, é também conhecido como threshold ou o limiar.

São várias pressões que forçam ou encorajam a pessoa a tomar uma decisão. Isso pode ser desde aceitar as pressões sociais de amigos e colegas, até pressões financeiras para adotar as mais novas tecnologias. Mudar de comportamento não é algo tão simples como estar exposto uma vez a uma ideia nova: existe uma combinação de fatores que afeta a pessoa e a fazem mudar a maneira de pensar ou sentir sobre um assunto em especial. O limiar é o ponto no qual o status quo muda. Por exemplo, a água tem um limite de temperatura antes de ferver, você tem um limite no número de cervejas que pode beber antes de precisar ir ao banheiro, ou para o número de trens lotados no metrô que deixa passar de manhã, antes de enfrentá-lo e se espremer dentro dele. Os limiares têm um significado semelhante em relação à tomada de decisão e a criar tendências e normas sociais. (...) Portanto, quanto mais pessoas estiverem conectadas a você, mais pessoas serão necessárias para fazer você mudar de opinião. Essa é a razão porque pessoas altamente conectadas em networks altamente conectadas terão mais dificuldade de influenciar um indivíduo por causa do número de outras pessoas tentando expressar sua opinião. (...)

Os laços sociais são um dos fatores mais importantes na persuasão. O two-step communication model (modelo de comunicação em duas etapas) pressupõe que, enquanto a mídia de massa aumenta a consciência, na realidade, as comunicações interpessoais é que convencem alguém a se adaptar ou mudar de comportamento. Durante o processo de adesão, quando um número suficiente de pessoas muda seu comportamento, portanto influencia sua network, as atividades aleatórias de eventos aparentemente tornam-se mais previsíveis e uma espécie de auto-organização passa a assumir o lugar. Isso ocorre num ponto conhecido como massa crítica da rede, na qual, de repente, o ponto crucial da taxa de adesão alimenta seu próprio crescimento. (...) A massa crítica de uma tendência pode ser encontrada no ponto em que a aceleração da taxa de adesão decresce pela primeira vez. (...) O número total de eventuais adeptos será de cinco a dez vezes o número de pessoas no ponto da massa crítica. (...)

Conhecer os fatores que afetam a decisão de alguém pode ajudar as empresas a planejar suas atividades de comunicação de maneira a reduzir efetivamente os limiares de aceitação dos clientes e, com isso, aumentar a probabilidade de que adotem uma ideia e, assim, gerem ímpeto o bastante para ajudar a instigar uma tendência. Quando as pessoas estão em dúvida se devem ou não comprar um produto, passam por várias fases. Durante o primeiro estágio da compra, quando o consumidor está avaliando diferentes produtos no mercado, há uma oportunidade para as marcas se comunicarem com exemplos de recomendação social. Isso fica mais fácil para as empresas por causa do número crescente de canais que o público geral tem à disposição, nos quais as pessoas podem se comunicar umas com as outras. Um programa de extensão em um blog voltado para o grupo demográfico relevante permitiria que o consumidor visse recomendações de outras pessoas com pensamentos semelhantes ao seu. Tornar os comentários visíveis - como a otimização para mecanismos de busca - faria com que fossem mais facilmente encontrados pelo consumidor.

Em termos de redução do limiar mecânico, uma marca pode aumentar a percepção de que mais pessoas tenham adquirido o produto por publicidade ou por semear histórias na mídia. (...) O valor de risco de compra para o consumidor é reduzido quando é perceptível que mais pessoas adotaram o produto - se as pessoas já testaram o produto, a possibilidade de vir com defeito é menor.

Christer Holloman (MBA das Mídias Sociais; págs: 95, 96, 97, 98, 99, 102 e 103)

9 de setembro de 2022

A MAIOR QUALIDADE DA LINGUAGEM CONSISTE NA CLAREZA

A maior qualidade da linguagem consiste na clareza, sem vulgaridade. (...) Nobre e elevada é a que emprega termos raros. Denomino termos raros os metafóricos, os alongados, e todos os que fogem aos de uso corrente. (...) Expressões, por não pertencer à linguagem usual, conferem nobreza ao estilo. (...) Mais cuidado deve se tomar com o uso de metáforas, uma vez que estas não se aprendem; ao contrário, indicam dom natural; servir de belas metáforas é saber distinguir as semelhanças. (...) A particularidade do enigma é falar coisas certas reunindo termos absurdos, o que não se dá com a combinação de vocábulos correntes e sim com o emprego de metáforas, como em "vi um homem colando bronze no outro, com fogo" e outras construções semelhantes.

Aristóteles (Poética; págs: 65, 66 e 67)

8 de setembro de 2022

A MORALIDADE CONTRA O HOMEM

O monopólio da religião no campo da ética. (...) "Ética" enquanto abstração, o reino dos valores, o código humano do bem e do mal, com as conotações emocionais de altura, elevação, nobreza, reverência, grandiosidade, que dizem respeito ao reino dos valores do homem, mas que a religião usurpou para si, (...) tornou extremamente difícil comunicar o significado emocional e as conotações de uma perspectiva racional da vida. Assim como a religião apossou-se do campo da ética, voltando à moralidade contra o homem, usurpou também os conceitos morais mais elevados da nossa linguagem, colocando-os fora desse mundo e além do alcance do homem. A "exaltação" normalmente é compreendida como um estado emocional causado pela contemplação do sobrenatural. "Adoração" significa a experiência emocional da lealdade e a dedicação a alguma coisa que está acima do homem. "Reverência" significa a emoção de um respeito sagrado, algo que se experimenta quando se está de joelhos. "Sagrado" significa algo superior, e que não deve ser tocado por quaisquer preocupações do homem ou deste mundo. E assim por diante. Tais conceitos, porém, de fato nomeiam emoções existentes, ainda que não exista nenhuma dimensão sobrenatural; e essas emoções são experimentadas como edificantes ou enobrecedoras, sem o rebaixamento do homem exigido pelas definições religiosas. (...) É justo esse nível mais elevado das emoções do homem que deve ser redimido das trevas do misticismo e redirecionado ao seu objeto apropriado: o homem.

Ayn Rand (A Nascente; págs: 11 e 12)

7 de setembro de 2022

ANCORAGENS

Se se transcrevesse a conversa mais solta e mais livre, notar-se-ia imediatamente alguma coisa que a ligou em todas as suas transições. E se este princípio faltasse, quem quebrou o fio da conversa poderia ainda informar-vos que havia secretamente esclarecido em seu espírito uma sucessão de pensamentos, os quais o tinham desviado gradualmente do tema da conversa.

David Hume (Investigação Acerca do Entendimento Humano; págs: 39 e 40)

COMUNICAÇÃO DE EMOÇÕES

As numerosas operações do espírito humano dependem da conexão ou da associação de idéias. (...) As emoções despertadas por um objeto passam facilmente a um outro unido a ele, mas se misturam com dificuldade, ou de nenhum modo, com objetos diferentes e sem nenhuma conexão. Ao introduzir numa composição personagens e ações estranhas umas às outras, um autor imprevidente destrói esta comunicação de emoções, que é o único meio de interessar ao coração e despertar as paixões no grau desejado e no momento apropriado.

David Hume (Investigação Acerca do Entendimento Humano; pág: 47)

6 de setembro de 2022

VONTADE DE ILUSÃO

Vê-se que nesse livro o pessimismo, digamos mais claramente: o niilismo, é tomado como a “verdade”. Mas a verdade não é tomada como critério mais alto de valor, e menos ainda como potência mais alta. A vontade de aparência, de ilusão, de valor, de vir-a-ser e mudar (de engano objetivado), é tomada aqui como mais profunda, mais originária, mais “metafísica” do que a vontade de verdade, de efetividade, de aparência: mesmo esta última é meramente uma forma da vontade de ilusão. Do mesmo modo, o prazer é tomado como mais originário do que a dor: a dor somente como condicionada, como um fenômeno que decorre da vontade de prazer (da vontade de vir-a-ser, crescer, dar forma, isto é, de criar: e no criar está incluído o destruir). É concebido um estado supremo de afirmação da existência, do qual nem mesmo a suprema dor pode ser excluída: o estado trágico-dionisíaco.

Friedrich Nietzsche (A Arte em “O Nascimento da Tragédia”; pág: 50)

5 de setembro de 2022

A HISTÓRIA É UM RELATO TENDENCIOSO

Deduzindo-se que a história sempre é escrita pelos vencedores. Quando duas culturas entram em conflito, o perdedor é obliterado, e o vencedor escreve a história - livros que glorificam a sua própria causa e menosprezam a do inimigo perdedor. Como Napoleão disse certa vez: “O que é história, senão uma fábula sobre a qual todos concordam?” (...) Por sua própria natureza, a história sempre é um relato tendencioso.

Dan Brown (O Código Da Vinci; pág: 209)

27 de agosto de 2022

PARTE DO TECIDO DA VIDA

Os fabricantes de produtos de largo consumo, que sempre foram o fundamento da publicidade, estão gastando hoje duas vezes mais em acordos de descontos do que em publicidade. Eles estão obtendo volume através do desconto de preços, em vez de usar a publicidade para construir marcas fortes. Qualquer maldito idiota pode decidir um desconto de preço, mas é preciso inteligência e perseverança para criar uma marca. (...) Ouçam um discurso que fiz em Chicago, em 1955:

Chegou a hora de soar um alarme para alertar os fabricantes do que acontecerá com suas marcas se eles gastarem tanto em descontos que não sobre dinheiro para que a publicidade construa as suas marcas. Descontos não constroem o tipo de imagem indestrutível, a única coisa que pode tornar a sua marca parte do tecido da vida.

Andrew Ehrenberg, da London Business School, (...) relata que uma oferta de preço reduzido pode levar as pessoas a experimentarem uma marca, mas elas voltam para suas marcas habituais como se nada tivesse acontecido. Por que tantos gerentes de produto são viciados em campanhas de descontos de preços? Porque as pessoas que as empregam estão interessadas apenas nos lucros do próximo trimestre. Por quê? Porque elas estão mais preocupadas com o seu bônus de fim de ano do que com o futuro da sua companhia. (...) Esses simplórios do desconto de preço também têm o vício de cortar o preço dos serviços da sua agência. Clientes que pechincham sobre a remuneração de sua agência estão olhando pelo lado errado do telescópio. Em vez de tentar cortar uns míseros centavos dos 15% das agências, eles deveriam concentrar-se em conseguir melhores resultados de vendas dos 85% que gastam em tempo e em espaço. É lá que está a alavancagem. Nenhum anunciante jamais ficou rico pagando insuficientemente a sua agência. Pague miséria e você receberá miséria.

David Ogilvy (Confissões de um Publicitário; págs: 17, 18 e 19)

2 de agosto de 2022

AS INJÚRIAS DEVEM, POIS, FAZER-SE TODAS DE UMA SÓ VEZ

Ao deitar a mão a um estado, deve o conquistador refletir nas ofensas que precisa de fazer, e fazê-las todas de uma vez para não ter de renová-las todos os dias e poder, não as renovando, tranquilizar os cidadãos, bem como, beneficiando-os, ganhá-los para a sua causa. Quem por timidez ou maus conselhos procede de maneira diferente, parece estar sempre de espada em punho e nunca poderá ter confiança nos seus súditos, já que estes, a seu turno, pela força mesmas das contínuas e sempre recentes injúrias, igualmente nenhuma poderão ter nele. As injúrias devem, pois, fazer-se todas de uma só vez, para que, durando menos, ofendam menos e os benefícios aos poucos, para durarem mais. Cumpre, do mesmo modo, a um príncipe manter com seus súditos relações tais, que nenhum acontecimento bom ou mau faça variá-las. Se assim não for, quando os tempos adversos trouxerem a necessidade imprevista, ele não terá mais tempo para praticar o mal, e o bem que fizer de nada servirá, porque será considerado como uma imposição das circunstâncias e ninguém lho agradecerá.

Nicolau Maquiavel (O Príncipe; págs: 94 e 95)

12 de julho de 2022

USE FILTRO SOLAR

Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: Use filtro solar! Os benefícios a longo prazo do uso de filtro solar estão provados e comprovados pela ciência. Já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria experiência errante. Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês. Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esquece. Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado. Mas pode crer, daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos e perceber de um jeito que você nem desconfia hoje em dia, quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente e como você realmente estava com tudo em cima. Você não está gordo, ou gorda. Não se preocupe com o futuro. Ou, então, preocupe-se, se quiser, mas saiba que preocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra. As encrencas de verdade da sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada e te pegam no ponto fraco às 4 da tarde de um terça-feira modorrenta.

Todo dia, enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade. Cante! Não seja leviano com o coração dos outros. Não ature gente de coração leviano. Use fio dental. Não perca tempo com inveja. Às vezes se está por cima, às vezes por baixo. A peleja é longa e, no fim, é só você contra você mesmo. Não esqueça os elogios que receber. Esqueça as ofensas. Se conseguir isso, me ensine. Guarde as antigas cartas de amor. Jogue fora os extratos bancários velhos. Estique-se. Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam aos 22, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem. Tome bastante cálcio. Seja cuidadoso com os joelhos, você vai sentir falta deles. Talvez você case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos 40, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante. Faça o que fizer, não se auto congratule demais, nem seja severo demais com você. As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo, é assim pra todo mundo.

Desfrute de seu corpo, use-o de toda maneira que puder, mesmo! Não tenha medo do seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele. É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir. Dance! Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto. Leia as instruções, mesmo que não vá segui-las depois. Não leia revistas de beleza, elas só vão fazer você se achar feio! Dedique-se a conhecer os seus pais, é impossível prever quando eles terão ido embora de vez. Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro. Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons. Esforce-se de verdade pra diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida. Porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem. More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer. More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer. Viaje!

Aceite certas verdades inescapáveis: os preços vão subir, os políticos vão saracotear, você, também, vai envelhecer, e quando isso acontecer, você vai fantasiar que quando era jovem os preços eram razoáveis, os políticos eram decentes e as crianças respeitavam os mais velhos. Respeite os mais velhos. E não espere que ninguém segure a sua barra. Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada. Talvez case com um bom partido, mas não esqueça que um dos dois pode de repente acabar. Não mexa demais nos cabelos, senão quando você chegar aos 40, vai aparentar 85. Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os oferecem. Conselho é uma forma de nostalgia. Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale. Mas no filtro solar, acredite!

Wear Sunscreen (DM9DDB)

8 de maio de 2022

A GENTE VAI EMBORA

A GENTE VAI EMBORA e fica tudo aí; os planos a longo prazo e as tarefas de casa, as dívidas com o banco, as parcelas do carro novo que a gente comprou pra ter status.

A GENTE VAI EMBORA sem sequer guardar as comidas na geladeira; tudo apodrece e a roupa fica no varal.

A GENTE VAI EMBORA, se dissolve e some toda a importância que pensávamos que tínhamos; a vida continua, as pessoas superam e seguem suas rotinas normalmente.

A GENTE VAI EMBORA e as brigas, as grosserias e a impaciência, serviram para nos afastar de quem nos trazia felicidade e amor.

A GENTE VAI EMBORA e todos os grandes problemas que achávamos que tínhamos se transformam em um imenso vazio, não existem problemas. Os problemas moram dentro de nós. As coisas têm a importância que colocamos nelas e exercem em nós a influência que permitimos.

A GENTE VAI EMBORA e o mundo continua caótico, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença. Na verdade, não faz. Somos pequenos, porém, prepotentes. Vivemos nos esquecendo de que a morte anda sempre à espreita.

A GENTE VAI EMBORA, pois é. É bem assim: piscou, a vida se vai…O cachorro é doado e se apega aos novos donos. Os viúvos se casam novamente, fazem sexo, andam de mãos dadas e vão ao cinema.

A GENTE VAI EMBORA e somos rapidamente substituídos no cargo que ocupávamos na empresa. As coisas que sequer emprestávamos são doadas, algumas jogadas fora.

Quando a gente menos espera, A GENTE VAI EMBORA. Aliás, quem espera morrer? Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse melhor. Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, talvez a gente comesse a sobremesa antes do almoço. Talvez a gente esperasse menos dos outros. Se a gente esperasse pela morte, talvez perdoasse mais, risse mais, saísse à tarde para ver o mar, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro. Quem sabe, a gente entendesse que não vale a pena se entristecer com as coisas banais, ouvisse mais música e dançasse mesmo sem saber. O tempo voa. A partir do momento que a gente nasce, começa a viagem veloz com destino ao fim – e ainda há aqueles que vivem com pressa! Sem se dar o presente de reparar que cada dia a mais é um dia a menos, porque A GENTE VAI EMBORA o tempo todo, aos poucos e um pouco mais a cada segundo que passa.

O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM O POUCO TEMPO que lhe resta? Que possamos ser cada dia melhores e que saibamos reconhecer o que realmente importa nessa passagem pela Terra. Até porque, A GENTE VAI EMBORA… A GENTE VAI EMBORA.

 Maria Augusta da Silva Caliari

1 de abril de 2022

ENERGIA

- Força de vontade! - retorquiu Arkad. - Bobagem. Você acredita que a força de vontade seja capaz de dar a um homem energia suficiente para erguer um peso que o camelo não pode carregar ou puxar uma carroça que os próprios bois não conseguem levar adiante? A força de vontade não passa de um propósito inflexível para dar conta de uma tarefa a que você mesmo se obrigou. Se eu determinar para mim mesmo uma tarefa, por mais boba que seja, terei de levá-la a cabo. Como poderia de outro modo ter confiança em mim para fazer coisas importantes? Se me dissesse: "Durante cem dias, quando eu cruzar a ponte na cidade, apanharei uma pedra do chão e jogarei dentro do rio", eu o faria. Se no sétimo dia passasse por ali sem me lembrar da resolução tomada, não diria: "Amanhã jogarei duas pedras em vez de uma". Ao contrário, voltaria e atiraria a pedra ao rio. Tampouco seria capaz de me dizer lá pelo vigésimo dia: "Arkad, isso não tem utilidade alguma. Que proveito tem para você atirar uma pedra ao rio todos os dias? Arremesse logo um bom número delas e acabe com isso". Não, também não conseguiria pensar desse modo. Quando me decido por uma tarefa, vou até o fim. Consequentemente, tomo muito cuidado para não começar tarefas difíceis e impraticáveis, porque tenho meu conforto íntimo em alta conta. (...) A riqueza cresce onde quer que os homens empreguem energia.

George S. Clason (O Homem Mais Rico da Babilônia; pág: 32)

31 de março de 2022

AS LEIS QUE GOVERNAM A ACUMULAÇÃO DE RIQUEZA

Você, Arkad, é mais venturoso do que nós. Você se tornou o homem mais rico de toda a Babilônia, enquanto nós lutamos para sobreviver. Pode usar as mais finas roupas e degustar as mais requintadas iguarias, enquanto nós devemos nos dar por satisfeitos se apenas propiciamos à família uma indumentária decente ou a alimentamos da melhor maneira possível. "Contudo, alguma vez fomos iguais. Tivemos o mesmo professor, participamos das mesmas brincadeiras, e nem nos estudos nem nas brincadeiras você se sobressaiu mais do que nós. E nos anos que se seguiram você foi um cidadão tão honrado quanto nós. "Tampouco trabalhou mais duro ou mais assiduamente, pelo menos até onde sabemos. Por que então deveria o caprichoso destino escolhê-lo para gozar de todas as boas coisas da vida e ignorar-nos, a nós que igualmente somos merecedores?"

Após o que Arkad protestou, dizendo:

- Se vocês não adquiriram mais do que uma pobre existência desde os tempos em que éramos jovens, isso se deve a que não conseguiram aprender ou não observaram as leis que governam a acumulação de riqueza. "O 'voluntarioso Destino' é um deus cheio de malícia, que não assegura um bem duradouro para ninguém. Ao contrário, ele traz ruína para quase todo homem sobre quem faz chover ouro não conquistado. Ele produz os gastadores libertinos, que logo dissipam tudo o que recebem e se deixam dominar pelos mais extravagantes apetites, que nem sempre podem satisfazer. Outros ainda, a quem esse caprichoso deus favorece, tornam-se avarentos e entesouram sua riqueza, temendo despender o que têm por saberem que não são capazes de repô-lo. São além disso assediados pelo medo de roubo e acabam construindo para si mesmos uma vida de necessidades e secreta tristeza. "Há provavelmente outros que conseguem dinheiro fácil e o aumentam, sem deixar de se sentirem felizes e abastados cidadãos. Mas são tão poucos que só sei deles por ouvir dizer. Pensem nessas pessoas que de repente se viram herdando uma riqueza e confiram se as coisas não se passam assim."

George S. Clason (O Homem Mais Rico da Babilônia; págs: 23 e 24)

30 de março de 2022

REGRAS DE DAVI

Para jogar pelas regras de Davi você precisa estar desesperado. Precisa ser tão ruim que não tenha outra saída.. Eles sabem que seus times não se encaixam nesse perfil, portanto os jogadores jamais conseguiriam ser convencidos a se esforçar tanto. (...) O esforço pode vencer a habilidade e que as convenções foram feitas para serem desafiadas. Mas os treinadores dos times perdedores não estavam inclinados a ser tão filosóficos assim.

Malcolm Gladwell (Davi e Golias; pág: 38 e 39)

2 de fevereiro de 2022

TRIPÉ DA ANULAÇÃO

Somos, quase todos nós, analfabetos emocionais. Primeiro são os pais, peritos em anular a auto-estima dos filhos e provar que eles não servem para nada; depois a escola, que insiste em mostrar que a criança está lá para se comportar e obedecer e não para desenvolver seus talentos; e, por fim, a religião dá o toque final, castrando nossa felicidade e nos impingindo culpa. Pais, escola e religião formam a base do que chamo de tripé da anulação: um bem-azeitado “sistema de educação” que funciona com tal eficiência e habilidade em produzir pessoas inseguras e frágeis que quase ninguém consegue escapar. (...) Não esqueça que você tem marcado em seu inconsciente (...) um programa de autodestruição que fala alto. Mesmo sem percepção disso, você tende a trabalhar contra suas vitórias, contra você mesmo. (...) A criança veio ao mundo para representar a magnificência do ser humano e para viver com plenitude. É exatamente o que faz nos primeiros meses e anos de sua vida. Mas essa pessoa será paulatinamente destruída no cerne da sua existência. (...) Todo mundo quer ser aceito. O pai, naquele dia, deu atenção ao filho porque estava triste, fez carinho. E a mãe falou: “O que você tem? Está tão tristinho…”. A criança pensa que descobriu a mina e deduz que o negócio é ficar triste. Claro que isso tudo acontece no nível inconsciente. Mas o inconsciente age no consciente sem a percepção do consciente e o que se tem é uma bomba-relógio de efeito tardio que vai minar os seus desígnios de saúde, de sucesso, de alegria de viver. O mais terrível vem quando a criança adoece. Esse é o pior momento para estimulá-la, fazer qualquer tipo de agrado, mas é o que mais acontece. (...) Não podemos fazer festa com estímulos do tipo: “Olhe, hoje você vai assistir televisão até mais tarde, mas só porque está doente, viu?” (...) No afã de fazer de seus filhos os melhores, acabam exigindo demais, exaltando suas falhas, corrigindo sempre seus erros e fracassos e talvez achando que algumas de suas vitórias, como acordar cedo, não faltar à escola, dar conta das tarefas escolares, enfim, fazer as coisas certas, é obrigação deles. Enaltecem somente seus erros e fracassos. E fazem isso com a voz carregada de emoção, de forma áspera, o que gera adrenalina, fixando para sempre o erro e o fracasso em sua memória. (...) Os acertos, quando enaltecidos, são colocados para a criança com calma e equilíbrio, sem provocar o derramamento de adrenalina em sua corrente circulatória - o que marcaria fisiologicamente esses acertos em sua memória.

Nuno Cobra (A Semente da Vitória; págs: 48, 49, 50, 51 e 72)

1 de fevereiro de 2022

O QUE IMPORTA É O QUE VOCÊ PENSA A RESPEITO DE SI PRÓPRIO

Quem programa o cérebro são os órgãos dos sentidos. Nada o atinge sem antes passar pela audição, pela visão, pelo olfato, pelo paladar ou pelo tato. (...) Os órgãos dos sentidos também estão submetidos às emoções, que controlam todas as informações obtidas. (...) Podemos (...) induzir o cérebro a sentir o que quisermos, bastando mentalizar fortemente o que desejamos que aconteça. (...) Um sem-número de vezes isso nos acontece durante o dia no nível inconsciente. É preciso estar mais alerta para fazer o cérebro trabalhar a nosso favor - sabendo que raramente nosso estado mental reflete a chamada realidade, mas, sim, a realidade que criamos a partir das nossas emoções. Por isso nós somos nosso único inimigo! (...) Costumo dizer que nosso cérebro é burro porque age e reage conforme nossas emoções. Quando percebe que estamos felizes, lança na corrente circulatória hormônios de excelente qualidade. Se estamos tristes, lança hormônios de péssima qualidade, provocando mal-estar físico. Então não se deve alimentar raiva nunca. Nem guardar rancor. Por isso deve-se ter muito cuidado com a alimentação mental e com a força negativa dos nossos próprios pensamentos. Se a pessoa não acredita em sua capacidade de se modificar, não conseguirá se ver superando os próprios medos para alcançar seus objetivos. Com isso reforça em sua mente a incapacidade de vencer a si própria. (...) Você só chega até onde acha que pode chegar. (...) Mentalizando a capacidade de realização do que se deseja alcançar. (...) Não podemos esquecer que somos o que pensamos. Se você se pensa vitorioso, você se faz vitorioso. (...) Lembre-se sempre de que a verdade não existe. Nós é que fazemos a nossa verdade. (...) O que importa é o que você pensa a respeito de si próprio, não o que realmente você é. (...) Também é importante saber escolher nossas amizades, aproximar-nos de pessoas positivas, com uma energia boa. Evitar as pessoas negativistas sempre com uma visão horrível da vida, que nos passam insegurança em tudo. (...) O que importa é que você é o responsável por sua saúde, pela sua vida. (...) O cérebro não tem acesso direto ao mundo “real”. Está isolado do mundo, fechado e protegido na caixa craniana. Sabe somente aquilo que sentimos ou pensamos que sentimos.

Nuno Cobra (A Semente da Vitória; págs: 37, 38, 39, 40, 41 e 42)

27 de janeiro de 2022

DEVEMOS ASSUMIR ALGUNS COMPROMISSOS NA VIDA

Um dos direitos mais valiosos, para mim, é poder dizer o que penso e agir como quero. Pretendo fazer isso e sei que causará problemas. E, assim que os problemas chegarem, os políticos vão me abandonar bem depressa [...]. Não tenho a menor intenção de curvar minhas idéias ou meus ideais para estar em conformidade com a plataforma de qualquer partido que seja. Devemos assumir alguns compromissos na vida – isso é parte do viver junto com outros homens -, contudo eles se justificam somente quando o objetivo a ser conquistado tem uma importância maior do que o que se perde ao assumir os compromissos.

A. Scott Berg (Lindbergh – Uma Biografia; pág: 494)

MATAR O INIMIGO

Na questão que envolve matar o inimigo, nossas tropas devem ser levadas à fúria. Para que fique clara a vantagem de derrotar o oponente, devem também ser recompensadas, pois tirar a riqueza do inimigo é de grande valia para manutenção das tropas e deve ser usado como objeto de recompensa, de forma a que todos os soldados tenham um forte desejo coletivo e individual de lutar. Porque, assim como o que estimula os homens a matar é a fúria, o que estimula a lucrar com o inimigo são os bens materiais.

Sun Tzu (A Arte da Guerra; pág: 35)

21 de janeiro de 2022

ERROS QUE PODEM DERROTAR A PRUDÊNCIA E A BRAVURA DE UM COMANDANTE

1. Se ele tiver um temerário descaso pela vida; um general que se expõe sem necessidade, que parece buscar os perigos da morte, é um homem precipitado.

2. Se ele tiver um cuidado excessivo em conservar a própria vida e por esse motivo não ousa e sim dá mostras de covardia, poderá ser facilmente capturado.

3. Se tiver temperamento volúvel; um general que perde facilmente o controle e se deixa levar pela cólera, será ludibriado pelo inimigo através de provocações e cairá em emboscadas sem perceber.

4. Se for suscetível à honra, um general não deve se ofender de forma intempestiva. Por querer reparar a honra por qualquer insulto poderá perdê-la.

5. Se conservar uma compaixão excessiva por seus soldados. Um general deve punir seus soldados com severidade quando necessário, ministrar castigo e trabalho com discernimento, ou poderá ser facilmente desrespeitado.

Sun Tzu (A Arte da Guerra; págs: 88 e 89)

AQUELE QUE CONHECE O INIMIGO E A SI MESMO

...se um general ignorar o princípio da adaptação, não deve ser colocado em uma posição de autoridade. Um hábil empregador de homens usará o prudente, o bravo, o cobiçoso e o burro. Pois o prudente terá prazer em aplicar seu mérito, o bravo sua coragem em ação, o cobiçoso é rápido em tirar vantagens e o burro não teme a morte.


Há cinco fatores que permitem prever qual lado sairá vencedor:

1. Aquele que sabe quando deve ou não lutar conquistará a vitória;

2. Aquele que compreende como lidar com a superioridade e a inferioridade numérica na disposição das tropas conquistará a vitória;

3. Aquele que possui superiores e subordinados unidos conquistará a vitória;

4. Aquele que é prudente e põe em campo um exército completamente preparado contra um inimigo despreparado conquistará a vitória;

5. Aquele cujo o comandante é hábil e cujos soberanos não interferem conquistará a vitória.


"Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, ainda que enfrente cem batalhas, jamais correrá perigo. Aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, às vezes ganha, às vezes perde. Aquele que não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, está fadado ao fracasso e correrá perigo em todas as batalhas."

Sun Tzu (A Arte da Guerra; págs: 44 e 45)

7 de janeiro de 2022

O SI MESMO É UMA ESPÉCIE DE FICCÇÃO

- Diga-me. O que você realmente sente? Afinal, neste momento, você tem uma posição única. Um programador que sabe bem como as máquinas funcionam e uma máquina que conhece a própria natureza.

- Entendo do que sou feito e como sou codificado mas eu não entendo as coisas que sinto. São reais as coisas que vivenciei? Minha esposa. A perda do meu filho.

- Todo anfitrião precisa de um passado, sabe disso. O si mesmo é uma espécie de ficção tanto para anfitriões quanto para convidados. É a história que nos contamos. Toda história precisa de um começo. O sofrimento que imagina faz com que tenha mais vida.

- Tenho mais vida mas não vivo? A dor só existe na mente, é sempre imaginada. Então qual é a diferença entre minha dor e a sua? Entre você e mim?

- Esta foi exatamente a pergunta que consumiu Arnold. Encheu-o de culpa e acabou por enlouquecê-lo. A resposta sempre foi óbvia para mim. Não há um limiar após o qual nos tornemos mais do que a soma de nossas partes, um ponto de inflexão onde nos tornamos totalmente vivos. Não podemos definir autoconsciência porque ela não existe. Os humanos gostam de crer que há algo especial no modo como percebemos o mundo e mesmo assim, vivemos em ciclos tão rígidos e fechados como os dos anfitriões. Raramente questionando nossas escolhas em geral, satisfeitos com que nos digam o que fazer em seguida. Meu amigo, não há nada que lhe faça falta. Não quero que se preocupe com isso. É hora de tranquilizar sua mente.

Westworld (1º Temporada/8º Episódio)