31 de maio de 2023

CLASSE PRIVILEGIADA

 

No campo de batalha, a vida de um soldado vale menos do que uma moeda de prata. A vida da maioria das pessoas está à mercê de alguns nobres e da realeza. Disto isto, até mesmo o próprio rei não está vivendo a vida como quer. Todos apenas se deixam dominar por uma enorme força chamada destino. E eles eventualmente desaparecem. Usam a vida antes de descobrirem quem são. Neste mundo, há humanos que nascem para mudar o mundo, independentemente de sua classe ou status social. Essa é a verdadeira classe privilegiada. Eles têm a autoridade de Deus. Quero saber que papel desempenho neste mundo. A que estou destinado?

Griffith

Berserk (Ep. 04)

22 de maio de 2023

O ESTADO DA ARTE

Terence Fletcher é um personagem realmente controverso, mas confesso nutrir uma certa identificação com a sua visão. De alguma forma, às vezes, experimento a frustração que permeia o tom do diálogo que fiz questão de transcrever aqui. Whiplash é um filme simples sobre excelência. Mostra o grande papel que um mentor pode ter na saga de alguém em busca de alcançar algo significativo. Embora faça uma diferença absoluta quando acreditam em você, boa parte do processo é solitário. Ao contrário de Charlie Parker, a metamorfose que ocorre nos bastidores é cheia de altos e baixos, faz parte do esforço. Eventualmente tal hora uma rasteira acaba te acertando, é inevitável, uma vez que também fazemos nossas apostas. Já noutras, acertamos, é aquela dinâmica dos investimentos, na média, o que importa é acertar mais do que errar. Mas, como diria Sartre: “⁠Não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz com o que a vida fez de você.”

Por fim, o diálogo a seguir nos aponta o que separa os profissionais dos amadores:


- Na verdade, acho que as pessoas não entenderam o que eu estava fazendo na Shaffer. Eu não estava lá para reger. Qualquer imbecil pode agitar os braços para marcar o andamento. Eu estava lá para incentivar vocês além do que se esperava. Creio que isso é uma absoluta necessidade. Ou privaremos o mundo do próximo Louis Armstrong. Do próximo Charlie Parker. Já contei como Charlie Parker se tornou Charlie Parker, não é?

- Jo Jones atirou um prato nele.

- Exatamente. Parker era um garoto bom no sax. Levantou para tocar numa sessão animal e errou feio. E o Jones quase o decapitou por isso. Ele saiu do palco sob risos e chorou até dormir naquela noite. Mas, no dia seguinte, o que fez? Ele praticou e praticou, com um único objetivo em mente: jamais ser motivo de riso de novo. Um ano depois, ele volta a Reno. Sobe naquele palco e toca o melhor solo que o mundo já ouviu. Então, imagine se Jones só tivesse dito: "Ora, tudo bem, Charlie. Mandou bem. Bom trabalho." E o Charlie pensasse: "Caramba. Eu mandei bem mesmo." Fim da história. Nada do Bird. Isso, para mim, é uma tragédia absoluta. Mas é isso que o mundo quer agora. E as pessoas se perguntam por que o jazz está morrendo. Eu lhe digo, cara... e todo disco de "jazz" Starbucks confirma o que eu digo. Não há duas palavras mais danosas na nossa língua do que "bom trabalho".

- Mas há um limite? Talvez você vá longe demais e desmotive o próximo Charlie Parker de se tornar Charlie Parker?

- Não, cara. Porque o próximo Charlie Parker jamais seria desmotivado.


Whiplash: Em Busca da Perfeição