2 de agosto de 2018

CRIATIVIDADE, CUSTE O QUE CUSTAR

As pessoas criativas são impulsionadas por um motor movido a um fino combustível: a vontade. Elas querem ser criativas a todo custo. Nisso elas se destacam pela sua determinação e infinita teimosia. Einstein atribui a si mesmo a "teimosia de uma mula". Quando é preciso, ele segue o lema "esqueça o medo e faça": Deus criou a mula e lhe deu um couro grosso. É por isso também que as pessoas altamente criativas muitas vezes compartilham a característica de provocar uma forte rejeição, pelo menos no início. (...) O andar solitário e a grande independência no pensar distinguem as pessoas que conseguem ter manifestações criativas. Muitas vezes a independência é interpretada, erroneamente, como desobediência. Na verdade, ela expressa antes um relacionamento consequente com a lei e a justiça, a vontade típica dos jovens de não aceitar contradições quando consideram suas opiniões corretas. Nesse ponto Einstein permanece fiel a si mesmo durante a vida inteira, e tem um nobre motivo a seu lado: "A embriaguez da autoridade é o maior inimigo da verdade".

Jürgen Neffe (Einstein - Uma Biografia; págs: 37 e 38)

1 de agosto de 2018

LIBERDADE E CONFLITO AOS BILHÕES

Assumir-se implica negar ou reconhecer o não pertencimento a determinadas posições, talvez imposições. A questão da imposição precede a das condicionantes, o que quero dizer com condicionantes é, basicamente, o conjunto de variáveis em que, a priori, somos envolvidos. Isto é, nascemos num determinado lugar, numa cultura, com certa língua, genética etc, e tudo isso nos influencia, condiciona em um caminho. Não consideraria isso uma imposição, a não ser que estejamos partindo do princípio de que o próprio nascimento é uma imposição à vida, não deixa de ser.. mas acho que isso não vem ao caso, enfim, devaneios à parte. O problema nasce quando essas condicionantes, que constroem um modelo de comportamento, em última análise, até mesmo um senso de certo e errado, perdem a flexibilidade para serem outra coisa, quando a janela de mudança vai se estreitando. Daí a semente rígida que parece formar-se por trás das relações de polarização.

As tais imposições são constantes, uma vez que permeiam todo o processo. Talvez isso seja um bom ponto de partida para refletir o tipo de liberdade que queremos. No fundo, me parece que não queremos liberdade pura e simples, queremos liberdade para nos prender ao que quisermos. Queremos liberdade para nos prender a determinado ciclo social, porque não nos identificamos com todo mundo. Queremos liberdade pra nos prender a determinado estilo, seja estético ou comportamental, porque não admirados e nem apreciamos qualquer coisa. Temos e almejamos uma certa identidade, e queremos espaço para simplesmente expressá-la.

Isso parece ser o grito interno do reprimido que luta pra tirar a máscara que condicionaram-no a ter. O outro lado da liberdade implica em ônus, exige coragem. Quero dizer que também somos, ou deveríamos ser, protagonistas. Gosto mais desse viés de tomar as rédeas existenciais nas mãos. No fundo, há liberdade e possibilidades de sermos o que quiser, e sempre haverá uma consequência, um preço, seja você sendo o que não quer, seja você sendo o que quer. Por fim, liberdade talvez seja aceitar o conflito inerente ao viver em meio aos outros e ao mundo, em meio a todas as liberdades, verdades, visões e forças que constantemente se chocam. Acho que é de se esperar em um mundo com 8 bilhões de pessoas tentando ser feliz ao mesmo tempo.

Diego Cosmo