26 de março de 2021

LOST IN FREEDOM

 

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Em louvor à toda liberdade que nos cabe ter no olhar, eis uma trilha para brindar com todos que nos fazem amar essa estrada para além do mar.

24 de março de 2021

DISTORTION BLUE

 

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Uma fúria romântica, emocionadamente em distorção, construída sob dor, saudades e amor.

POWER TURBO 80s

 

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Mixtape, carregada de pura nostalgia, de gravações dos anos 80s. Época em que a magia pairava no ar, embalada por fortes batidas em meio a neons e muito style.

18 de março de 2021

OS FALASTRÕES SÃO A VOZ DA HUMANIDADE

Pawel Kuczynski

O negócio é o seguinte: astros do rock ou não, os falastrões são a voz da humanidade. A vida de conquistadores, magnatas, mártires, salvadores e até patifes (especialmente patifes!) representam a forma de contar nossa história e marcar o progresso desde as margens de alguns rios barrentos até onde estamos agora. Do faraó Narmer em 3100 a.C., o primeiro ser vivo cujo nome ainda sabemos, a Steve Jobs e Nelson Mandela, o arcabouço heroico é a forma usada pelas pessoas para ordenar o mundo. Narmer foi o primeiro em uma antiga lista de reis. Os escribas mudaram, mas a lista continua. Quer dizer, os anos 1960, o poder para o povo e tudo mais, é um exemplo perfeito: é a época de Lennon e McCartney, Dylan, Hendrix, não do “Cara da Festa”. Acima de tudo, a existência do homem comum não era digna de registro, exceto quando cruzava com a de uma lenda. Mas essa assimetria está acabando: os pequenos ruídos, os estalos e zumbidos do restante de nós finalmente estão sendo gravados. À medida que a internet democratizou o jornalismo, a fotografia, a pornografia, a caridade, a comédia e tantos outros caminhos de esforço individual, ela acabará democratizando nossa narrativa fundamental.

Christian Rudder (Dataclisma; pág: 24)

17 de março de 2021

OS ANOS-CHAVE DA JUVENTUDE

O que determina os adultos que nos tornaremos? (...) Para este estudo, usei os dados do Facebook sobre “curtidas” de times de beisebol. (...) Baixei os dados do número de usuários do sexo masculino de todas as idades que “curtiram” cada um dos dois times de beisebol de Nova York. (...) O Mets venceu apenas duas Séries Mundiais: em 1969 e em 1986. Esses homens tinham aproximadamente 7 ou 8 anos quando o Mets venceu. Assim, um excelente preditor para um torcedor do Mets, pelo menos para meninos, é o Mets ter vencido uma Série Mundial quando tinham 7 ou 8 anos. (...) Em geral, o período-chave para conquistar um garoto é entre os 5 e os 15 anos. Vencer quando o rapaz já tem 19 ou 20 anos tem cerca de 1/8 da importância na determinação do time para qual irá torcer, se comparado a vencer quando ele tem 8 anos. (...) O ano mais importante na vida de um homem, para efeito de sedimentar sua preferência por determinado time de beisebol quando adulto, é aquele em que ele tem mais ou menos 8 anos. Em geral, o período-chave para conquistar um garoto é entre os 5 e os 15 anos. Vencer quando o rapaz já tem 19 ou 20 anos tem cerca de 1/8 da importância na determinação do time para qual irá torcer, se comparado a vencer quando ele tem 8 anos. Nesta fase, o garoto já tem um time do coração ou não terá mais. Você pode se perguntar, e quanto às mulheres fãs de beisebol? Os padrões são muito menos distintos, mas o pico de idade parece ser os 22 anos. (...) Como as pessoas desenvolvem suas preferências políticas, tendências sexuais, gosto musical e hábitos financeiros. (...) Minha predição é que descobriremos que muitos de nossos comportamentos e interesses quando adultos, mesmo aqueles que consideramos nossa essência, são explicados por fatos arbitrários de quando nascemos e pelo que estava acontecendo em certos anos-chave de nossa juventude.

Seth Stephens-Davidowitz (Todo Mundo Mente; págs: 164, 165, 166 e 167)

16 de março de 2021

DIGITAL MARKETING AND MEASUREMENT MODEL

Criei uma estrutura chamada "Digital Marketing and Measurement Model". É um processo de cinco passos que nos permite identificar uma das melhores métricas para uma empresa, e quais são os melhores lugares para começar a medir e otimizar. Em um cenário ideal, vou trabalhar com o cliente para definir o "Digital Marketing and Measurement Model", essencialmente dizendo para que não permitam que uma pessoa de fora venha descobrir sozinho o que é importante para eles. O cliente me ajuda a entender onde está gastando a maior parte de seu dinheiro e tempo. Onde a maioria de seus funcionários estão investindo seu tempo? E usar tudo isso para trazer melhorias. É uma abordagem focada no cliente. Às vezes, não temos essa possibilidade ou não temos habilidade para trabalhar com o "Digital Marketing and Measurement Model". Se eu for trabalhar às cegas, como costumo dizer, sempre começo com a parte final do processo. Meu objetivo ao envolver o cliente trabalhando na empresa ou como agência, é dizer: "Em trinta dias, trarei mais receitas para a empresa". Não me preocupo com marketing, com cliques ou com landing pages. A primeira coisa que faço é descobrir o que fazer com o processo de pagamento e de compras do site. Se consigo melhorar qualquer coisa na parte final do ciclo, então consigo trazer mais receitas para o cliente. Até mesmo pequenas mudanças feitas no carrinho de compras, no botão "adicione ao carrinho", ou no pagamento. Mudar de três páginas para uma, ou de uma página para duas. Posso melhorar taxas de conversão em poucas semanas. A primeira coisa é medir taxa de abandono, taxa de conversão. Olhar para intervalo de tempo e path land e usar essas métricas para melhorar os resultados do cliente. Esse é o primeiro passo: traga dinheiro sempre. (...) Depois, o que faço no segundo passo é voltar completamente para o início do processo. Normalmente, busco relatórios sobre as 10 melhores landing pages, e qual é a taxa de rejeição dessas 10 melhores páginas. Isso me ajuda a entender de onde vem o maior tráfego e como reduzir a taxa de rejeição para que mais pessoas entrem no ciclo. (...) A segunda coisa que faria seria melhorar landing pages por meio de testes ou coisas do tipo para reduzir a taxa de rejeição. Terceiro passo é sempre entender como melhorar páginas de produtos. Quarto passo, tentaria entender onde a empresa mais gasta com marketing pago e melhorar isso. Então esses são os quatro passos do processo. Mas você pode notar que em todos os casos, não me coloco em primeiro lugar, mas a empresa. Esses são os dois primeiros passos. Nos passos três e quatro, me preocupo com os clientes dos meus clientes. Acredito que fazendo isso, trará um bem para você mesmo. No dia que seu cliente perceber que está interessado em trazer dinheiro, se inicia uma boa relação produtiva de longo prazo.

Avinash Kaushik (Entrevista no RD Summit, 2018)

15 de março de 2021

NORTH STAR METRIC (NSM)

Não é testando um monte de pequenas alterações, como a cor do botões, que se começa a praticar o processo de growth hacking. No início, o que equipes pequenas devem fazer é se concentrar em testes com o maior potencial de impacto. (...) Isso porque, quando o tráfego é pequeno, um teste menor pode levar meses ou anos para produzir resultados. (...) O primeiro passo para definir sua estratégia de crescimento e saber onde se concentrar e entender que métricas são mais relevantes para o crescimento de seu produto. (...) Embora todo produto dependa de certos drivers de crescimento - como aquisição de novos usuários, maior ativação e melhor retenção -, cada produto ou empresa tem uma combinação específica de fatores exclusivamente seus. No Uber, por exemplo, um fator crucial é o número de motoristas, pois toda praça precisa de um volume suficiente de carros para garantir o momento aha, que é ver um Uber chegar rápido. O número de passageiros também é crítico para a operação, não só para gerar receita, mas também no sentido de garantir que haja demanda suficiente para manter a frota cadastrada sempre rodando. Daí o time de crescimento do Uber ser especificamente encarregado de melhorar essas duas métricas. No Yelp, os principais fatores são o número de negócios avaliados e o de avaliações de cada um. No Facebook, o número de itens postados por usuário e o tempo que a pessoa passa checando o feed de notícias são cruciais, pois o conteúdo novo vai parar no feed e o tempo que o usuário se mantém plugado aumenta, o que é vital para atrair anunciantes e cobrar um valor por essa exposição. (...) Mais importante ainda é identificar as métricas específicas. (...) é preciso descobrir que ações possuem relação mais direta com a experiência do core value do produto pelo usuário - no Facebook, por exemplo, quantas pessoas o usuário convida para entrar em seu círculo de amizades, com que frequência visita o site, quantos posts e comentários faz e quanto tempo permanece no site. É necessário, no mínimo, monitorar as métricas para cada um dos passos que o usuário percorre para chegar ao momento aha e com que frequência está percorrendo cada um. Voltemos ao Uber, cujo principal indicador, no caso de passageiros, é o número de corridas realizadas. Além da quantidade de pessoas baixando o aplicativo, a empresa deve monitorar também o número de carros solicitados, o de passageiros que voltam a usar o serviço e com que frequência. (...).

As métricas incluídas nos dashboards-padrão do Google Analytics não são necessariamente as mais importantes para o crescimento de seu produto ou negócio. (...) Para uma empresa como o Airbnb, por exemplo, medir o total de usuários ativos por dia não faz sentido, explica Josh Elman. Por quê? Porque, por mais que alguém adore o site, não vai marcar uma viagem e reservar um lugar para se hospedar todos os dias. (...) O significado de uso regular varia de acordo com o produto e a atividade. (...) No caso do Facebook, o número de usuários ativos por dia é uma métrica crucial. (...) Josh Elman, que também trabalhou no Linkedin, conta que o total de sign-ups era uma métrica crítica para a famosa rede profissional. Para muitas empresas, esse número pode ser enganoso, porque um usuário que se cadastra mas não é ativo não tem muita utilidade. No caso do Linkedin, o grande número de pessoas que simplesmente cria um perfil na rede, ainda que quase nunca entre no site, é a base de seu valor. Isso porque sua receita vem de anúncios de emprego e de assinaturas premium, pagas por recrutadores, que desejam mais ferramentas para encontrar potenciais candidatos para uma vaga e se conectar com eles. (...).

Na comunidade de growth hacking, há quem chame essa métrica de "One Metric That Matters". Preferimos "North Star Metric", porque o termo deixa claro que se trata de uma espécie de estrela guia. (...) A NSM deve ser aquela métrica que capta de maneira mais precisa possível o core value que você entrega a seus clientes. (...) Pergunte-se que variável da equação de crescimento melhor sintetiza a consumação da experiência must-have que seu produto garante. (...) No do Whatsapp, o momento aha do usuários é a capacidade de enviar um número ilimitado de mensagens a seus contatos onde quer que estes estejam e sem se preocupar com custo. A NSM do Whatsapp é, portanto, o número de mensagens enviadas, e não o de usuários ativos por dia. Isso porque, mesmo que alguém utilize o aplicativo todos os dias, se envia apenas uma mensagem diariamente, é improvável que o Whatsapp seja seu canal preferido para se comunicar com as pessoas.

Sean Ellis & Morgan Brown (Hacking Growth; págs: 97, 98, 99, 100, 101, 102 e 103)

14 de março de 2021

A VITÓRIA É UM HÁBITO

Mike Tyson e Cus D'Amato

O segredo da vitória era mudar os hábitos dos jogadores. Dizia [Dungy] que queria fazer com que os jogadores parassem de tomar tantas decisões durante um jogo. Queria que eles reagissem automaticamente, por hábito. Se ele conseguisse incutir os hábitos certos, seu time venceria. E ponto final. “Os campeões não fazem coisas extraordinárias”, explicava Dungy. “Fazem coisas ordinárias, mas as fazem sem pensar, rápido demais para o outro time reagir. Seguem os hábitos que aprenderam.” (...) Por isso, em vez de ensinar a seus jogadores centenas de formações, ele ensinou-lhes apenas um punhado delas, mas as praticaram inúmeras vezes até que os comportamentos se tornassem automáticos. (...) Se seus jogadores pensarem demais, hesitarem ou questionarem seus instintos, o sistema cai por terra. (...) Porque tudo era uma reação - e por fim, um hábito - e não uma escolha.

Charles Duhigg (O Poder do Hábito; págs: 78, 81 e 97)

SHU HA RI

Andy Hug

Nas artes marciais, aprendemos um conceito chamado Shu Ha Ri, que estabelece diferentes níveis de domínio. No estado Shu, você conhece todas as regras e formas e as repete, como se fossem os passos de uma coreografia, para que o seu corpo as assimile. Você não desvia. No estado Ha, uma vez que já domina as formas, você pode inovar, acrescentar um novo passo à coreografia. No estado Ri, você é capaz de deixar as formas de lado. Você realmente domina a prática e é capaz de ser criativo de uma forma desimpedida, porque o conhecimento do que o aikido - ou o tango - significa está tão profundamente entranhado em seu ser que todos os seus passos manifestam a essência dessa arte. (...) Primeiro, aprenda as regras e as formas. Quando tiver domínio delas, inove. Por fim, em um estado elevado de maestria, descarte as formas e apenas seja - com todo o conhecimento internalizado e as decisões tomadas quase inconscientemente.

Jeff Sutherland & J.J. Sutherland (Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo; págs: 44 e 45)

10 de março de 2021

12,5 MILHÕES EM 3 MINUTOS


 
Às 13h03 - apenas três minutos depois que eu comprara de volta minhas unidades a 5,50 dólares cada -, o resto de Wall Street tinha feito as unidades subirem a 18 dólares. Isso significava que eu obtivera um lucro de 12,5 milhões de dólares… 12,5 milhões! Em três minutos! Ganhara mais um milhão ou pouco mais em taxas de banco de investimento e consegui outros três ou quatro milhões alguns dias depois - quando comprei de volta as unidades de empréstimos-ponte, que também estavam nas mãos de meus laranjas. Ahhhh… laranjas! Que ideia! E, de todos, o próprio Steve era o meu maior laranja. Ele estava guardando 1,2 milhões de ações para mim, as mesmas ações das quais a NASDAQ me forçara a me livrar. Com o preço atual da unidade a 18 dólares (cada unidade consistindo de uma quota de ação ordinária e duas garantias), o preço atual da ação era 8 dólares. Isso significava que as ações que Steve estava guardando para mim valiam agora pouco menos de 10 milhões de dólares! (...) Dependia agora de meus leais strattonitas venderem todas essas ações inflacionadas para seus clientes. Todas essas ações inflacionadas - não apenas o milhão de unidades que ofereceram a seus próprios clientes como parte da oferta pública inicial, mas também meu milhão de unidades de laranjas, que eram agora mantidas na conta de negociação da firma, junto a 300 mil unidades de empréstimos-ponte que eu compraria de volta daqui a alguns dias - e então algumas ações adicionais que eu tinha de recomprar de todas as firmas de corretagem que haviam feito o preço das unidades subir a 18 dólares (realizando o trabalho sujo para mim). Elas venderiam lentamente suas ações de volta para a Stratton Oakmont, tendo seu próprio lucro. Assim, no final de tudo, eu precisaria que meus strattonitas levantassem aproximadamente 30 milhões de dólares. Isso mais do que cobriria tudo, também daria à conta de negociação da firma um belo travesseirinho contra qualquer vendedor a descoberto (...) que pudesse tentar vender ações que ele nem tem (com a esperança de fazer cair o preço para que possa comprar de volta por um preço menor no futuro). (...)

Nesse momento, mais de 50 firmas de corretagem diferentes estavam participando do frenesi de compras. O que todas tinham em comum, contudo, era que cada uma realmente pretendia vender cada ação de volta para a Stratton Oakmont no final do dia, pelo preço mais alto do mercado. E, com outras firmas de corretagem fazendo as compras, seria impossível para a Comissão provar que fora eu quem manipulara as unidades, levando-as a 18 dólares. (...) Como eu poderia ser culpado se não fora quem subira os preços das ações? Na verdade, eu apenas vendera o dia inteiro.

Jordan Belfort (O Lobo de Wall Street; págs: 104 e 105)

9 de março de 2021

ÁGIL

 

O termo “ágil” data de uma reunião de 2001, na qual eu e dezesseis outros líderes no desenvolvimento de software criamos o que se tornou conhecido como “Manifesto Ágil”. Nele, declaramos os seguintes valores: indivíduos em vez de processos; produtos que de fato funcionem em vez de documentação dizendo como deveriam funcionar; colaboração com o cliente em vez de negociação com ele; e responder às mudanças em vez de seguir um plano. O Scrum é a estrutura que construí para pôr esses valores em prática. Não existe uma metodologia. (...) Sempre digo para os executivos: “Eu só vou saber a data à medida que vir quanto as equipes melhoram. Quão rápidas elas ficarão. Quanto conseguirão acelerar.”

Jeff Sutherland & J.J. Sutherland (Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo; pág: 20)

8 de março de 2021

LUTAR COM CORAGEM

Um trecho do discurso [Cidadania numa República] que o presidente americano Theodore Roosevelt proferiu na Sorbonne, em Paris, no dia 23 de abril de 1910.

O crítico não tem importância alguma: tudo o que faz é apontar um dedo acusador no momento em que o forte sofre uma queda ou na hora em que aquele que está fazendo algo comete um erro. O verdadeiro crédito vai para aquele que está na arena, com o rosto sujo de poeira, suor e sangue, lutando com coragem. O verdadeiro crédito vai para aquele que erra, que falha, mas que aos poucos vai acertando, porque não existe esforço sem erro. Ele conhece o grande entusiasmo, a grande devoção, e está gastando sua energia em algo que vale a pena. Este é o verdadeiro homem, que na melhor das hipóteses irá conhecer a vitória e a conquista, e que na pior das hipóteses irá cair. Mas mesmo em sua queda ele é grande, porque viveu com coragem e esteve acima daquelas almas mesquinhas que jamais conheceram vitórias ou derrotas.

Paulo Coelho (O Diário de um Mago; págs: 226 e 227)

 

Não há vitória sem riscos. Vencer significa submeter-se a riscos, preparar-se previamente para vencê-los e só então alcançar novos patamares. A definição de risco é a de incerteza, e não há como se chegar a um novo lugar acreditando só em certezas. Vencedores experimentaram riscos - todos eles.

Eduardo Moreira (Encantadores de Vidas; pág: 190)

6 de março de 2021

EQUILÍBRIO

 

Para manter o equilíbrio é preciso coordenar os músculos de todo o corpo, compensando qualquer movimento que altere o equilíbrio com um movimento contrário, além de controlar a respiração e a mente. Uma respiração descontrolada, sem cadência e tensa inevitavelmente diminuirá o controle do corpo. Já uma respiração abdominal profunda, ritmada e calma levará o corpo a um estado de relaxamento e resposta aos estímulos muito mais propício ao equilíbrio. Quanto à mente, o exercício nos treina a não pensar em nada. É surpreendente notar que imediatamente após pensar em algum assunto específico, perdemos nossa capacidade de equilíbrio e caímos do cabo de aço. Isso acontece porque a mente, que estava sendo exigida para sincronizar uma infinidade de músculos e membros, foi chamada a resolver outro problema, deixando o corpo sem um coordenador. Esvaziar a mente é talvez um dos mais difíceis exercícios que podemos aprender. Quem consegue, desperta uma capacidade de atenção, concentração e foco que o deixa quilômetros à frente dos outros. Meditar, na maioria das vezes, tem exatamente esse propósito, e a técnica é sempre ocupar o espaço mental com algo que afaste todo e qualquer tipo de pensamento. Para isso, são utilizados artifícios como, por exemplo, repetir as mesmas frases - até que só elas ocupem a mente.

Eduardo Moreira (Encantadores de Vidas; pág: 92)

5 de março de 2021

BOCA A BOCA OFF-LINE

 

As coisas que os outros nos falam, mandam por e-mail ou mensagem têm impacto significativo sobre o que pensamos, lemos, compramos e fazemos. Visitamos os websites que nossos vizinhos recomendam, lemos livros que nossos parentes elogiam e votamos em candidatos que nossos amigos apoiam. O boca a boca é o fator primário por trás de 20% a 50% de todas as decisões de compra. Por consequência, a influência social tem um enorme impacto sobre produtos, ideias e comportamentos que pegam. A divulgação boca a boca de um novo cliente leva a um aumento de quase duzentos dólares nas vendas de um restaurante. Uma resenha de cinco estrelas na Amazon leva à venda de aproximadamente vinte livros a mais que uma resenha de uma estrela. Os médicos ficam mais propensos a prescrever um remédio novo se outros médicos que eles conhecem já prescreveram. As pessoas ficam mais propensas a parar de fumar se seus amigos param, e engordam se seus amigos ficam obesos. De fato, embora a publicidade tradicional ainda seja útil, o boca a boca cotidiano dos joãos e Marias é no mínimo 10 vezes mais eficiente. (...) A objetividade de nossos amigos, combinada à sua sinceridade, nos deixa muito mais inclinados a ouvi-los, confiar e acreditar neles (...) O boca a boca, por outro lado, é naturalmente dirigido para um público interessado. (...) Temos a tendência de selecionar pessoas específicas que achamos que podem considerar aquela informação mais relevante. (...) Não vamos falar para um amigo que não tem filhos sobre a melhor maneira de trocar fraldas. O boca a boca tende a chegar àqueles que de fato estão interessados na coisa em discussão.

Quantos por cento de boca a boca você acha que acontece on-line? Em outras palavras, qual o percentual de tagarelice que acontece através de mídias sociais, blogs, e-mail e salas de bate-papo? (...) O verdadeiro percentual é de 7%. (...) Pesquisa do Keller Fay Group [2014] verificou que apenas 7% do boca a boca acontece on-line. (...) Portanto, a primeira questão quanto a toda badalação em torno da mídia social é que as pessoas tendem a ignorar a importância do boca a boca off-line, muito embora essas discussões sejam predominantes e potencialmente ainda mais impactantes que as on-line.

Jonah Berger (Contágio; págs: 17, 18, 20 e 21)

4 de março de 2021

ENTUSIASMO

Ágape em sua outra forma: o Entusiasmo. Entre os Antigos, Entusiasmo significa transe, arrebatamento, ligação com Deus. O Entusiasmo é Ágape dirigido a alguma ideia, alguma coisa. Todos já passamos por isso. Quando amamos e acreditamos do fundo de nossa alma em algo, nos sentimos mais fortes que o mundo, e somos tomados de uma serenidade que vem da certeza de que nada poderá vencer nossa fé. Essa força estranha faz com que sempre tomemos as decisões certas, na hora exata, e quando atingimos nosso objetivo ficamos surpresos com nossa própria capacidade. Porque, durante o Bom Combate, nada mais tem importância, estávamos sendo levamos através do Entusiasmo até nossa meta. O Entusiasmo se manifesta normalmente com todo o seu poder nos primeiros anos de vida. Ainda temos um laço forte com a divindade e nos atiramos com tal vontade aos nossos brinquedos que as bonecas passam a ter vida e os soldadinhos de chumbo conseguem marchar. Quando Jesus falou que era das crianças o Reino dos Céus, ele se referia a Ágape sob a forma de Entusiasmo. As crianças chegaram até ele sem ligar para seus milagres, sua sabedoria, os fariseus e os apóstolos. Vinham alegres, movidas pelo Entusiasmo. (...) Normalmente, deixamos que o Entusiasmo escape de nossas mãos nessas pequenas coisas, que não têm a menor importância diante da grandeza de cada existência. Perdemos o Entusiasmo por causa de nossas pequenas e necessárias derrotas durante o Bom Combate. E como não sabemos que o Entusiasmo é uma força maior, voltada para a vitória final, deixamos que ele escape por nossos dedos, sem notar que estamos deixando escapar também o verdadeiro sentido de nossas vidas. Culpamos o mundo por nosso tédio, por nossa derrota, e esquecemos que fomos nós que deixamos escapar esta força arrebatadora que justifica tudo.

Paulo Coelho (O Diário de um Mago; págs: 106 e 107)

3 de março de 2021

MORTE COMPANHEIRA

Um inimigo fictício que pode lhe destruir ou se tornar seu melhor companheiro: a Morte. O homem é o único ser na natureza que tem consciência de que vai morrer. Por isso, e apenas por isso, tenho um profundo respeito pela raça humana, e acredito que seu futuro será muito melhor do que seu presente. Mesmo sabendo que seus dias estão contados e tudo irá se acabar quando menos espera, ele faz da vida uma luta digna de um ser eterno. O que as pessoas chamam de vaidade – deixar obras, filhos, fazer com que seu nome não seja esquecido – eu considero a máxima expressão da dignidade humana. Acontece que, criatura frágil, ele sempre tenta ocultar de si mesmo a grande certeza da Morte. Não vê que ela é que o motiva a fazer as melhores coisas da sua vida. Tem medo do passo no escuro, do grande terror do desconhecido, e sua única maneira de vencer esse medo é esquecer que seus dias estão contados. Não percebe que, com a consciência da Morte, seria capaz de ousar muito mais, de ir muito mais longe nas suas conquistas diárias – porque não tem nada a perder, já que a Morte é inevitável. (...) A minha verdadeira Morte, amiga e conselheira, que não ia mais me deixar ser covarde nem um dia de minha vida. A partir de agora, ela ia me ajudar mais do que a mão e os conselhos de Petrus. Não ia mais permitir que eu deixasse para o futuro tudo aquilo que eu podia viver agora. Não me deixaria fugir das lutas da vida e ia me ajudar a combater o Bom Combate. Nunca mais, em momento algum, eu iria me sentir ridículo ao fazer qualquer coisa. Porque ali estava ela, dizendo que, quando me pegasse nas mãos para viajarmos até outros mundos, eu não devia carregar comigo o maior pecado de todos: o Arrependimento. Com a certeza de sua presença, olhando seu rosto gentil, eu tive a convicção de que ia beber com avidez da fonte de água viva que é esta existência.

Paulo Coelho (O Diário de um Mago; págs: 120 e 128)

2 de março de 2021

VELHA HISTÓRIA

É para si próprio que um velho repete sempre a mesma história. (...) Na velhice a gente dá para repetir casos antigos, porém jamais com a mesma precisão, porque cada lembrança já é um arremedo de lembrança anterior. (...) Mas se com a idade a gente dá para repetir certas histórias, não é por demência senil, é porque certas histórias não param de acontecer em nós até o fim da vida.

Chico Buarque (Leite Derramado; págs: 96, 136 e 184)

OS FRACOS

É que de tanto se fazer de fraca a pessoa acaba acreditando que é mesmo. Mas é só uma ilusão. A força está lá. É só puxar para fora que ela vem. É por isso que eu não gosto de gente que se faz de fraca. É tudo mentira, só para você fazer as coisas que elas querem. Quando você não entra na ilusão delas, ficam contra você. Aí, tome cuidado: mesmo com toda a fraqueza, elas mordem para valer.

Zibia Gasparetto (Ninguém é de Ninguém; pág: 29)

O BOM COMBATE

 

O homem nunca pode parar de sonhar. O sonho é o alimento da alma, como a comida é o alimento do corpo. Muitas vezes, em nossa existência, vemos nossos sonhos desfeitos e nossos desejos frustrados, mas é preciso continuar sonhando, senão nossa alma morre e Ágape não penetra nela. (...) O Bom Combate é aquele que é travado porque o nosso coração pede. Nas épocas heroicas, no tempo dos cavaleiros andantes, isso era fácil – havia muita terra para conquistar e muita coisa que fazer. Hoje em dia, porém, o mundo mudou muito e o Bom Combate foi transportado dos campos de batalha para dentro de nós mesmos. O Bom Combate é aquele que é travado em nome de nossos sonhos. Quando eles explodem em nós com todo o seu vigor – na juventude -, nós temos muita coragem, mas ainda não aprendemos a lutar. Depois de muito esforço, terminamos aprendendo a lutar, e então já não temos a mesma coragem para combater. Por causa disso, nos voltamos contra nós e combatemos a nós mesmos, e passamos a ser nosso pior inimigo. Dizemos que nossos sonhos eram infantis, difíceis de realizar, ou fruto de nosso desconhecimento das realidades da vida. Matamos nossos sonhos porque temos medo de combater o Bom Combate. (...) O primeiro sintoma de que estamos matando nossos sonhos é a falta de tempo – continuou Petrus. – As pessoas mais ocupadas que conheci na vida sempre tinham tempo para tudo. As que nada faziam estavam sempre cansadas, não davam conta do pouco trabalho que precisavam realizar e se queixavam constantemente de que o dia era curto demais. Na verdade, elas tinham medo de combater o Bom Combate. O segundo sintoma da morte de nossos sonhos são nossas certezas. Porque não queremos olhar a vida como uma grande aventura a ser vivida, passamos a nos julgar sábios, justos e corretos no pouco que pedimos da existência. Olhamos para além das muralhas do dia a dia e ouvimos o ruído de lanças que se quebram, o cheiro de suor e de pólvora, as grandes quedas e os olhares sedentos de conquista dos guerreiros. Mas nunca percebemos a alegria, a imensa Alegria que está no coração de quem luta, porque para estes não importa nem a vitória nem a derrota, importa apenas combater o Bom Combate.

Finalmente, o terceiro sintoma da morte de nossos sonhos é a paz. A vida passa a ser uma tarde de domingo, sem nos pedir grandes coisas e sem exigir mais do que queremos dar. Achamos então que estamos maduros, deixamos de lado as fantasias da infância e conseguimos nossa realização pessoal e profissional. Ficamos surpresos quando alguém de nossa idade diz que quer ainda isto ou aquilo da vida. Mas na verdade, no íntimo de nosso coração, sabemos que o que aconteceu foi que renunciamos à luta por nossos sonhos, a combater o Bom Combate. (...) Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz (...), temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós e infestar todo o ambiente em que vivemos. Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam e, finalmente, passamos a dirigir essa crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e as psicoses. O que queríamos evitar no combate – a decepção e a derrota – passa a ser o único legado de nossa covardia. E, um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de nossas certezas, de nossas ocupações e daquela terrível paz das tardes de domingo. (...) Mas quem deseja combater o Bom Combate precisa olhar o mundo como se fosse um tesouro imenso, que está ali esperando para ser descoberto e conquistado.

Paulo Coelho (O Diário de um Mago; págs: 56, 57, 58, 59 e 85)