Um dos enganos mais frequentes ao se criar anúncios é trabalhar com títulos interrogativos. Frases clássicas como "Quer viajar?"; "Você já pensou em XPTO?"; "Você quer mais qualidade?" são estruturas textuais de baixíssima eficiência publicitária. O respeitado linguista Olivier Reboul (1975) afirma que o poder de um título está em seu fechamento, isto é, um bom título é aquele que, por suas características, não pode ser contestado. Ora, se criarmos um título interrogativo, na verdade estamos abrindo espaço para questionamento. Naturalmente, essa estratégia enfraquece o poder de comunicação do título. Por outro lado, a pergunta tende a envolver o consumidor em um diálogo com o anúncio, o que é um fator muito positivo. Esse diálogo, no entanto, deve ser conduzido no sentido da conclusão da mensagem que pretendemos. Quando fazemos um título interrogativo, precisamos tomar alguns cuidados para que a pergunta não leve o leitor a uma linha de pensamento que não nos interesse ou que não provoque interlocução. Para que esse diálogo frutifique, uma coisa é absolutamente necessária: que o título interrogativo não aceite um "não" como resposta. Assim, se criarmos um anúncio com o título: "Quer viajar?" um determinado consumidor disser "não", perde-se toda a capacidade de argumentação do anúncio, pois o consumidor, ao dizer mentalmente não, desinteressou-se de nossa mensagem, e nós o perdemos. A pergunta do título tem de ser inescapável, daquelas para as quais existe sempre resposta.
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