A palavra "comunicar", vem de "comunicare", que significa tornar algo que sabemos, sentimos ou pensamos, comum aos outros. Ou seja, qualquer ato de comunicação pressupõe proselitismo. Ninguém fala para as paredes ou para ouvidos moucos. (...) Toda forma de expressão humana, repetimos, objetiva persuadir o interlocutor da importância de sua realidade - ou de sua aparência. (...) É conveniente aconselhar o interlocutor valendo-se de exemplos comparativos (metáforas), amenizando fatos (eufemismos) ou exagerando-os (hipérboles), reforçando palavras ou conceitos (repetições), enfim, adotando conscientemente procedimentos argumentativos que tratam de tornar o discurso mais envolvente, mesmo porque sua finalidade não é só informar, mas persuadir, gerar uma ação futura. (...) As técnicas de persuasão são empregadas nas estratégias de doutrinação, tanto de esquerda como de direita, na venda de produtos, ou na difusão do ideário socialista. Sua utilização consciente e sistêmica, que remonta à idade Média, se reproduz ao longo de todo o século XX, na propaganda nazista, na propaganda do Estado Novo, na estratégia de divulgação do Milagre Brasileiro, nas campanhas eleitorais pelo mundo afora. Elas servem para auratizar a imagem de um produto, serviço, instituição, partido político etc, realçando suas qualidades de formiga (características positivas). Não são, pois, as aparências que enganam, mas a própria realidade deformada. A cigarra é uma prova disso, apesar de seu canto. Seja a serviço do consumo ou das comunas.
João Anzanello Carrascoza (Redação Publicitária: estudos sobre a retórica do consumo; págs: 45, 148, 149 e 153)
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