30 de julho de 2015

BORDÕES

Quando a política passou a se utilizar da comunicação com uma abordagem mais mercadológica, como na Revolução Russa e, posteriormente, na propaganda nazista de Hitler e Goebles, a repetição presente nos gritos de guerra virou título de cartaz. Com a chegada do rádio, ela ganhou ritmo e melodia e tornou-se refrão, a "musiquinha da marca". Os bons jingles passaram a ser repetidas pelas pessoas como as palavras de ordem de outrora. Na passagem da mídia eletrônica sonora para a televisual, o recurso da repetição precisou agregar um elemento para continuar sendo repetido: a situação. O bordão teve de se tornar engraçado e adaptável. Se do grito para o cartaz a repetição ganhou imagem; do cartaz para o rádio, ganhou ritmo e melodia; do rádio para a TV ela precisou agregar uma situação engraçada, interessante e instigante em que as pessoas pudessem se espelhar, passando a repeti-la em seu cotidiano. Assim nasceram o "Bonita camisa, Fernandinho" (US Top), "Parece, mas não é" (Denorex), "O negócio é levar vantagem em tudo, certo?" (Vila Rica), "Não esqueça a minha Caloi" (Caloi), "Põe na Consul" (Consul), "Experimenta" (Nova Schin), "Quer pagar quanto?" (Casas Bahia), entre tantos outros bordões que caíram no gosto popular e passaram a ser repetidos no dia a dia.

Para ser repetido, além de coloquial e divertido, é necessário que o bordão seja uma frase adaptável, uma expressão que possa ser utilizada em várias situações sociais, que seja uma curinga, uma muletinha de comunicação que o consumidor poderá usar para fazer uma brincadeira, para ganhar tempo ou para mostrar-se antenado, parte de um grupo, moderno. Definimos, portanto, bordão como uma frase verbal utilizada em propaganda que encerra o conceito da campanha. É informal, bem-humorada e, por ser focado no destinatário, tende a ser repetido pelo consumidor. (...) É a fala do consumidor dentro da peça publicitária.

Celso Figueiredo (Redação Publicitária; Sedução pela Palavra; págs; 55 e 56)

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