11 de março de 2016

AS RELIGIÕES NÃO COMEÇAM DO ZERO

Os halos, como grande parte da simbologia cristã, foram tirados da antiga religião egípcia baseada na adoração do Sol. O cristianismo está cheio de manifestações de adoração ao Sol. (...) O que você comemora no dia 25 de dezembro? [Natal] (...) O dia 25 de dezembro, meus amigos, é o dia da antiga festa pagã do sol invictus, o Sol Invicto, que coincidia com o solstício de inverno. É aquela maravilhosa fase do ano em que o Sol retorna e os dias começam a ficar mais longos outra vez. (...) As religiões vitoriosas costumam adotar as festas já existentes para tornar a conversão menos chocante. Chama-se a isto de transmutação. Ajuda as pessoas a se acostumarem com a nova fé. Os devotos mantêm as mesmas datas santas, rezam nos mesmos locais sagrados, usam uma simbologia semelhante e apenas substituem o deus anterior por outro diferente. (...) O cristianismo não tomou elementos emprestados somente da adoração ao Sol. O ritual da canonização cristã foi tirado do antigo rito de deificação de Euhemerus. A prática de "comer Deus", ou seja, a Santa Comunhão, foi copiada dos astecas. Até o conceito de Cristo morrer por nossos pecados pode-se dizer que não é exclusivamente cristão: o auto-sacrifício de um rapaz para absolver os pecados de seu povo aparece nos registros das mais remotas tradições associadas a Quetzalcoatl. (...) Muito pouco em qualquer religião organizada é inteiramente original. As religiões não começam do zero. Crescem uma a partir da outra. As religiões modernas são colagens, um registro histórico assimilado do esforço humano para compreender o divino. (...) A arte cristã nunca retrata Deus igual a um falcão, a um animal asteca ou algo esquisito assim. Sempre mostra Deus como um velho de barba branca. Então, a nossa imagem de Deus é original, não é? (...) Quando os primeiros cristãos convertidos abandonaram suas divindades anteriores, como os deuses pagãos, os deuses romanos, os deuses gregos, o Sol, Mitra ou o que seja, eles perguntaram à Igreja com quem se parecia o seu deus cristão. Sabiamente, a Igreja escolheu o mais temido, o mais poderoso e aquele cuja aparência era a mais conhecida de que se tinha notícia. (...) Zeus não lhe parece familiar?
 
Dan Brown (Anjos e Demônios; págs: 206 e 207)
 

Os símbolos são muito flexíveis, mas o pentagrama foi alterado pela Igreja Católica Romana primitiva. Como parte da campanha do Vaticano para erradicar as religiões pagãs e converter as massas ao cristianismo, a Igreja lançou uma campanha de desmoralização dos deuses e deusas pagãos, definindo seus símbolos divinos como símbolos do mal. (...) Isso é muito comum em épocas de conturbações (...) Um poder emergente se apodera dos símbolos existentes e os degrada com o passar do tempo para tentar eliminar-lhes o significado. Na batalha entre os símbolos pagãos e os símbolos cristãos, os pagãos foram derrotados; o tridente de Possêidon se tornou o tridente do demônio, o chapéu pontudo do mago se transformou no símbolo das bruxas e o pentagrama de Vênus se tornou símbolo demoníaco.

Dan Brown (O Código da Vinci; pág: 33)

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