Se há um tipo humano que todo mundo quer ver se dar mal, é o policial. Logicamente, o policial não pode ser culpado pelo preconceito do público pelo uniforme - apenas é da natureza humana se revoltar contra qualquer tipo de autoridade. Porém, essas mesmas pessoas amam ver o "tira" morrer. Então, para começar, eu me previno, deixando meus amigos entenderem que não sou um policial de verdade, exceto no sentido de que fui designado para um serviço especial - de maltratar um valentão. Claro que meu trabalho foi talhado para lidar com um problema assim, e a simpatia da plateia está comigo, mas eu também tenho o elemento de suspense, que é incalculável em um enredo de cinema. A suposição natural é a de que o policial vai ser prejudicado, e há um grande interesse em como vou me sair no combate, aparentemente desequilibrado, com o "valentão" Campbell. Há mais contraste entre o ritmo da minha comédia e a comédia em geral e a concepção popular de dignidade que se supõe resguardar o oficial de polícia.
Reflexões de Charles Chaplin acerca do filme Rua da Paz.
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