3 de junho de 2015

A ÚNICA SEREIA DA SUA PRAIA

Jovens ansiosos e ambiciosos frequentemente têm a brilhante ideia de combinar dois de seus clientes numa operação conjunta. Podem sugerir que um cliente monte um concurso e ofereça o produto de outro como prêmio; ou que dois clientes compartilhem o mesmo anúncio de revista. Essas dobradinhas podem ser perigosas para a agência; quase sempre um dos clientes vai achar que ficou com a parte ruim da fruta. Quando você tenta arbitrar disputas entre clientes, acaba com um olho inchado. Eu me eduquei para manter meus clientes isolados. (...) Nunca digo a um cliente que não posso comparecer à sua convenção de vendas porque tenho um compromisso já agendado com outro cliente; o êxito da poligamia depende de fingir para cada esposa que ela é a única sereia de sua praia. Se um cliente me pergunta que resultados a campanha de um outro cliente está obtendo, mudo de assunto. Isso talvez o aborreça, mas, se eu lhe der a informação que pretende, provavelmente concluirá que eu seria igualmente indiscreto com os segredos dele. Uma vez que um cliente perde a confiança em sua discrição, você está perdido. (...) Clientes mais razoáveis parecem considerar nosso dever alertá-los quando detectamos um elo fraco na corrente de comunicação entre sua alta administração e a nossa. Certa vez, fui repreendido por um cliente por não tê-lo avisado de que nosso executivo de atendimento era quem escrevia os planos de marketing de seu gerente de produtos. Clientes não hesitam em "queimar" nossos executivos de contas. Às vezes, eles têm razão; às vezes, estão errados. Em qualquer caso, é melhor para todos os envolvidos que a vítima seja transferida para outro trabalho, e fazê-lo antes que a fumaça se transforme em chamas e destrua todo o relacionamento cliente-agência.

David Ogilvy (Confissões de um Publicitário; págs: 104 e 105)

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