19 de junho de 2015

A BUSCA DA FELICIDADE EM NÓS COM OS OUTROS

A resposta de Chaplin a Hetty, datada de 18 de julho de 1918 (...). É um misto de entusiasmo e reserva, de prazer e constrangimento:
 
Querida Hetty,
 
É sempre o inesperado que acontece, tanto nos filmes quanto na vida real. Você pode imaginar que prazer inesperado foi para mim quando descobri sua carta em minha mesa esta manhã. (...) Receber notícias justamente de você, depois de tantos anos! Certamente fiquei emocionado, e ainda tinha alguma esperança de que você me escrevesse algum dia por causa dos interessantes eventos que aconteceram em nossas vidas; e, acima de tudo, porque ter notícias de velhos amigos é sempre um prazer. (...) Logicamente, o ambiente e as amizades podem ter aperfeiçoado seu ponto de vista, porém, sua encantadora personalidade é evidente - a qual, a meu ver, é o maior bem das pessoas. Em sua carta você me perguntou como eu vou, etc... Bem, fisicamente estou perfeito. Moralmente? Bem, sou tudo o que se podia desejar para um jovem de 29 anos. Ainda estou solteiro, mas isso não é culpa minha. E agora, falando filosoficamente  - do mesmo modo que você, meu ambiente tem me dado um panorama particular da vida. Suponho que eu tenha chegado à época pessimista da juventude, mas ainda há esperança, pois tenho a inestimável qualidade de ser curioso sobre a vida e sobre as coisas que atiçam meu entusiasmo. Você lembra, Hetty, uma vez eu lhe disse que o dinheiro e o sucesso não eram tudo? Naquele tempo, eu não tinha a experiência de nenhum deles, mas sentia que era assim, e agora já experimentei ambos. E descobri que a busca da felicidade pode acontecer somente dentro de nós mesmos e no interesse de outros. Mas basta de filosofia.

David Robinson (CHAPLIN - uma biografia definitiva; págs: 276 e 277)

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