7 de outubro de 2019

CAMBRIDGE ANALYTICA SOB MEDIDA


Depois da eleição presidencial americana de 2016, uma empresa chamada Cambridge Analytica anunciou que sua campanha orientada por dados tinha sido fundamental para a vitória de Donald Trump. (...) Ela havia usado a publicidade on-line direcionada e a pesquisa eleitoral em microescala para influenciar eleitores. (...) A Cambridge Analytica (CA) deu um grande destaque ao modelo de personalidade Big Five em seu material promocional. A empresa alega ter coletado centenas de milhões de pontos de dados sobre uma grande quantidade de eleitores americanos. A CA alegou que poderia usar esses dados para fornecer um quadro de personalidade dos eleitores que iria além das variáveis demográficas tradicionais, como gênero, idade e salário. (...) Se a CA tivesse acesso aos perfis do Facebook dos eleitores, ela poderia determinar quais tipos de propaganda teriam maior efeito sobre eles. (...) Os dados do Facebook podem ser usados para revelar nossas preferências, nosso QI e nossa personalidade. Essas dimensões poderiam então, pelo menos em teoria, ser utilizadas para nos direcionar mensagens que nos atraem como indivíduos: uma pessoa com o QI baixo pode ter sido bombardeada com teorias da conspiração não confirmadas sobre as contas de e-mail de Hillary Clinton; uma pessoa com o QI alto pode ter sido informada de que Donald Trump é um homem de negócios pragmático; uma pessoa com “afinidades afro-americanas” (como o Facebook as denomina) pode ter sido informada sobre uma restauração na periferia; um trabalhador branco desempregado pode ter recebido a informação de que um muro seria construído para manter imigrantes do lado de fora; e eleitores “com afinidade hispânica” podem ter sido informados sobre uma atitude firme em relação à Cuba de Castro. Personalidades neuróticas podem ser influenciadas com medo, pessoas solitárias, com empatia, e os extrovertidos, com um modo divertido de compartilhar a mensagem.

Em vez de focar numa mensagem central na mídia tradicional, o candidato de tal campanha pode se concentrar em desacreditar jornalistas e agências de notícias que estão tentando formar uma visão global da eleição. Com os meios de comunicação questionados, mensagens sob medida seriam enviadas diretamente aos indivíduos, fornecendo a eles uma propaganda que se adapta aos seus pontos de vista já estabelecidos.

David Sumpter (Dominados Pelos Números; pág: 45 e 46)

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