8 de outubro de 2019

A IRRELEVÂNCIA DA REALIDADE NA SOBREVIVÊNCIA


Não tenho nenhuma razão para acreditar que os seres humanos evoluíram com a capacidade de compreender a realidade. Essa capacidade não é importante para a sobrevivência. Quando se trata de evolução, qualquer ilusão que nos mantenha vivos por tempo suficiente para procriar é boa o bastante. Uma vez que tenha compreendido que sua experiência de vida é uma interpretação da realidade, você não consegue voltar à velha maneira de pensar. A grande ilusão da vida é que nossa mente tem a capacidade de compreender a realidade. Uma clara visão da realidade não foi necessária para nossa sobrevivência. O resultado é que cada um de nós está, na verdade, vivendo no filminho que nosso cérebro criou para explicar nossas experiências.

As pessoas não mudam de opinião sobre questões emocionais apenas porque alguma informação provou que essa opinião é nonsense. Somos programados pela evolução para fazer com que novas informações apoiem opiniões existentes, desde que isso não nos impeça de procriar. A evolução não liga se você compreende ou não a realidade. A pior coisa que seu cérebro pode fazer é reinterpretar a realidade em um filme totalmente novo a cada nova peça de informação. Isso seria exaustivo e não traria nenhum benefício. Em vez disso, seu cérebro escolhe o caminho de menor resistência e instantaneamente interpreta suas observações para se adequar a sua visão de mundo.

Os seres humanos não veem a realidade como ela é. Não evoluímos para ter essa capacidade. O que temos é a habilidade de racionalizar nossas observações e transformá-las nos pequenos filmes sobre a realidade que criamos em nossa mente. A parte mais desafiadora é reconhecer que a mente humana não está equipada para compreender a realidade de qualquer maneira profunda. Os seres humanos apenas imaginam que os fatos importam para as decisões. A realidade é que inventamos nossos próprios fatos pessoais para se adequar aos filmes que estão passando em nossa cabeça.

Scott Adams (Ganhar de Lavada; págs: 51, 56, 58, 74, 268, 273 e 278)

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