24 de agosto de 2020

INICIATIVA

Existem três maneiras de tomar a dianteira em relação ao adversário. A primeira é aquela em que você toma a iniciativa de atacar o inimigo; chama-se Ken no sen, iniciativa de ataque. A segunda é a que se toma no momento em que o adversário ataca; denomina-se Tai no sen, iniciativa de expectativa. A terceira se dá quando você e o inimigo atacam simultaneamente; é chamada Tai-tai no sen, iniciativa mútua. (...) Dependendo da maneira como se toma a iniciativa, ela virtualmente pode assegurar a vitória. Essa é a razão pela qual a iniciativa é a prioridade número 1 na arte militar. Do começo ao fim da luta, é preciso ter a intenção inquebrantável de destruir o antagonista, vencê-lo esmagadoramente. Tudo isso faz parte da iniciativa de ataque.

Na iniciativa de expectativa, Tai no sen, quando o adversário arremete, manter-se indiferente, fingir fraqueza. No momento em que ele se aproxima, recuar de modo firme e mostrar que vai saltar para trás. Assim que perceber que o inimigo relaxa, atacá-lo depressa e com força para conseguir o triunfo. Essa é uma forma de se antecipar ao inimigo. Se ele voltar ao assalto, contra-atacar com mais vigor, aproveitando uma pequena mudança no ritmo dele para vencê-lo. (...) Quando o inimigo se aproximar, procure irritá-lo com gestos e observe; quando ele deixar entrever pela expressão do rosto que o momento é oportuno, impinja-lhe uma fragorosa derrota. (...) Na hipótese de o adversário tomar a iniciativa do combate, procure neutralizar os movimentos úteis a ele e permita-lhe os inúteis. Esse é um dos pontos essenciais da arte militar. Mas, se apenas procurar impedir a ação do antagonista, isso quer dizer que você está agindo somente na defensiva. Agir de acordo com os mandamentos significa cortar no nascedouro as intenções do adversário, submetendo-o à sua vontade.

Musashi (O Livro dos Cinco Anéis; págs: 102, 103, 104 e 105)

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