As redes mudaram o mundo, é certo; mas ainda não ao ponto onde só e somente as redes são o mundo. Se este fosse o caso, não seriam apenas algumas poucas cidades que estariam capturando quase todo o valor gerado no mundo abstrato. (...) Economia e sociedade em rede podem ser definidas ao redor de conhecimento, organizadas em termos de informações e tratadas, do ponto de vista de sua dinâmica, como conjuntos de fluxos. (...) Um ESPAÇO é um PROCESSO que tem, associados, TERRITÓRIO, ORGANIZAÇÕES, CONHECIMENTO E TECNOLOGIA e um REPERTÓRIO de ações sobre tais estruturas concretas e abstratas.
Marc Agné ensina que um LUGAR é um sistema RELACIONAL, HISTÓRICO e onde há uma preocupação essencial com a IDENTIDADE de cada um e do próprio lugar. Os lugares, segundo Agné, estão centrados nos indivíduos que deles fazem parte, na cumplicidade - inclusive de linguagem e repertório, a cultura (...) E cultura, definida de forma simples, é [qualquer] transmissão [situada] de informações entre seres humanos. É isso que as redes todas, especialmente as instâncias virtuais de redes sociais, possibilitam em larga escala, em quase todas as geografias e línguas. (...) contexto e referências locais e em um certo modo, a maneira, o know-how de VIVER naquele lugar. São tais coisas que tornam o Rio de Janeiro diferente de São Paulo [mesmo quando se trata de negócios, exclusivamente] e de Recife. (...) Provavelmente copiá-lo para o seu lugar não faz sentido; ao invés,
desenhe seu lugar e os fluxos que, nele, a partir dele e para ele, vão
torná-lo diferenciado e único no espaço. (...) Criar uma Salesforce ou Twitter não independe de lugar; nenhum dos
dois sairia lá de Taperoá, pois as condições e repertório não existem,
por lá, para tal.
Se seus planos são de muito curto prazo, saiba que o horizonte de maturidade de UM LUGAR como o Porto Digital é de 25 anos ou mais. (...) E há algo especial para você prestar atenção: quando juntar o time pra criar o lugar, invista muito tempo em ouvir o que as pessoas querem fazer, como e quando elas querem fazer, com quem e pra que elas querem fazer. E vá adaptando o que você quer fazer ao que todo mundo quer, ou então vai ser muito difícil fazer seja lá o que for e talvez, em último caso, não dê pra fazer nada. (...) Só será se for possível gerar e capturar, do lugar onde se está, o mesmo valor que seria gerado e capturado caso se migrasse para o outro lugar.
Silvio Meira (Novos Negócios Inovadores de Crescimento Empreendedor no Brasil; págs: 36, 40, 41, 43, 44, 45, 47, 48, 50 e 51)
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