18 de março de 2021

OS FALASTRÕES SÃO A VOZ DA HUMANIDADE

Pawel Kuczynski

O negócio é o seguinte: astros do rock ou não, os falastrões são a voz da humanidade. A vida de conquistadores, magnatas, mártires, salvadores e até patifes (especialmente patifes!) representam a forma de contar nossa história e marcar o progresso desde as margens de alguns rios barrentos até onde estamos agora. Do faraó Narmer em 3100 a.C., o primeiro ser vivo cujo nome ainda sabemos, a Steve Jobs e Nelson Mandela, o arcabouço heroico é a forma usada pelas pessoas para ordenar o mundo. Narmer foi o primeiro em uma antiga lista de reis. Os escribas mudaram, mas a lista continua. Quer dizer, os anos 1960, o poder para o povo e tudo mais, é um exemplo perfeito: é a época de Lennon e McCartney, Dylan, Hendrix, não do “Cara da Festa”. Acima de tudo, a existência do homem comum não era digna de registro, exceto quando cruzava com a de uma lenda. Mas essa assimetria está acabando: os pequenos ruídos, os estalos e zumbidos do restante de nós finalmente estão sendo gravados. À medida que a internet democratizou o jornalismo, a fotografia, a pornografia, a caridade, a comédia e tantos outros caminhos de esforço individual, ela acabará democratizando nossa narrativa fundamental.

Christian Rudder (Dataclisma; pág: 24)

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