5 de março de 2021

BOCA A BOCA OFF-LINE

 

As coisas que os outros nos falam, mandam por e-mail ou mensagem têm impacto significativo sobre o que pensamos, lemos, compramos e fazemos. Visitamos os websites que nossos vizinhos recomendam, lemos livros que nossos parentes elogiam e votamos em candidatos que nossos amigos apoiam. O boca a boca é o fator primário por trás de 20% a 50% de todas as decisões de compra. Por consequência, a influência social tem um enorme impacto sobre produtos, ideias e comportamentos que pegam. A divulgação boca a boca de um novo cliente leva a um aumento de quase duzentos dólares nas vendas de um restaurante. Uma resenha de cinco estrelas na Amazon leva à venda de aproximadamente vinte livros a mais que uma resenha de uma estrela. Os médicos ficam mais propensos a prescrever um remédio novo se outros médicos que eles conhecem já prescreveram. As pessoas ficam mais propensas a parar de fumar se seus amigos param, e engordam se seus amigos ficam obesos. De fato, embora a publicidade tradicional ainda seja útil, o boca a boca cotidiano dos joãos e Marias é no mínimo 10 vezes mais eficiente. (...) A objetividade de nossos amigos, combinada à sua sinceridade, nos deixa muito mais inclinados a ouvi-los, confiar e acreditar neles (...) O boca a boca, por outro lado, é naturalmente dirigido para um público interessado. (...) Temos a tendência de selecionar pessoas específicas que achamos que podem considerar aquela informação mais relevante. (...) Não vamos falar para um amigo que não tem filhos sobre a melhor maneira de trocar fraldas. O boca a boca tende a chegar àqueles que de fato estão interessados na coisa em discussão.

Quantos por cento de boca a boca você acha que acontece on-line? Em outras palavras, qual o percentual de tagarelice que acontece através de mídias sociais, blogs, e-mail e salas de bate-papo? (...) O verdadeiro percentual é de 7%. (...) Pesquisa do Keller Fay Group [2014] verificou que apenas 7% do boca a boca acontece on-line. (...) Portanto, a primeira questão quanto a toda badalação em torno da mídia social é que as pessoas tendem a ignorar a importância do boca a boca off-line, muito embora essas discussões sejam predominantes e potencialmente ainda mais impactantes que as on-line.

Jonah Berger (Contágio; págs: 17, 18, 20 e 21)

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