Como os interesses são fragmentados, o bipartidarismo obriga os diversos grupos a comporem coalizões fictícias durante as campanhas eleitorais. Depois, uma vez passadas as eleições, os grupos começam a se desagregar e as várias forças que os compunham começam a atacar-se mutuamente, porque, na realidade, não são portadoras de interesses homogêneos. (...) E, assim, se criam os pressupostos dos quais nascem, em vez do conflito por blocos, os movimentos difusos: agregações muito flutuantes, isto é, que de quando em quando veem como aliadas pessoas que, transitoriamente, são portadoras dos mesmos interesses. Possuir um interesse em comum hoje não significa que se terá também outros interesses em comum amanhã. Obtido o objetivo momentâneo, cada um passa a outros objetivos, diversos entre si. E, portanto, passa a formar outras alianças.
Domenico de Masi (O Ócio Criativo; págs: 187 e 201)
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