Pablo Picasso (Guernica, 1937)
Sua mente voltou para a visão dos corpos apodrecidos dos japoneses que havia descoberto nas cavernas de Biak e o monte de lixo que viu jogado sobre soldados mortos em uma cratera de bomba. Evocou rapidamente a sucessão de histórias que havia escutado sobre americanos metralhando prisioneiros em uma pista de pouso de Hollandia, sobre australianos empurrando japoneses cativos para fora de aviões de transporte, sobre soldados americanos profanando os cadáveres de soldados japoneses em busca de dentes de ouro, sobre as fotografias de Mussolini e sua amante pendurados pelos pés. “Quanto mais longe recuamos na história”, disse para si próprio, “mais encontramos essas atrocidades, cometidas não apenas na Alemanha com seus Dachau, Buchenwald e seus campos Dora; mas na Rússia, no Pacífico, nos motins e linchamentos nos Estados Unidos, nos levantes pouco alardeados das Américas Central e do Sul, nas crueldades da China, na guerra recente na Espanha, nas matanças de judeus do passado, na queima das bruxas na Nova Inglaterra, nas pessoas cortadas aos pedaços pelos instrumentos de tortura dos ingleses, nas perseguições em nome de Cristo e de Deus.”
A. Scott Berg (Lindbergh: uma biografia; pág: 578)
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