Desde a primavera de 1932, o técnico em madeira Arthur Koehler vinha analisando a escada do seqüestro. Ele começou por desmontá-la completamente, numerando cada degrau e os corrimões. Diversos tipos de madeira – pinho, bétula, abeto – foram usados na construção da escada, cada um deles com suas marcas internas de anéis e nós e com suas próprias marcas externas da máquina que serrou a matéria-prima e das ferramentas usadas para construir a escada. Uma peça de madeira – identificada como “corrimão número 16” – era especialmente interessante porque tinha quatro buracos de pregos sem nenhuma conexão com a construção da escada e que, por isso, sugeriam utilização anterior. De um alburno inferior, sem nenhum sinal de envelhecimento causado por fenômenos climáticos, o corrimão dava a impressão de ter sido talhado em ambiente interno e usado para construção pesada, talvez numa garagem ou num sótão.
Havia dezenas de outras pistas que mantiveram Koehler na trilha investigativa. Os degraus dessa escada caseira, por exemplo, eram do suave pinho Ponderosa e não mostravam nenhum tipo de uso anterior, o que indicava que a escada havia sido construída para um emprego específico. As marcas deixadas nesses degraus pela plaina com que a madeira foi desbastada revelavam uma combinação incomum de tipos de corte. Koehler enviou cartas a 1600 marcenarias na Costa Leste perguntando se suas plainas tinham aquelas características. Respostas positivas vieram de 25 marcenarias, às quais se pediu que enviassem amostras de tábuas. Dentre elas, Koehler foi capaz de identificar a carpintaria Dorn Lumber, em McCormick, Carolina do Sul, como a fonte das tábuas que serviram para fazer os degraus da escada. Vinte e cinco carpintarias haviam comprado tábuas de Dorn Lumber desde o outono de 1929. Por meio de dedução científica, Koehler reduziu a lista até chegar à National Lumber and Millwork Company, do Bronx, que fizera uma encomenda em dezembro de 1931, três meses antes do seqüestro. Em novembro de 1933, após dezoito meses de investigação, Koehler precisava apenas dos comprovantes de venda da carpintaria do Bronx para chegar ao possível construtor da escada. Infelizmente, a National Lumber operava basicamente com papel-moeda e não mantinha esse tipo de contabilidade.
A. Scott Berg (Lindbergh: uma biografia; pág: 369)
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