2 de dezembro de 2020

CAPRICHO

Primeira edição (1952)

Capricho” foi a primeira revista brasileira a atingir, ultrapassar e a sustentar tiragens acima de meio milhão de exemplares mensais. (...) Quando levou “Capricho” àquelas alturas, Civita pensou que tinha nas mãos, finalmente, um veículo publicitário de grande aceitação. Ledo engano. (...) Como ainda não existia o IVC – Instituto Verificador de Circulação -, as agências levavam em conta as informações dos próprios editores. Havia entre eles o que se pode chamar de pacto de confiança. (...) O editor decidiu, então, montar uma estratégia para convencer as agências quanto à tiragem da revista. Idealizou uma operação de promoção publicitária razoavelmente barata, mas ousada e eficiente. Como “Capricho” era impressa à noite, ele e Rossi reuniram, numa badalada boate paulistana, os diretores de mídia das principais agências de publicidade de São Paulo e do Rio, com o pretexto de homenageá-los. No início da madrugada, os convidados foram convencidos a dar uma “passada” pela gráfica da Abril para uma rapidíssima visita. O momento escolhido por Civita era exatamente aquele em que a impressão atingia o ponto culminante. Ao verem as pilhas de revistas impressas e o marcador da rotativa ultrapassar a marca dos 600 mil exemplares impressos, os publicitários ficaram impressionados. E Civita aproveitou para perguntá-los se algum dia haviam sido convidados para assistir à impressão de “O Cruzeiro” ou de “Seleções” e verificar “in loco” se os números eram verdadeiros. A resposta foi negativa. O plano revelou-se eficiente. Logo, começou a fluir para a editora um volume maior de anúncios diversos, não apenas femininos, que iriam, em poucos meses, transformar “Capricho” em importante veículo publicitário.

Gonçalo Junior (O Homem Abril; págs: 98, 99 e 100)

Nenhum comentário: