16 de dezembro de 2020

"DO PÓ VIESTES, AO PÓ VOLTARÁS"

Decidira havia tempos que a morte era um simples fim, o término de qualquer tipo de consciência, o pó voltando implacavelmente ao pó. Essa filosofia alimentara seu egocentrismo. Ele se sentia justificado por cuidar da própria pele, controlando não só sua vida, mas também a dos outros em benefício próprio. Não havia certo e errado, assim como nenhuma verdade absoluta, apenas normas sociais regidas por leis e comportamentos gerados por algum sentimento de culpa. A morte, tal como ele a concebia, significava que nada realmente importava. A vida era um suspiro evolucionário sem sentido, a sobrevivência temporária do mais inteligente ou engenhoso. Dali a mil anos, se a raça humana sobrevivesse, ninguém saberia que ele havia existido nem se importaria com a maneira como levara a vida.

William P. Young (A Travessia; pág: 28)

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