4 de setembro de 2019

A COSMOVISÃO



A visão de mundo comum, partilhada pela maioria dos seres humanos, afirma que existe uma realidade objetiva e que podemos compreendê-la por meio da rigorosa aplicação da razão sobre os fatos. Essa visão de mundo imagina que algumas pessoas já adquiriram certo tipo de iluminação, baseada em fatos e compatível com a ciência e a lógica, e tentam ajudar o restante de nós a enxergar o mundo da maneira “correta”. Até onde posso dizer, a maioria das pessoas partilha dessa interpretação. O único senão é que todos acreditamos ser iluminados. E assumimos que aqueles que discordam só precisam de fatos melhores, e talvez de cérebros melhores, para concordar conosco. Esse filtro deixa a maioria de nós felizes - porque nos vemos como os inteligentes da história - e é bastante bom em prever o futuro, mas apenas porque o viés de confirmação (nossa tendência de interpretar os dados como apoiando nossas opiniões) fará com que o futuro se pareça com o que queiramos que pareça, dentro do razoável. (...)

O conceito-chave de um filtro é que ele não pretende fornecer uma visão acertada da realidade. Tudo que se espera dele é que dê resultados melhores que os outros filtros. Proponho que a melhor maneira de determinar objetivamente a utilidade de um filtro é perguntar se ele o deixa feliz e se faz um bom trabalho ao prever o futuro. (...) Quando eu era criança. (...) Meu filtro em relação à vida permitia a existência de todos os tipos de criaturas mágicas. A parte interessante - e a lição aqui - é que essa concepção totalmente errada da realidade fez um excelente trabalho em me manter feliz e prever o futuro, sem qualquer penalidade por não corresponder à realidade.

Scott Adams (Ganhar de Lavada; págs: 14, 15, 51 e 52)

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