11 de maio de 2016

MÍDIA DE MASSAS


A era da "mídia de massa", interrompida pela televisão a cabo, foi na verdade um período de homogeneidade cultural sem precedentes. Nunca antes, ou pelo menos nos 64 anos de intervalo entre os anos 1930 e o início dos 1990, tantos integrantes do mesmo pais viram ou ouviram as mesmas informações ao mesmo tempo. Em 1956, a apresentação de Elvis Presley no The Ed Sullivan Show atraiu inacreditáveis 83% dos lares americanos que tinham aparelho de TV. Em 1955, a transmissão do musical Cinderela atraiu 107 milhões de espectadores, quase 60% de toda a população dos Estados Unidos. Ken Auletta, o comentarista de mídia da New Yorker, disse em 1991: "Para nós, a televisão sempre significou três instituições - CBS, NBC e ABC. Elas têm sido a nossa igreja comunal." Talvez as redes de TV no mundo todo tenham sido o sistema de informação mais poderoso e centralizado da história da humanidade. (...) Uma mídia aberta tem muito a seu favor, mas não o poder de unificar o país. Para unir um país, nada melhor que uma mídia de massa centralizado, fato bem compreendido pelos totalitarismos fascista e comunista. Uma mídia aberta acarreta diversidade e fragmentação de conteúdo, fazendo com que as diferenças entre grupos e indivíduos se acentuem, e não com que sejam eliminadas ou reprimidas.

Tim Wu (Impérios da Comunicação; págs: 259 e 260)


O destino da opinião pública encontra-se intimamente ligado ao da democracia moderna. A esfera do debate público emergiu na Europa durante o século XVIII, graças ao apoio técnico da imprensa e dos jornais. No século XX, o rádio (sobretudo nos anos 30 e 40) e a televisão (a partir dos anos 60) ao mesmo tempo deslocaram, amplificaram e confiscaram o exercício da opinião pública. Não seria permitido, então, entrever hoje uma nova metamorfose, uma nova complicação da própria noção de "público", já que as comunidades virtuais do ciberespaço oferecem, para debate coletivo, um campo de prática mais aberto, mais participativo, mais distribuído que aquele das mídias clássicas?

Pierre Lévy (Cibercultura; pág: 131)

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