A comunicação de massa já estava a postos, mesmo na Idade Média. O sino, a bandeira e os sinais de fumaça eram meios que podiam enviar mensagens simultaneamente a milhares de pessoas. O som alto do sino, dependurado num campanário de uma cidade medieval, podia ser ouvido a várias milhas de distância, embora os que estivessem dentro desse raio de audição tivessem de avaliar se a mensagem os chamava para um serviço religioso ou anunciava que alguém de importância havia morrido. A bandeira colorida, geralmente feita de lã, enviava uma mensagem visual nítida a pessoas que não sabiam ler nem contar. Até o fim do século 19, a bandeira amarela significava doença infecciosa e a bandeira branca era um pedido de paz num campo de batalha. O fogo e a fumaça eram outro meio de comunicação, quando a disputa acontecia em alto-mar. Uma sucessão de fogueiras era arranjada de forma que, quando acesas, anunciassem a guerra. A oração coletiva em silêncio era vista como outro meio poderoso.
Dos meios tradicionais, a voz humana era a mais empregada. A maioria das notícias era passada adiante de boca em boca, fosse à beira de uma estrada na China ou num templo de Java. As palavras faladas lentamente e com ponderação alcançavam todos os cantos de um grande anfiteatro. Cristo e João Batista devem ter possuído vozes que se projetavam a longa distância. Aqueles que hoje vivem na era do alto-falante e do microfone não entendem a que distância pode chegar a voz humana ao natural. Em 1739, o jovem evangelizador inglês, George Whitefield, falava ao ar livre na cidade americana de Filadélfia; uma multidão inacreditável juntou-se a seu redor na esperança de ouvi-lo, despertando a curiosidade de Benjamin Franklin, que se encontrava por perto, em saber quantos espectadores podiam ouvir suas palavras. Ele mentalmente marcou os lugares mais afastados onde a voz do orador estava a ponto de tornar-se inaudível e concluiu que mais de 30 mil pessoas ouviam Whitefield naquele dia.
Geoffrey Blainey (Uma Breve História do Mundo; pág: 157)
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