31 de março de 2015

UNIVERSALIZAÇÃO


Da invenção da escrita decorrem as exigências muito especiais da descontextualização dos discursos. A partir desse acontecimento, o domínio englobante do significado, a pretensão ao "todo", a tentativa de instaurar em todos os lugares o mesmo sentido (ou, na ciência, a mesma exatidão) encontram-se, para nós, associados ao universal. (...) Para codificar seus saberes, as sociedades sem escrita desenvolveram técnicas de memória que repousam no ritmo, na narrativa, na identificação, na participação do corpo e na emoção coletiva. Em contrapartida, com a ascensão da escrita, o saber pôde destacar-se parcialmente das identidades pessoais ou coletivas, tornar-se mais "crítico", buscar uma certa objetividade e um alcance teórico "universal" (...) O escrito, depois o impresso, trazem uma possibilidade de extensão indefinida da memória social.

Pierre Lévy (Cibercultura; págs: 118, 165 e 258)

Nenhum comentário: