"Um corpo vivo e um morto contêm o mesmo número de partículas. Estruturalmente não há diferença discernível. Vida e morte são abstrações não quantificáveis. Por que eu deveria me importar?"
"Eu vou contemplar as estrelas. Elas estão distantes e sua luz leva muito tempo para nos alcançar. Tudo o que vemos das estrelas são suas velhas fotografias."
"Eu não posso impedir o futuro. Para mim, ele já está acontecendo."
"...Mas é tudo ilusão. As coisas têm suas formas no tempo, não apenas no espaço. Alguns blocos de mármore trazem estátuas encrustadas no futuro."
Rumo a Marte. Rumo a um lugar sem relógios, sem estações, sem ampulhetas para aprisionar a areia rosada e rodopiante. Abaixo de mim, na areia, oculta-se a sombra secreta de minha criação, enterrada nas areias do futuro. Eu me elevo no ar rarefeito. Estou pronto para começar. Um mundo cresce ao meu redor. Será que eu o estou moldando os seus contornos predeterminados guiam minha mão? Em 1945, bombas caem no Japão, engrenagens no Brooklyn, sementes do futuro são plantadas negligentemente. Sem mim, as coisas teriam sido diferentes. Se o gordo não tivesse esmagado o relógio, se eu não o tivesse deixado na câmara... Sou eu o culpado, então? Ou o gordo? Ou meu pai por escolher minha carreira? Qual de nós é responsável? Quem faz o mundo? Talvez o mundo não seja feito. Talvez nada seja feito. Talvez simplesmente seja, tenha sido, será eternamente... ...um relógio sem artesão.
"Tudo é predeterminado. Até minhas reações. Nós todos somos marionetes, Laurie. A diferença é que eu enxergo minhas cordas."
Não há futuro. Não há passado. Percebe? O tempo é simultâneo, uma joia intricada que os humanos insistem em enxergar um lado por vez, embora a estrutura seja visível em todas as facetas. Qual é sua lembrança mais antiga? Não sumiu. Ela ainda está aí. Permita-se vê-la. (...)
Toda a dor e conflitos encerrados? Todo o sofrimento desnecessário eliminado? Não... Não, isso não me incomoda. Eu questionava o sentido de tanta labuta. O propósito do esforço sem fim, que leva a nada, deixando as pessoas vazias e desiludidas... ...deixando-as alquebradas. Em minha opinião, ela [a vida] é um fenômeno exageradamente valorizado. Marte se dá muito bem sem um único micro-organismo. Veja... Estamos [em Marte] sobre o polo sul agora. Sem vida alguma, mas com degraus de trinta metros de altura, esculpidos pela areia e o vento numa topografia em constante mudança, fluindo e mudando de direção ao redor do polo em ondas de milhares de quilômetros. Diga-me... ...que benefício um oleoduto traria a esta paisagem?
Eu leio átomos, Laurie. Vejo o antigo espetáculo que gerou tais pedras. Além do mais, a vida humana é breve e mundana. E o universo nem mesmo notará [se todos morrerem]. Nós já discutimos isso, Laurie. Você afirmou que a vida humana é mais significativa do que essa desolação magistral e não me convenceu. Tentou comparar a reles incerteza de sua existência com o caos deste mundo...
Laurie, você se queixa, talvez com razão, de que não vejo a existência me termos humanos... ...ao mesmo tempo em que se recusa a cogitar meu ponto de vista, deixando-se cegar pelas emoções. Olhe para você... Furiosa, gritando... Se você ao menos relaxasse para ver o continuum, os padrões de vida ou a falta deles, com certeza entenderia minha perspectiva. Você está deliberadamente nublando sua percepção como se tivesse medo... Como se fosse delicada demais... (...)
Eu não acho sua vida sem sentido. Eu mudei de ideia. Milagres termodinâmicos... Eventos que, de tão improváveis, são na prática impossíveis... Como o oxigênio virar espontaneamente ouro. Eu anseio por observar algo assim. E, no entanto, em cada casal humano, milhões de espermatozoides avançam rumo a um só óvulo. Multiplique as possibilidades por incontáveis gerações, junte à chance de seus ancestrais estarem vivos, de se encontrarem, de conceberem esse preciso filho, essa exata filha... ...até mesmo sua mãe amar um homem que reunia todas as razões para ela odiar, e, dessa união, das milhões de crianças competindo pela fertilização, foi você, apenas você, que emergiu... ...extraindo forma específica desse caos de improbabilidades, como o ar se transformando em ouro... Isso é o pináculo do improvável. O milagre termodinâmico. Mas o mundo é tão cheio de pessoas, tão repleto desses milagres que eles se tornam lugar-comum e nós os esquecemos... Eu esqueci. Nós contemplamos continuamente o mundo e ele se torna opaco às nossas percepções. No entanto, encarado de um novo ponto de vista, ele ainda pode ser impressionante.
Vamos... Enxugue as lágrimas, porque você é vida, mais rara do que um Quark e mais imprevisível do que qualquer sonho de Heisenberg. A argila na qual as forças que moldam a existência deixam suas impressões digitais mais claras. Enxugue as lágrimas... ...e vamos para casa.
"Eu quase havia me esquecido da emoção de não saber, das delícias da incerteza..."
Alan Moore (Watchmen - edição definitiva: Capitulo 1: pág: 27. Capítulo 4: págs: 109, 124, 132, 134, 135 e 136. Capítulo 9: págs: 283, 284, 288, 290, 291, 295, 296, 301, 304, 305 e 306. Capítulo 12: pág: 387)
Um comentário:
Olá, é engraçado cheguei aqui pesquisando o que seria o "Dr Manhattan" e acabei encontrando esse blog, quero te fazer uma pergunta, o que você acha que é esse círculo em sua testa? (Me refiro ao Dr.) Para mim parece algo como um terceiro olho.
Postar um comentário