Para entender Schumpeter, precisamos levar em conta sua peculiar noção de "competição". Ele não tinha paciência para o que considerava uma fantasia de Adam Smith relacionada à guerra de preços, ao crescimento pelo corte de preços da concorrência e à melhoria da eficiência do mercado como um todo. "Na realidade capitalista, ao contrário da imagem esboçada em seu livro-texto, não é esse tipo de competição que faz a diferença", argumentava Schumpeter, mas "a concorrência de uma nova mercadoria, uma nova tecnologia, uma nova fonte de suprimentos, um novo tipo de organização." Essa é uma perspectiva para além de Darwin: "Uma competição que imponha uma vantagem decisiva em custo ou qualidade, e que ataque não a margem de lucro e a produção das empresas existentes, mas suas fundações e suas próprias vidas." Schumpeter chamou esse processo de "destruição criativa". Como ele definia: "A destruição criativa é o fato essencial do capitalismo. É nela que consiste o capitalismo, e é com ela que todo capitalista deve conviver." (...) Teóricos da evolução industrial, inclusive o próprio Schumpeter, sempre entenderam a alternância entre nascimento e destruição como uma inevitabilidade natural do mercado. Segundo a teoria, nada pode deter uma ideia quando chega o seu momento. Mas, e se, num cenário capitalista, uma entidade industrial se torna um órgão virtual do governo? É aqui que a ecologia natural do mercado deixa de funcionar e a criatividade industrial começa a ser tolhida. Será possível que o mercado, com seus meros competidores, consegue derrubar uma empresa que se tornou parte não oficial do governo federal? Este é o maior problema da noção schumpeteriana acerca do funcionamento do capitalismo. Não se pode esperar que a destruição criativa ocorra naturalmente em tais circunstâncias: destronar um monopólio apoiado pelo Estado se torna menos uma questão do mercado que um ato político.
15 de abril de 2016
DESTRUIÇÃO CRIATIVA
Para entender Schumpeter, precisamos levar em conta sua peculiar noção de "competição". Ele não tinha paciência para o que considerava uma fantasia de Adam Smith relacionada à guerra de preços, ao crescimento pelo corte de preços da concorrência e à melhoria da eficiência do mercado como um todo. "Na realidade capitalista, ao contrário da imagem esboçada em seu livro-texto, não é esse tipo de competição que faz a diferença", argumentava Schumpeter, mas "a concorrência de uma nova mercadoria, uma nova tecnologia, uma nova fonte de suprimentos, um novo tipo de organização." Essa é uma perspectiva para além de Darwin: "Uma competição que imponha uma vantagem decisiva em custo ou qualidade, e que ataque não a margem de lucro e a produção das empresas existentes, mas suas fundações e suas próprias vidas." Schumpeter chamou esse processo de "destruição criativa". Como ele definia: "A destruição criativa é o fato essencial do capitalismo. É nela que consiste o capitalismo, e é com ela que todo capitalista deve conviver." (...) Teóricos da evolução industrial, inclusive o próprio Schumpeter, sempre entenderam a alternância entre nascimento e destruição como uma inevitabilidade natural do mercado. Segundo a teoria, nada pode deter uma ideia quando chega o seu momento. Mas, e se, num cenário capitalista, uma entidade industrial se torna um órgão virtual do governo? É aqui que a ecologia natural do mercado deixa de funcionar e a criatividade industrial começa a ser tolhida. Será possível que o mercado, com seus meros competidores, consegue derrubar uma empresa que se tornou parte não oficial do governo federal? Este é o maior problema da noção schumpeteriana acerca do funcionamento do capitalismo. Não se pode esperar que a destruição criativa ocorra naturalmente em tais circunstâncias: destronar um monopólio apoiado pelo Estado se torna menos uma questão do mercado que um ato político.
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