2 de agosto de 2017

ESTRATÉGIA DE LUTA

Tire o maior proveito das condições favoráveis, formulando através delas uma vantagem estratégica para reforçar nossa posição. (...) Justiça e humildade são premissas com as quais se governa o Estado, mas nunca o exército; flexibilidade e oportunismo, por outro lado, são virtudes militares e não civis. (...)

(...) Há momentos em que a maior sabedoria é parecer não saber nada. Por isso, quando capaz, finja então ser incapaz; quando pronto, finja grande desespero; quando perto, finja estar longe; quando longe, façam acreditar que está próximo. Se o inimigo procurar alguma vantagem, seduza-o com uma armadilha. Se estiver desorganizado, ataque-o e conquiste-o. Se ele for muito poderoso, prepare-se para ele. Se ele possuir forças superiores, evite-o. Se ele for orgulhoso, provoque-o. Se ele for humilde, dê forças à sua arrogância. Se ele estiver descansado, faça-o se desgastar. Se ele estiver unido, separe-o. Ataque-o onde ele se mostrar despreparado. Adote caminhos que sejam para ele totalmente inesperados. (...) A confusão simulada requer uma disciplina perfeita, afinal, o caos estimulado se origina do controle, o medo fingido exige coragem, a fraqueza aparente se origina da força. Ordem e desordem é uma questão de número, de logística; coragem e medo é uma questão de configuração estratégica do poder, vantagem estratégica; força e fraqueza é uma questão de disposição das forças, posição estratégica (...) O bom estrategista, para vencer uma batalha, faz antes muitos cálculos no seu templo, pois sabe que eles são a chave que o conduzirá à vitória. É calculando e analisando que o estrategista vence previamente a guerra na simulação feita no templo. Portanto, fazer muitos cálculos conduz à vitória, e poucos, à derrota. Quando examino a questão dessa forma, o resultado da guerra torna-se evidente. (...)

Ver a vitória apenas quando ela está ao alcance da visão de todos não é o máximo de superioridade. O verdadeiro mérito está em planejar secretamente, deslocar-se subitamente, frustrar as intenções do exército inimigo e finalmente chegar à vitória sem o derramamento de sangue. (...) A capacidade de avaliar o inimigo, de criar condições para se chegar à vitória, e de calcular astutamente as dificuldades, perigos e distâncias constitui o teste de um grande comandante (...).

Os hábeis comandantes vencem a batalha depois de terem criado as condições apropriadas. Um comandante inteligente não apenas vence, ele se sobressai derrotando o inimigo com facilidade. Eles prevêem todas as eventualidades, conhecem as situações do inimigo e não ignoram o que podem fazer e até onde podem ir. O comandante inteligente vence as batalhas evitando cometer erros. Não negligencia nenhuma circunstância que garanta aniquilar o inimigo. Portanto, um exército vitorioso só entra na batalha depois de ter garantido a vitória, enquanto um exército derrotado só procura a vitória depois de ter entrado na luta.

"Semear a desordem nas próprias fileiras é oferecer aos outros o caminho da vitória."

Provoque-o para que assim possa descobrir o padrão de seus movimentos, force-o a revelar-se, de forma que venha a exibir seus pontos vulneráveis. Quando tiver preparado seus arranjos táticos, oculte-os. O máximo da habilidade quando se assume uma estratégia é não ter forma. No caminho da vitória, seu exército deve evitar os pontos fortes do inimigo e procurar atacar onde ele demonstrar maior fraqueza. Variar as próprias posições de acordo com as táticas e planejamento do inimigo. (...) A arte da guerra nos ensina a não contar com a possibilidade do inimigo não vir, e sim, estar preparado para ele; não depender do inimigo não atacar, mas depender principalmente de estar em uma posição invulnerável (...).

Sun Tzu (A Arte da Guerra; págs: 27, 28, 44, 51, 52, 61, 72, 73 e 108)

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