Os nossos longínquos antepassados (...) aprenderam a planejar o futuro só depois que descobriram a semente. O uso de sementes é uma descoberta que remonta a seis mil anos antes de Cristo e provoca uma verdadeira revolução. Desta vez as protagonistas foram as mulheres. É a grande fase matriarcal. Uma divisão sexual do trabalho já tinha ocorrido: o homem saía para caçar e a mulher, impossibilitada de locomover-se devido às maternidades frequentes, usava o tempo livre para a colheita de frutas. Contudo, aos poucos, o macho aprende que pode substituir o cansaço da caça por aquele, menor, da criação de animais: a caça implica perseguir animais adultos, muitas vezes perigosos, rebeldes e que fogem. A atividade de pastor, ao contrário, permite dominar os animais desde o seu nascimento.
A mulher, por sua vez, aprende que melhor do que recolher as frutas caídas é "cultivá-las" com a agricultura: pode plantas as sementes, regá-las e ver crescerem as plantas. Ambas as técnicas, pecuária e agricultura, produzem alimento dentro de um prazo previsível, diferido no tempo. Nesta fase, o ser humano aprende, justamente, a diferir, isto é, a adiar programando. Enquanto o animal deve satisfazer suas necessidades aqui e agora, o ser humano planeja o futuro e aprende que, trabalhando hoje, poderá obter alimento dali a seis meses. (...) Outra descoberta: a produção em série. Remontam a esta época os restos de algumas garrafas, fabricadas não por estrita necessidade, mas, evidentemente, para serem conservadas, trocadas ou vendidas. Pois bem, o animal faz somente aquilo que é necessário, aqui e agora, para si mesmo e para sua família. O ser humano, ao contrário, a partir dessa fase e daí para a frente, planeja o futuro e expande a produção, vendendo produtos a outros. Nasce o excesso de produção, um sistema econômico e de vida que dura até hoje.
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