Uma pesquisa recente compilou dados sobre os estereótipos que as
pessoas desenvolvem a respeito de homens e mulheres, revelando uma
tendência que recebeu o nome de efeito MSM (“Mulheres São
Maravilhosas”): tanto homens quanto mulheres tem uma visão mais
favorável a respeito das mulheres do que a respeito dos homens. Quase todo mundo gosta mais de mulheres do que de homens. Eu sem dúvida sou um desses. Porém, ao invés de ver a cultura como um patriarcado, isto é, uma
conspiração de homens para explorar as mulheres, creio que é mais
acurado dizer que uma cultura (por exemplo, um país ou uma religião) é
um sistema abstrato que compete contra sistemas rivais – usando tanto
homens quanto mulheres para avançar a sua causa.
Quando digo que estou pesquisando sobre as formas como a cultura
explora os homens, a primeira reação das pessoas é dizer: “Como você
pode dizer que a cultura explora os homens, se os homens estão no
controle de tudo? A maior parte dos governantes mundiais e executivos de
corporações são homens.” O erro desse modo de pensar é que ele olha
apenas para o topo. Se olharmos para a porção inferior da sociedade,
veremos que ali também há mais homens do que mulheres. Quem está nas
prisões do mundo, seja como criminosos ou prisioneiros políticos? Quem
são os sem-teto? Quem a sociedade usa para desempenhar atividades
insalubres ou perigosas? Quem é morto nas guerras? Basicamente, homens. A maior parte das culturas tende a usar homens ao invés de mulheres para tarefas de alto risco e elevado retorno,
e quero apresentar razões práticas para que seja assim. A maior parte
das culturas protege as mulheres do risco, e por isso não concede a elas
grandes recompensas. Não estou dizendo que seja eticamente certo agir
assim, mas culturas não são entidades éticas; fazem o que fazem a fim de
competir com outros sistemas e outros grupos.
Descendemos de mulheres que não se arriscaram e de homens que assumiram riscos
Levantou-se uma grande controvérsia quando Larry Summers, na época
presidente da universidade de Harvard, opinou que talvez não fosse o
preconceito que levasse a haver menos mulheres do que homens em lugares
de destaque no cenário científico; talvez, sugeriu ele, a razão fosse
simplesmente o fato de haver mais homens inteligentes do que mulheres.
Ele teve de pedir desculpas, de se retratar e finalmente de abandonar o
cargo, porque hoje em dia a única explicação permitida para a falta de
mulheres de destaque no campo da ciência é o patriarcado, a conspiração
dos homens contra as mulheres, não a habilidade inata. Na média os homens são precisamente tão inteligentes quanto as
mulheres, mas não foi isso que Sander disse. Ele opinou que há mais
homens inteligentes do que mulheres, o que não altera a média se ficar
provado – como demonstram também as estatísticas – que há mais homens na
porção inferior da escala, ou seja, há mais homens realmente estúpidos do que mulheres.
Confirmam todas as evidências que o padrão de retardamento mental é o
mesmo da genialidade: há mais homens do que mulheres nesses dois
extremos, e creio que a razão para que seja assim é biológica e
genética. A natureza arrisca mais com os homens do que com as mulheres,
mesmo em coisas como altura. Homens tendem aos extremos mais do que as mulheres.
Você quer pensar que os homens são melhores do que as mulheres? Olhe
para o topo, para os heróis, os inventores, os filantropos. Quer pensar
que as mulheres são melhores do que os homens? Olhe para baixo, para os
criminosos, os drogados, os perdedores. As principais teorias sustentadas sobre a diferença entre os
sexos são três: [1] os homens são melhores, [2] não existe diferença, e
[3] as mulheres são melhores. Quero propor uma teoria alternativa:
sustento que a seleção natural preserva diferenças inatas entre homens e
mulheres desde que essas características se mostrem benéficas em
circunstâncias diferentes ou para diferentes tarefas. Talvez homens e
mulheres sejam diferentes, mas cada vantagem pode estar associada a uma
desvantagem.
Além disso, creio que as diferenças entre homens e mulheres digam mais respeito a motivação do que habilidade.
Tavez as mulheres sejam capazes de fazer precisamente as mesmas coisas
que os homens, mas simplesmente não tenham vontade. Homens e mulheres
tem comprovadamente a mesma “habilidade” para o sexo, mas homens são
mais obcecados por sexo do que mulheres. Da mesma forma, salários
maiores vem para quem trabalha mais horas por semana, e a maior parte
dos viciados em trabalho são homens. A criatividade talvez seja outro
exemplo de diferença de motivação. Todos os estudos comprovam que
mulheres são tão criativas quanto os homens, mas os grandes artistas e
criadores são em geral do sexo masculino.
Quais são as diferenças de motivação entre homens e mulheres? Quero enfatizar duas.
Risco e retorno
A primeira diferença diz respeito a uma questão que é raramente
levada em conta: que percentagem de nossos ancestrais eram mulheres?
Qual a percentagem de gente que já viveu e tem um descendente vivo hoje?
A resposta não é 50%. Toda criança tem um pai e uma mãe, mas alguns
pais têm mais de um filho. Dois anos atrás uma pesquisa utilizando análise de DNA revelou que a população humana de hoje descende de duas vezes mais mulheres do que homens. Na história da humanidade cerca de 80% das mulheres, mas apenas 40% dos homens, se reproduziram. Esse comportamento reprodutivo pode ser explicado pela teoria da
evolução. Ao longo da história, as chances de reprodução para as
mulheres mantiveram-se definitivamente boas. Por que foi tão raro que
cem mulheres se reunissem e construíssem um navio e se lançassem ao mar
para explorar regiões desconhecidas, enquanto para os homens foi
razoalvemente comum realizarem coisas assim? O fato é que assumir riscos
como esses seria estúpido da perspectiva de um organismo biológico
buscando se reproduzir. Elas podiam se afogar, ser mortas por selvagens,
ou pegar alguma doença. Para uma mulher, a coisa ótima a se fazer é
ficar na sua, seguir com a corrente, não arriscar. As chances são boas
de que apareçam homens dispostos a fazer sexo e você poderá ter filhos. O
que importa é fazer a escolha correta. Descendemos de mulheres que não se arriscaram.
Para os homens, as coisas foram sempre radicalmente diferentes.
Se você seguir a corrente e não se arriscar, as chances são que você vai
acabar não tendo filhos. A maior parte dos homens que já viveu não tem
descendentes vivos hoje em dia. Por essa razão era necessário assumir
riscos, tentar coisas novas, ser criativo, explorar novas
possibilidades. Navegar para o desconhecido pode ser arriscado, mas se
você ficar em casa não vai de qualquer modo se reproduzir. A maior parte
de nós descende do tipo de homens que fez a viagem arriscada e voltou rico. Nesse caso ele teria uma chance de passar adiante os seus genes. Descendemos de homens que assumiram riscos (e tiveram sorte).
Coisas como ambição, criatividade e obsessão por sexo
provavelmente importavam mais para o sucesso masculino (medido em número
de filhos) do que para a mulher. Quando olho ao redor para homens e mulheres, não tenho como
escapar da impressão de que as mulheres são simplesmente mais agradáveis
e amáveis do que os homens (isso explica o efeito MSM, mencionado
antes). Os homens podem querer ser amáveis, e podem fazer com que
mulheres os amem (portanto a habilidade está lá), mas homens tem outras
prioridades, outras motivações. Para as mulheres, ser amável era a chave
para atrair o melhor parceiro. Para os homens, no entanto, a questão
era mais de superar outros homens para chegar a ter a chance de obter
uma parceira.
Talvez a natureza tenha projetado as mulheres para
buscarem serem amáveis, enquanto os homens foram projetados para
correrem (na maioria das vezes sem sucesso) atrás da grandeza.
Para os homens, valeu a pena. Estima-se que Genghis Khan, que assumiu
grandes riscos e conquistou a maior parte do mundo conhecido, tenha tido
mais de mil filhos. Mulher alguma, mesmo que tivesse conquistado o
dobro de território de Khan, poderia ter tido mil filhos. Correr atrás
da grandeza não oferecia à mulher retorno biológico algum. Por definição
são poucos os homens que conseguem se alçar à grandeza, mas para esses
os ganhos se mostraram reais.
Sociável com quem
Dez anos atrás um estudo propunha a tese de que as mulheres são mais
sociáveis do que os homens, visto que os homens são mais agressivos, e a
agressividade coloca em risco os relacionamentos. Escrevi uma resposta
argumentando que há duas maneiras de ser sociável. Na
psicologia social tendemos a enfatizar relacionamentos próximos,
relações íntimas, e talvez nesses as mulheres sejam de fato melhores do
que os homens. Mas os homens podem também ser considerados sociáveis em
termos de terem grandes redes de relacionamentos superficiais; talvez
nesse campo os homens sejam mais sociáveis do que as mulheres. Costumamos dizer que ter uns poucos amigos íntimos é melhor do que se
ter um grande número de conhecidos, mas uma grande rede de
relacionamentos pouco profundos pode ser importante também. Não devemos
ver os homens como seres humanos de segunda classe apenas porque eles se
especializam na forma de relacionamento menos importante e menos
satisfatória.
Reexaminemos a evidência. Está certo, as mulheres são menos
agressivas do que os homens, mas será porque as mulheres não querem
colocar em risco o relacionamento? Acontece que, em relacionamentos
íntimos, as mulheres são bastante agressivas, sendo que a maior parte
das violências domésticas é iniciada pela mulher. A diferença está em
que as mulheres não são violentas com estranhos. As chances de uma
mulher acabar se envolvendo com outra numa briga de faca numa saída ao
shopping são pequenas. As mulheres não se envolvem em violência nessa
rede mais ampla de relacionamentos, mas os homens sim, porque para eles
essa rede é mais importante. Da mesma forma, os homens mostram-se mais
dispostos a ajudar os amigos do que as mulheres, enquanto as mulheres
mostram-se mais dispostas a oferecer ajuda dentro de casa.
As mulheres tendem a ser ao mesmo tempo mais solícitas e mais
agressivas na esfera dos relacionamentos íntimos, porque é com isso que
se importam. Em contraste, os homens importam-se com a rede mais ampla
de relacionamentos superficiais, por isso mostram-se bastante solícitos e
violentos no âmbito dela. Estudos feitos em jardins da infância comprovam essa tendência. Se
duas meninas estão brincando e os pesquisadores trazem uma terceira, as
duas meninas oferecem resistência para aceitá-la, enquanto que dois
meninos aceitarão de bom grado que um terceiro se junte à brincadeira.
Ou seja, as meninas preferem a conexão um-a-um, enquanto os meninos
sentem-se atraídos por grupos maiores e redes mais amplas. As mulheres especializam-se na esfera estreita dos relacionamentos íntimos. Os homens especializam-se no grupo mais amplo.
Importantes diferenças de personalidade originam-se dessa diferença no tipo de relacionamento que interessa homens e mulheres. É lugar comum, por exemplo, dizer que as mulheres sabem expressar
suas emoções melhor do que os homens. Isso se explica: num
relacionamento íntimo, em que a comunicação é fundamental, pode ser
vantajoso ser capaz de expressar o que se está sentindo, mas num grupo
maior, em que você pode ter rivais ou inimigos, pode ser arriscado
deixar transparecer as suas emoções. Numa distribuição de recursos, as mulheres tendem a defender que
todos os envolvidos recebam a mesma parcela de um montante, enquanto os
homens tendem a defender que quem trabalhou mais deve receber mais. A solução masculina está melhor adaptada a grandes grupos, enquanto a solução feminina está melhor adaptada para pares íntimos.
Há também a noção de que os homens são mais competitivos e as
mulheres mais cooperativas – e, naturalmente, a cooperação é muito mais
útil do que a competição para relacionamentos íntimos. Já em grandes
grupos chegar ao topo pode ser fundamental. Não esqueça que a maior
parte dos homens não se reproduz, e descendemos de homens que chegaram
ao topo. Para as mulheres não foi assim.
Como a cultura usa os homens
O feminismo ensinou-nos a ver a cultura como uma questão de homens
contra mulheres. Penso que a evidência indica que a cultura surgiu de
homens e mulheres trabalhando juntos, mas trabalhando contra outros
grupos de homens e mulheres. A cultura pode ser vista como uma
estratégia biológica, o passo seguinte na linha evolutiva que tornou os
animais sociais. A cultura depende do ganho sistêmico, da sinergia, da formação de um
todo maior que a somatória das partes. Apenas sistemas maiores são
capazes de prover isso. Um relacionamento entre duas pessoas pouco pode
fazer em termos de divisão de trabalho e compartilhamento de
informações, mas um grupo de 20 pessoas pode fazer muito mais.
Como resultado, a cultura surgiu essencialmente no modo de relacionamento social favorecido pelos homens.
As mulheres favorecem relacionamentos íntimos, que são mais importantes
para a sobrevivência da espécie. A rede mais ampla de relacionamentos
superficiais não é vital para a sobrevivência, mas é vital para o
desenvolvimento da cultura. Não é o caso que em algum momento da História os homens tenham
escanteado as mulheres. O que aconteceu foi que a esfera das mulheres se
manteve essencialmente a mesma, enquanto que a esfera dos homens, dos
relacionamentos mais superficiais, foi vagarosamente se beneficiando com
o progresso da cultura.
Eis porque a religião, a literatura, a arte, a ciência, a tecnologia,
a ação militar, os mercados, a organização política e a medicina
emegiram primariamente da esfera masculina. A esfera feminina não
produziu essas coisas, embora tenha feito coisas valiosas, como tomar
conta da geração seguinte para que a espécie continuasse a existir. A diferença não se origina no fato dos homens terem mais habilidades
ou talentos, mas na natureza de seus relacionamentos sociais. A esfera
das mulheres organizava-se na base dos relacionamentos íntimos, um-a-um,
que são favorecidos pelas mulheres. Tratam-se de relacionamentos vitais
e profundamente satisfatórios, que contribuem vitalmente para a saúde e
para a sobrevivência. Os homens, por outro lado, favoreceram
as redes mais amplas de relacionamentos superficiais, que são menos
satisfatórios e emocionalmente compensadores, mas formam uma base mais
fértil para a emergência da cultura.
Coisas como arte, literatura e ciência são opcionais, sendo que as
mulheres estavam fazendo o que era vital para a sobrevivência da
espécie. A cultura, no entanto, tem um tremendo potencial de tornar a
vida melhor, e desenvolve-se com mais eficácia em cadeias de
relacionamento mais amplas e menos exigentes, terreno tradicionalmente
masculino.
A cultura conta com os homens para criar as grandes estruturas sociais
que a compõem. Isso provavelmente tem menos a ver com uma conspiração
patriarcal para oprimir as mulheres do que com o fato de que os homens
demonstram mais interesse do que as mulheres em formar grandes grupos,
trabalhar com eles e chegar ao seu topo. Outro modo pela qual a cultura usa o homem é naquilo que chamo de
descartabilidade masculina. Por que motivo, num acidente ou emergência,
convenciona-se que “mulheres e crianças” têm preferência para serem
resgatados, em detrimento dos homens?
Há normalmente um excedente de pênis
Penso que haja razões biológicas para que seja assim. Na competição
entre culturas, um grupo maior tem maiores chances de vencer um grupo
menor. É por essa razão que a maior parte das culturas tem promovido o
crescimento númerico, que depende das mulheres. Para maximizar a
reprodução uma cultura precisa de todos os úteros de que puder dispor,
mas basta uns poucos pênis para fazer o serviço. Há normalmente
um excedente de pênis. Se uma geração perder metade dos seus homens, a
geração seguinte poderá ainda assim chegar ao tamanho da anterior. Se
perder metade das suas mulheres, o tamanho da geração seguinte estará
gravemente prejudicado. É por isso que a maior parte das culturas mantém
as mulheres fora de perigo e coloca os homens para fazer o serviço
arriscado.
Outra base do caráter descartável do homem está embutida nos
diferentes modos de ser sociável. Num relacionamento íntimo, um-a-um,
nenhuma das partes pode ser de fato substituída em caso de uma perda.
Grandes grupos, por outro lado (digamos, empresas) podem substituir e de
fato substituem quem acham por bem. Dessa forma, os homens criam redes sociais onde os indivíduos são descartáveis e podem ser substituídos. As mulheres favorecem relacionamentos em que cada pessoa é preciosa e não pode ser verdadeiramente substituída.
Seja homem
Na maior parte das culturas toda pessoa adulta do sexo feminino
merece o título de mulher e é respeitada intrinsecamente como tal, mas
muitas culturas não concedem essa honra aos homens até que demonstrem o
seu valor. Alguns estudos sociológicos têm enfatizado que, culturalmente
falando, ser homem é produzir mais do que você consome.
Quer dizer, espera-se dos homens, em primeiro lugar, que provejam o seu
próprio sustento; se outra pessoa o sustenta, você não chega a ser
homem. Em segundo lugar, o homem deve ser capaz de gerar riqueza
adicional de modo a ser capaz de beneficiar a outros – esposa, filhos,
outros dependentes ou subordinandos – além de si mesmo. Você não é homem
de verdade até ter chegado nesse estágio.
Não creio que seja mais difícil ser homem do que mulher, mas é
preciso lembrar que a cultura explora o homem de modos muito
específicos. Um desses é requerer que o homem mostre-se merecedor de
respeito produzindo valor de modo a prover sustento para si mesmo e para
outros. As mulheres não têm de enfrentar esse desafio em particular. Essas exigências contribuem na formação de muitos dos padrões
comportamentais masculinos. A ambição, a competição e a busca pela
grandeza talvez estejam ligados ao requerimento dessa luta por respeito.
Grupos compostos exclusivamente por homens são marcados por zombarias e
outras práticas denigridoras de modo a lembrar a todos que NÃO HÁ
respeito suficiente para todo mundo, porque essa consciência pode
motivar cada homem a esforçar-se mais a fim de angariar respeito para
si. Essa mostrou ser uma grande fonte de fricção quando as mulheres
adentraram o mercado de trabalho; as organizações tiveram de mudar suas
políticas de modo a que todos fossem considerados dignos de respeito.
Originalmente, por serem compostas apenas de homens, as organizações não
haviam sido projetadas para serem assim.
O ego masculino, com sua preocupação em provar a si mesmo e competir com os outros, parece
ter sido projetado para agüentar os sistemas em que há escassez de
respeito e você tem de trabalhar duro para conseguir algum – ou será fatalmente exposto a humilhação.
Conclusão
Uma cultura usa tanto homens quanto mulheres, mas a maior parte
das culturas usa-os de modos diferentes. A maior parte das culturas vê
homens individuais como mais descartáveis do que mulheres individuais, e
essa diferença tem provavelmente origem biológica. Os homens tendem aos extremos mais do que as mulheres, e isso se
encaixa no modo como a cultura faz uso deles, incitando-os a tentarem
todo tipo de coisas diferentes, recompensando os vencedores e esmagando
impiedosamente os perdedores.
O modo como uma cultura usa o homem depende de uma insegurança social crônica
A cultura não é uma questão de homens contra mulheres. Em grande
parte, o progresso cultural emergiu de grupos de homens trabalhando
com e contra outros grupos de homens. Enquanto as mulheres se
concentraram em relacionamentos íntimos que permitiram que a espécie
sobrevivesse, os homens criaram as grandes redes de relacionamentos
superficiais, menos necessários para a sobrevivência mas que acabaram
permitindo o desenvolvimento da cultura. Os homens criaram as grandes
estruturas sociais que compõem a sociedade e ainda são em grande parte
responsáveis por elas, embora vejamos agora que as mulheres podem ter
desempenho tão bem quanto eles dentro desses grandes sistemas.
O que parece funcionar melhor para as culturas é jogar os homens
uns contra os outros, competindo por respeito e outras recompensas que
acabam distribuídas de modo bastante desigual. Requer-se dos homens que
provem o seu valor produzindo coisas que a sociedade valoriza. Eles tem
de vencer tanto rivais quanto inimigos em competições culturais,
provável motivo pelo qual não são tão amáveis quanto as mulheres. O modo como uma cultura usa o homem depende de uma insegurança
social crônica – insegurança que é, na verdade, social, existencial e
biológica. Embutido no papel do homem está o perigo de não ser bom o
bastante para ser aceito e respeitado e até mesmo o perigo de não ter um
desempenho bom o bastante para gerar descendentes. Essa insegurança
social essencial é fonte de stress para o homem, e não de admirar que
tantos homens entrem em colapso ou façam coisas terríveis ou heróicas ou
morram mais jovens do que as mulheres. Essa insegurança, no entanto, é
util e produtiva para a cultura, para o sistema. Não estou dizendo que é certo ou ético ou adequado que seja
assim. Mas tem funcionado. As culturas que usam essa fórmula têm se
mostrado bem sucedidas, e é uma das razões pelas quais venceram suas
rivais.
Versão condensada de Is There Anything Good About Men?, de Roy F. Baumeister, Eppes Eminent Professor of Psychology & Head of Social Psychology Area, Florida State University, Tallahassee, FL
Palestra concedida à Associação de Psicologia Norte-Americana, 2007
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