O Twitter, por exemplo, penou para manter o crescimento no início. Isso até descobrir (depois de uma extensa análise dos dados de usuários) que as pessoas que logo de cara começavam a seguir pelo menos outros 30 usuários eram muito mais engajados e inclinadas a continuar usando o serviço. Ao procurar saber por que seguir 30 pessoas parecia ser o ponto de virada, o time de crescimento constatou que receber um fluxo contínuo de notícias e posts de pessoas nas quais o usuário tinha interesse (...) como celebridades e políticos (...) era o momento aha. Seguir 30 pessoas criava um fluxo de updates que tornava o serviço must-have. (...) Josh Elman e sua equipe reformularam a experiência do usuário para que as pessoas seguisse outras 30 o mais depressa possível. No processo de sign-up, um recurso que sugeria pessoas a seguir com base nos interesses declarados pelo usuário virou uma parte crucial do processo. (...) Na Qualaroo, empresa de pesquisas para sites na qual nós, os autores, trabalhamos juntos, descobrimos que, se durante um teste um cliente recebesse 50 ou mais respostas em uma única pesquisa, a probabilidade de que pagasse para assinar o serviço ao final era três vezes maior que a de clientes que não recebiam 50 respostas no mesmo período, ou seja, 50 respostas era o que produzia o momento aha de ver como o produto trazia informações novas e valiosas. (...) Começamos a sugerir pesquisas e placements com maior probabilidade de atingir esse patamar de 50 respostas. (...).
No Slack, serviço de chat e mensagem para equipes que se propõem a dar fim às longas trocas de e-mail, (...) os dados mostraram que, uma vez que os integrantes de uma equipe tivessem enviado e recebido 2 mil mensagens entre si, crescia muito a probabilidade de que a equipe integrasse o Slack ao fluxo de comunicação e migrasse para um plano pago, com mais recursos. Esse número de mensagens parecia ser o ponto no qual as vantagens do Slack para a comunicação da equipe (na comparação com o e-mail) ficavam evidentes para todos. (...) O objetivo de toda essa experimentação e análise é descobrir o momento aha que o cliente tem, ou pode ter, com seu produto ou serviço. Uma vez identificados as condições que criam essa experiência mágica, a equipe deve se concentrar em garantir que mais gente viva esse momento o mais rápido possível. Quando o time de crescimento do Facebook percebeu que o momento aha dos usuários era o prazer de adicionar mais e mais amigos a sua rede, com base na descoberta de que a probabilidade de que o usuário continuasse ativo era maior se ele adicionasse ao menos sete amigos nos dez primeiros dias, todo o seu esforço foi concentrado em ajustar o site para levar as pessoas a adicionar mais amigos. Uma das mudanças mais importantes foi (...) ajudar o usuário a encontrar amigos. (...) Focando sua atenção em recursos para ajudá-lo a ampliar rapidamente sua rede.
Sean Ellis & Morgan Brown (Hacking Growth; págs: 68, 69 e 90)
12 de novembro de 2020
MOMENTO "AHA"
INTERNET DAS COISAS (INTERNET OF THINGS - IOT)
Com a rápida fusão desses dois mundos - o de bens físicos e o do software -, em breve não só será possível monitorar e atualizar continuamente um produto em tempo real, como será vital fazê-lo para permanecer competitivo. (...) A capacidade de uma empresa de permanecer conectada a seu produto após a venda “transfere o foco do relacionamento com o cliente (...) da venda - muitas vezes uma transição única - para a maximização do valor do produto ao longo do tempo”.
Sean Ellis & Morgan Brown (Hacking Growth; págs: 19 e 20)
7 de novembro de 2020
A EXPERIÊNCIA E A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO
Quando se pergunta: qual é a natureza de todos os nossos raciocínios
sobre os fatos? A resposta conveniente parece ser que eles se fundam na
relação de causa e efeito. Quando se pergunta: qual é o fundamento de
todos os nossos raciocínios e conclusões sobre essa relação? Pode-se
replicar numa palavra: a experiência. (...) A espécie mais habitual de relação entre os diferentes eventos que fazem parte de uma composição narrativa é a de causa e efeito. O conhecimento de causas não é apenas o mais satisfatório, já que esta relação ou conexão é mais forte do que todas as outras, mas também mais instrutivo, pois é unicamente por este conhecimento que somos capazes de controlar eventos e governar o futuro. (...) Não é apenas numa determinada parcela da vida que as ações de um homem dependem uma das outras, mas durante toda a sua existência, ou seja, do berço ao túmulo; é impossível quebrar um único elo, embora diminuto, desta cadeia regular sem afetar toda a série de eventos.
Um homem, ao encontrar um relógio ou qualquer outra máquina numa ilha deserta, concluiria que outrora havia homens na ilha. Todos os nossos raciocínios sobre os fatos são da mesma natureza. E constantemente supõe-se que há uma conexão entre o fato presente e aquele que é inferido dele. (...) Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, tanto as causas que o produziram como os efeitos que surgirão dele; nem pode nossa razão, sem o auxílio da experiência, jamais tirar uma inferência acerca da existência real e de um fato. (...) É preciso que um homem seja muito sagaz para poder descobrir através do
raciocínio que o cristal é o efeito do calor e o gelo o efeito do frio,
sem estar previamente familiarizado com o funcionamento destes estados
dos corpos. (...) A proposição que estabelece que as causas e os efeitos não são descobertos pela razão, mas pela experiência, será prontamente admitida em relação àqueles objetos de que nos recordamos e que certa vez nos foram completamente desconhecidos, porquanto devemos ter consciência de nossa absoluta incapacidade de predizer o que surgiria deles. (...) Se qualquer objeto nos fosse mostrado, e se fôssemos solicitados a pronunciar-nos sobre o efeito que resultará dele, sem consultar observações anteriores; de que maneira, eu vos indago, deve o espírito proceder nesta operação? Terá de inventar ou imaginar algum evento que considera como efeito do objeto; e é claro que esta invenção deve ser inteiramente arbitrária. O espírito nunca pode encontrar pela investigação e pelo mais minucioso exame o efeito na suposta causa. Porque o efeito é totalmente diferente da causa e, por conseguinte, jamais pode ser descoberto nela. (...) Em vão, portanto, pretenderíamos determinar qualquer evento particular ou inferir alguma causa ou efeito sem a ajuda da observação e da experiência. (...) O esforço máximo da razão humana consiste em reduzir à sua maior simplicidade os princípios que produzem os fenômenos naturais; e restringir os múltiplos efeitos particulares a um pequeno número de causas gerais, mediante raciocínios baseados na analogia, na experiência e na observação
Os argumentos referentes à existência se fundam na relação de causa e efeito; que nosso conhecimento daquela relação provém inteiramente da experiência; e que todas as nossas conclusões experimentais decorrem da suposição que o futuro estará em conformidade com o passado. (...) E é somente depois de uma longa série de experimentos uniformes, sobre qualquer gênero dado, que nos tornamos confiantes e seguros em relação a um evento particular. (...) Quando aparece um novo objeto dotado de qualidades sensíveis semelhantes, esperamos poderes e forças semelhantes e esperamos também um efeito análogo. De um corpo igual ao pão em cor e consistência, esperamos alimentação e subsistência análogas. (...) Todas as inferências provenientes da experiência supõem, como seu fundamento, que o futuro se assemelhará ao passado, que poderes semelhantes estarão conjugados com qualidades sensíveis semelhantes. (...) Certamente, (...) até os bebês e as bestas irracionais - se aperfeiçoam pela experiência e adquirem conhecimento das qualidades dos objetos naturais, observando os efeitos que resultam deles. Quando uma criança sentiu a sensação da dor ao tocar a chama de uma vela, terá cuidado de não pôr mais sua mão perto de outra vela, pois ela esperará um efeito semelhante de uma causa que é semelhante em suas qualidades e aparências sensíveis.
David Hume (Investigação Acerca do Entendimento Humano; págs: 42, 43, 49, 50, 51, 52, 53, 56, 57 e 58)
6 de novembro de 2020
O ESPÍRITO DA FILOSOFIA
Embora um filósofo possa viver longe dos negócios, o espírito da filosofia, se cuidadosamente cultivado por alguns, difunde-se gradualmente através de toda a sociedade e confere a todas as artes e profissões semelhante correção. O político adquirará maior previsão e sutileza na divisão e no equilíbrio do poder, o advogado, mais método e princípios mais sutis em seus raciocínios, o general, mais regularidade em sua disciplina, mais cautela em seus planos e em suas manobras.
David Hume (Investigação Acerca do Entendimento Humano; pág: 29)