27 de abril de 2014

10 DICAS PARA APRESENTAÇÕES

01: Use mais gestos, ocupe seu espaço.
Muitos palestrantes têm medo de ocupar muito espaço no palco. Na realidade, seu público espera que você se movimente, interaja. Afinal, você está lá para chamar a atenção para o que está dizendo. Outro caso grave é segurar os dedos, já que esse gesto passa a nítida impressão de nervosismo ou insegurança.

02: Fale com propriedade e energia.
Entre 80% e 90% dos palestrantes que observamos não falam com a energia necessária, o que transmite falta de desenvoltura, de interesse e de entusiasmo. Fale com mais empolgação, apresente com paixão. Você chamará muito mais a atenção e ganhará mais confiança e carisma com o público.

03: Prepare bem seu material de pesquisa.
É fato: muitos apresentadores não se preparam efetivamente para mostrar seus projetos.  Pesquisar bastante o deixa mais confiante para defender as suas ideias e preparado para as possíveis perguntas dos espectadores. As boas ideias geralmente aparecem enquanto você está fazendo outras coisas, então faça um rascunho, revise-o, faça a edição até que sua apresentação fique perfeitamente alinhada com o que você pensa e quer transmitir.

Conheça profundamente o conteúdo sobre o qual discutirá. Assim, você não lembrará de buscar o apoio dos slides.

04: Pratique o suficiente.
Não praticar suas falas é um dos maiores erros que você pode cometer. Porta-vozes experientes sempre ensaiam suas apresentações para uma audiência confiável, como amigos e familiares, antes do dia da apresentação. Lá, eles simulam o ambiente de sua apresentação usando um projetor e os gestos que aumentarão consideravelmente a possibilidade de tornar sua apresentação memorável.

05: Foque  no fator humano.
Se sua fala é baseada em números em vez de uma história humana contada através de dados, você está em apuros. Na edição de junho de 2013 da revista Fast Company, a COO da Guide, Leslie Bradshaw, concedeu uma entrevista sobre Big Data e disse que  “a arte está na preparação de conteúdo para o consumo ideal". 

Os dados não falam por si. Você os coleta, analisa e conta histórias. Pense em um iceberg. Debaixo da linha da água estão o armazenamento e análise de dados. Esses são os seus engenheiros e cientistas. Lá em cima é a interface. É tanto literal, quanto a narrativa. Tudo começa com as ciências mais complexas, a matemática e as análises, mas acaba com o mais surpreendente: a sua forma de contar a história".

06: Não tenha medo de correr riscos.
Muitos apresentadores evitam correr riscos. Não correr risco também é um risco. Quando o conteúdo da apresentação é muito seguro, ele normalmente é tido como chato. A habilidade mais importante que um microfone vai lhe proporcionar é exatamente a de chamar a atenção. Você pode mesmo se dar ao luxo de evitar riscos?

07: Não queira ser perfeito.
Isso vai parecer muito contra-intuitivo para muitos apresentadores jovens, mas você deve encontrar maneiras de mostrar vulnerabilidade, se você quiser passar credibilidade. Se você está tentando parecer perfeito, o público mais experiente vai perceber e se tornar ainda mais desconfiado. Conte histórias sobre momentos em que você cometeu erros e depois revele o que você aprendeu.

Na palestra de Brene Brown sobre Vulnerabilidade, no TED, ela afirma que "a definição original de coragem, quando foi trazida para a língua Inglesa – a palavra vem do Latin “cor”, que significa coração –  era contar a história de quem você realmente é do fundo do coração... simplesmente, a coragem de ser imperfeito.”

08: Se divirta, não force formalidade.
Muitos oradores tendem a ser muito sérios e formais. Se você conseguir trazer mais da sua naturalidade, seu estilo informal em suas apresentações, você será mais autêntico e engajador. A formalidade forçada e profissionalismo muito rígido tendem a render respeito, mas isso é algo que só tem importância com pessoas que desejam passar mais tempo com você. 

Respeite o profissionalismo do público, mas se relacione com eles com sua humanidade informal. Isso faz com que você mostre que é igual a eles e transmitirá mais confiança. Se você não está se divertindo, então não está fazendo a coisa certa.

09: Saiba o que é relevante.
Embora seja sempre melhor ter mais material do que necessário, é preciso saber também o que cortar se seu tempo de apresentação não for suficiente. É muito comum ver palestrantes  se preocupando demais em mostrar todo seu conteúdo sem se preocupar com o tempo limite da palestra. Isso é inadmissível. 

Para estimar quanto tempo você precisa para sua apresentação, pratique em voz alta e cronometre. Programe-se para que seu discurso ocupe entre 25% a 50% do seu tempo. É nessa hora que o orador consegue expandir mais as suas idéias, já que sente a reação do publico. 

10: Não se apresse.
Apressar-se agrava ainda mais qualquer problema que você tenha para se apresentar em público. Argumentos perdem impacto se você falar muito rápido. Cadenciar sua fala passará a impressão de que você é equilibrado, confiante e experiente. Além disso, falar lentamente aumenta a percepção da audiência, dá tempo ao público de digerir seus pontos-chave e causar mais impacto. Por fim, frases mais sucintas e convincentes fazem com que o público tenha tempo de captar seus pensamentos.

Fonte: cio.com.br

OS 10 PENSAMENTOS MAIS TÓXICOS PARA A CARREIRA

01: "Quem sou eu para mudar as coisas aqui nessa empresa?"
Com uma cultura e uma estrutura muito mais fortes, não há o que fazer para resolver os problemas. Assim, sob este pensamento, o profissional se apequena por acreditar, de antemão, estar de mãos atadas. “O impacto deste modelo mental consiste em profecia autorrealizável. Quem a profere dá um jeito de atingir o resultado que já era a sua expectativa”, diz Curi. Isso porque, o profissional fica na passividade, não arrisca, não coloca ideias, e, por fim, nunca consegue mudar nada muito menos resolver problemas da organização.

02: "O próximo passo só pode ser a cadeira de chefe"
Só tem sucesso na carreira profissional quem assume posição de liderança. Para Ernesto Haberkorn, sócio fundador da TOTVS e diretor da TI Educacional, este é um pensamentos mais destrutivos para quem não tem perfil de liderança. “Com o objetivo de ganhar mais, a pessoa tenta ser chefe quando não tem vocação para isso. Acontece muito com vendedores”, diz Haberkorn. O resultado é o fracasso na posição de chefia, que pede habilidades distintas daquelas que fizeram com que o profissional se destacasse. “Por isso, nas nossas empresas adotamos a promoção em Y”, diz ele citando o sistema de promoção que permite duas opções de ascensão profissional – gestores e especialistas –, ambas com o mesmo grau de importância.

03: "Treinamentos são perda de tempo, eu já sei!"
A relutância em participar de treinamentos pode estar ancorada em más experiências passadas. E assim o pensamento “já sei de tudo, é perda de tempo” se cristaliza. “A pessoa vai ficando desatualizada, não evolui e é substituída”, diz Haberkorn.

04: "Quando eu assumir a liderança, aí sim, ninguém me segura"
Hoje não é possível fazer nada, mas quando tiver poder, tudo vai ser diferente. “Quem pensa assim entende que é o contexto atual que não o deixa agir”, diz Curi. Se fosse o dono, se fosse o chefe. Quando for o dono, quando for o chefe. “O impacto disso é que esse dia nunca chega”, diz Curi. Não chega porque a pessoa é passiva, “espera sentada” e assim não cria as oportunidades. “O ideal é agir como se já fosse, como se já estivesse na posição”, lembra o especialista.

05: "Não sou capaz"
Segundo Eliane Figueiredo, diretora presidente da Projeto RH o sentimento de menos valia, resultado da baixa autoestima atrapalha bastante. “A pessoa pensa não ser capaz e acha que as outras pessoas são melhores do que ela”, diz.

06: "Ninguém faz tão bem quanto eu"
Este tipo de pensamento é um dos que mais prejudica quem assume a posição de liderança. Postura centralizadora é seu principal impacto. “Revisando cada vírgula, refazendo relatórios, o profissional vai passar a maior parte do tempo realizando tarefas dos subordinados com a falsa ideia de que o jeito dele de fazer é melhor”, explica Curi. Fazendo isso, deixa de liderar, não tem tempo de treinar e formar pessoas. “Isso atrapalha a formação de sucessores”, diz Curi que atribui também a este tipo de comportamento o tão comentado apagão de talentos.

07: "Eu sou excelente, o que me falta é oportunidade"
Quando o ritmo de evolução profissional na empresa não acompanha os colegas de trabalho, o sentimento de vítima perturba. Sou ótimo, mas não tenho oportunidade, acreditam muitos profissionais estagnados. “A pessoa não acha que é valorizada e não vê sua responsabilidade dentro da situação”, diz Eliane Figueiredo, da Projeto RH.

A culpa é do outro e o profissional é menos protagonista e muita mais vítima dos rumos indesejados de sua própria carreira. “Não consegue perceber sua parcela de responsabilidade, não toma as rédeas da carreira”, diz Eliane. “Seria melhor se acreditasse melhorar a cada dia e que é capaz de construir as próprias oportunidades”, sugere Curi.

08: "Eu não merecia, por que isso aconteceu comigo?!!!"
O problema surge e com ele o nervosismo paralisante. Ai meu Deus do céu, por que isso foi acontecer comigo? Eu não merecia!! Está armado o cenário caótico. “A pessoa fica se lamentando e analisando o problema de tal forma que isso toma conta de todas as suas energias”, diz Eliane. Sem ação por conta do desconforto emocional, a solução não vem. “No nervosismo a pessoa não enxerga o que está a sua frente”, diz a especialista. A dica é mudar de foco, do problema para a solução, de acordo com ela.

09: "Eu não posso errar"
O eterno pavor do erro. Entendê-lo como abominável deixa o profissional que falha completamente abalado. “A pessoa não percebe o erro como oportunidade para aprender”, diz Eliane lembrando que muitas descobertas aconteceram a partir de algo que deu errado.

10: "Eu faço para ser reconhecido"
A motivação é externa: elogio, parabéns, reconhecimento. “Se o profissional faz algo esperando reconhecimento e ele não vem, fica frustrado”, diz Eliane. Com a competitividade em alta nas organizações, cumprir a meta, por mais arrojada que ela seja, não passa de uma “obrigação”. Por isso a motivação deve ser interna.

Fonte: exame.com

5 de fevereiro de 2014

SOBRE O COSTUME DE AGRUPAR LIVROS

Como se sabe, o conjunto de livros sagrados dos judeus – Tanakh, como se diz em hebraico – aparece nas Bíblias cristãs com o nome de Velho Testamento (“velho”, preste atenção – como que para anular qualquer relevância que os textos possam ter).

Embora consistam essencialmente do mesmo conjunto de livros (católicos e ortodoxos acrescentam uma meia dúzia), os cristãos dividem os livros do Velho Testamento de forma diferente do que os judeus fazem com a sua Tanakh. Para os cristãos o Velho Testamento está dividido em 3 grandes agrupamentos de textos, os livros históricos, os livros poéticos (ou “de sabedoria”) e os livros proféticos (ou apenas “os profetas”) – nesta ordem.

O principal efeito desta divisão está em que, ao concluir com os profetas, os cristãos reduzem-nos imediatamente a meros arautos do que está por vir (isto é, Jesus e o Novo Testamento). É como se tudo que os profetas tivessem a dizer fosse “prepare-se, porque o melhor está por vir! Se você acha este trailer bom, espere até ver o filme completo – somente nas melhores salas do Novo Testamento”.

Perde-se com isso a característica mais essencial (e mais relevante para os cristãos) da literatura dos profetas: o fato de que eles não apenas predizem que Jesus está por vir (coisa que, quando os vemos fazer, devemos supor que faziam-no sem perceber), mas em grande parte prefiguram o seu discurso. Jesus foi um cara revolucionário e original, mas quando entra em cena, centenas de anos depois do silêncio do último profeta, ele reflete anseios e visões de mundo que os profetas já haviam exposto de forma muito eloqüente. Na vertiginosa ousadia de suas imagens e propostas, alguns profetas foram na verdade mais longe do que Jesus.

Os judeus dividem o mesmo conjunto de livros em três grupos distintos, a Lei (em hebraico Torah), os Profetas (hebraico Nebiim) e os Escritos (hebraico Ketubim), também chamados metonimicamente de Salmos – nesta ordem. O nome “Tanakh” é na verdade uma abreviatura formada pelas iniciais destas três seções, “T”, “N” e “K”.

A surpresa desta divisão não está apenas na ordem (os Profetas vêm logo depois da Lei e antes dos Salmos), mas no conteúdo. Para um cristão parecerá no mínimo singular ver que os livros de Josué e Juízes são contados entre os profetas, ou que os livros de Ester, Daniel e Neemias são tomados por literatura, ao lado de obras poéticas como o Cânticos dos Cânticos.

Jesus e seus seguidores, que desconheciam a distinção cristã entre Velho e Novo Testamento (esse último naturalmente não havia sido escrito), pensavam nas Escrituras hebraicas nos termos da divisão da Tanakh. Em Lucas 24:44, por exemplo, Jesus explica que era necessário cumprir-se tudo que estava escrito a respeito dele “na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” – ou seja, na Torah, nos Nebiim e nos Ketubim.

Os antropólogos contemporâneos já diagnosticaram o tremendo poder ideológico que há por trás de algo tão aparentemente inofensivo quanto uma classificação. Imagine, por exemplo, as conseqüências de se viver num mundo em que a poesia e a literatura estão mais perto de Jesus do que os profetas, ou em que Gênesis não está classificado entre os livros históricos.

Judeus: Tanakh.

Cristãos: Velho Testamento.

Lei (Torah): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.

Livros Históricos: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester.

Profetas (Nebiim): Profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis; Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Livros Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos.

Escrituras ou Salmos: Jó, Salmos, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, 1 e 2 Crônicas.

Profetas: Profetas maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel Profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Paulo Brabo

MAS O ENSINO ERA TÃO CLARO

– Mas o ensino era tão simples e claro – disse Belzebu, ainda relutando em acreditar que seus servos tivessem feito o que não lhe ocorrera fazer. – Era impossível interpretá-lo de forma errada. “Façais aos outros o que quereis que vos façam!” Como distorcer isso?

– Bem, aconselhados por mim eles utilizaram diversos métodos – respondeu o diabo de capa. – Os homens contam a história de um mágico bom que salvou uma pessoa de um mágico perverso transformando a pessoa num minúsculo grão de trigo; o mágico mau, tendo se transformando num galo, estava prestes a bicar o grãozinho, mas o mágico bom esvaziou uma saca de trigo sobre ele. O mágico mau não tinha como comer todo o trigo, pelo que não conseguiu encontrar o único grão que desejava. Foi isto que a conselho meu fizeram com o ensino daquele que ensinava que a lei consiste em fazer aos outros o que desejamos que façam a nós. Eles aceitaram sessenta e seis livros diferentes como sendo a exposição sagrada da lei de Deus, e declararam que cada palavra desses livros era produção de Deus, o Espírito Santo. Sobre o simples e facilmente compreensível eles derramaram tamanha coleção de verdades pseudo-sacras que tornou-se impossível, por um lado, aceitá-las todas, e por outro encontrar entre elas a única verdade necessária para o homem.

– Este foi o primeiro método. O segundo, que usaram com sucesso por mais de mil anos, consistiu simplesmente em matar e queimar qualquer pessoa que desejasse revelar a verdade. Este método está entrando agora em desuso, mas eles não o abandonam por completo; embora não queimem os que expõem a verdade, caluniam-nos e envenenam as suas vidas de tal forma que são poucos os que arriscam desmascará-los.

– Este foi o segundo método. O terceiro é que, sustentando serem eles mesmos a Igreja e portanto infalíveis, eles ensinam simplesmente, e quando lhes convém, o contrário do que dizem as Escrituras, deixando para seus discípulos extraírem eles mesmos, a partir dessas contradições, o que puderem e o que lhes agrade. Por exemplo, se as Escrituras dizem: “A ninguém na terra chameis de vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo”, eles dizem: “Nós apenas somos os pais, e nós apenas somos os mestres dos homens”. Foi dito: “Tu, quando orares, faze-o em oculto, e Deus te ouvirá”, mas eles ensinam que os homens devem orar em igrejas, na companhia de outros, com cântico e música. As Escrituras dizem: “De maneira nenhuma jureis”, mas eles afirmam que é necessário jurar obediência implícita às autoridades qualquer que seja a demanda delas. Foi dito: “Não matarás”, mas eles ensinam que podemos e devemos matar, em conformidade com a lei. Foi dito: “Meu ensino é espírito e vida. Alimentai-vos dele como que de pão”, mas eles ensinam que se pedacinhos de pão forem molhados em vinho e certas palavras forem proferidas sobre eles, esses pedacinhos de pão tornam-se carne e o vinho torna-se sangue, e que comer este pão e beber este vinho é muito proveitoso para a salvação da alma. As pessoas acreditam nisso e comem obedientemente esses bocados molhados de pão, e depois quando caem nas nossas mãos ficam perplexos de que os bocados não os tenham ajudado.

E o diabo de capa, rolando os olhos e virando as órbitas para cima, sorriu de orelha a orelha.

– Isso é excelente – disse Belzebu, e sorriu. E todos os diabos caíram na risada.

Paulo Brabo