8 de maio de 2013

MEU TEMPO TEM NOME


Nunca vi o tempo distorcer tanto... O relógio desaprende a contar qualquer coisa quando te vejo e aprende a cantar desafinadamente os minutos quando nos despedimos. Teu beijo é o eterno num fechar de olhos, te abraçar me leva as mais variadas eternidades antes impensáveis. Teu sorriso? Nem ouso esboçar mais nada, qualquer palavra não chega aos pés de descrever o teu cheiro, teus gestos e todas as sutilezas que ensaio entender. Melhor parar por aqui antes que eu comece a me iludir achando que posso explicar algo do que ando a viver contigo...

Diego Cosmo

23 de abril de 2013

SAUDAÇÕES AOS MALUCOS!


Think Different (Apple)

O MITO DO SUCESSO

A análise feita por Tocqueville há cem anos foi plenamente confirmada. Sob o monopólio privado da cultura sucede de fato que "a tirania deixa livre o corpo e investe diretamente sobre a alma". Aí, o patrão não diz mais: ou pensas como eu ou morres. Mas diz: és livre em não pensares como eu, a tua vida, os teus bens, tudo te será deixado, mas, a partir deste instante, és um intruso entre nós. Quem não se adapta é massacrado pela impotência econômica que se prolonga na impotência espiritual do isolado. Excluído da indústria é fácil convencê-lo de sua insuficiência. Enquanto agora, na produção material, o mecanismo da demanda e da oferta está em vias de dissolução, na superestrutura, ele opera como controle em proveito dos patrões. Os consumidores são os operários e os empregados, fazendeiros e pequenos burgueses. A totalidade das instituições existentes os aprisiona de corpo e alma a ponto de sem resistência sucumbirem diante de tudo o que lhes é oferecido. E assim como a moral dos senhores era levada mais a sério pelo dominados do que pelos próprios senhores, assim também as massas enganadas de hoje são mais submissas ao mito do sucesso do que os próprios afortunados. Estes têm o que querem e exigem obstinadamente a ideologia com que se lhes serve.

Max Horkheimer e Theodor W. Adorno
 
Luiz Costa Lima (org) (Teoria da Cultura de Massa; pág: 198)

16 de fevereiro de 2013

SINTO, LOGO EXISTO


Somos tudo aquilo que conseguimos fazer, porém, o somos, apenas, em parte. No fundo, somos tudo aquilo que sentimos em nosso íntimo, tudo aquilo que nos toca e emociona de alguma forma. No entanto, o que fazemos mostra o quanto há de intenso no que sentimos. Isto é, o quanto existimos de fato. Para esse fim, reformularia a frase de Descartes: "Penso, logo existo", para: "Sinto, logo existo". Eis a problemática de toda uma vida, que consiste no esforço constante de aproximar cada vez mais o discurso da prática. Como dizia Paulo Freire: "É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.". Enfim, que a consciência seja um convite vivo a sermos o que realmente somos, sem tanto pudor. Diante da infinita dinâmica existencial; todo fato é ficção; todo homem carrega o mito em si; toda nossa racionalidade é, invariavelmente, emotiva.

Diego Cosmo