Em 1989 foi lançado o jogo Prince of Persia, que ficou mundialmente famoso pela inovação em seus gráficos. É um jogo muito legal pra sua época, e marcou minha infância. O objetivo é atravessar calabouços e enfrentar soldados para resgatar a princesa. Todo o jogo deve ser completado em 60 minutos, tempo em que um feitiço fará efeito. Pra mim, algo marcou neste jogo. Em dado momento, um espelho surge do nada e bloqueia o caminho. A espada não pode quebrá-la, e a única forma de atravessar é se jogar de corpo inteiro no espelho. Quando o espelho é atravessado, uma sombra é projetada saindo do espelho (no sentido oposto) e esta sai correndo. Um holograma seu ganha vida.
Ao longo do jogo, a sombra parece fugir, ou dificultar sua vida, mas nunca num confronto direto. Muitos momentos depois, já próximo ao final do jogo, a sombra reaparece. Diferente das outras vezes, frente a frente. O natural é puxar a espada. A sombra puxa também. Mas cada golpe desferido também reduz sua própria vida. Não há como ganhar de si mesmo. A única forma de não morrer é não manter a espada em punho, andar em direção a sombra, e reintegrar-se com ela. Mesmo jogando enquanto criança, achei aquilo fantástico, muitíssimo interessante. No jogo é preciso morrer uma vez pra perceber que não é uma luta entre você e o outro. É preciso morrer outra vez pra perceber que não é uma luta entre você e você mesmo. Finalmente, você percebe que não é uma luta.
Delson Barros
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