ECONOMIA:
"Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe. E não há crime de responsabilidade" - se esse é seu discurso, por favor, me explique esses números (lamento, você não vai ver isso na propaganda do governo que você defende. Porque, como todo criminoso, ele esconde os fatos e as provas. Porém, esses números são do Banco Central - será que você também acredita que o BC faz parte da "conspiração contra democracia e a favor do golpe?")
Jaime Neto
Sua mulher mandou você ao supermercado comprar 100 reais em arroz e feijão. Chegando lá, ela liga e diz que você também vai ter que comprar carne, queijo, leite, batata e cenoura com os mesmos 100 reais. Você percebe que é impossível comprar tudo isso com esse dinheiro. Mas como eram itens de primeira necessidade e - principalmente - porque dali alguns meses haveria uma eleição para melhor marido do bairro, você compra todos os itens que sua mulher pediu. Foi pra casa e disse que tudo tinha custado os mesmos 100. Mas não tinha. Na verdade, custou 380 reais. Só que esses 280 a mais eram para você pagar o aluguel. Você deixou de pagar naquele mês. E nos meses seguintes, porque todo mês você tinha que comprar a mesma lista. A eleição de melhor marido estava chegando. Os meses se passavam e o buraco que você criou no aluguel, na luz, no gás foi crescendo e somando juros. Veio a eleição e pá! Você ganhou. Melhor marido do bairro. Imediatamente você reduziu a lista para pão e água. E mandou todo mundo em casa parar de usar eletricidade, gás, água e telefone. Mudou com a família para uma kitchnet mas não importa, porque agora você seria o melhor marido do mundo por mais 4 anos.
Mentor Neto
A taxa de redução da desigualdade social no Brasil permaneceu estável entre os anos 2000 e 2014. Apesar do crescimento da renda entre as pessoas mais vulneráveis e extremamente pobres, o Brasil não conseguiu, em 14 anos, diminuir o fosso entre ricos e pobres. A conclusão é do Radar IDHM, índice que compara as tendências de crescimento dos indicadores sociais na década de 2000 a 2010 e no período de 2011 a 2014. O estudo, lançado hoje (22) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, aponta que o Índice de Gini, que mede o nível de desigualdade, teve uma redução 0,6% de 2000 a 2010, mesma proporção identificada para o período de 2011 a 2014. O valor foi considerado inexpressivo pelos especialistas. (...) Por outro lado, a pesquisa mostra que entre 2011 e 2014 a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a 255 reais diminui 9,3% por ano, enquanto que de 2000 a 2010 o decréscimo anual foi de 3,9%. A redução foi ainda maior no grupo de pessoas com renda inferior a R$ 70, faixa que apresentou decréscimo anual de 14 % entre 2011 e 2014, contra o índice de 6,5% anual entre os anos de 2000 e 2010.
Fonte: EBC Agência Brasil
A taxa de redução da desigualdade social no Brasil permaneceu estável entre os anos 2000 e 2014. Apesar do crescimento da renda entre as pessoas mais vulneráveis e extremamente pobres, o Brasil não conseguiu, em 14 anos, diminuir o fosso entre ricos e pobres. A conclusão é do Radar IDHM, índice que compara as tendências de crescimento dos indicadores sociais na década de 2000 a 2010 e no período de 2011 a 2014. O estudo, lançado hoje (22) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, aponta que o Índice de Gini, que mede o nível de desigualdade, teve uma redução 0,6% de 2000 a 2010, mesma proporção identificada para o período de 2011 a 2014. O valor foi considerado inexpressivo pelos especialistas. (...) Por outro lado, a pesquisa mostra que entre 2011 e 2014 a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a 255 reais diminui 9,3% por ano, enquanto que de 2000 a 2010 o decréscimo anual foi de 3,9%. A redução foi ainda maior no grupo de pessoas com renda inferior a R$ 70, faixa que apresentou decréscimo anual de 14 % entre 2011 e 2014, contra o índice de 6,5% anual entre os anos de 2000 e 2010.
Fonte: EBC Agência Brasil
EDUCAÇÃO:
Patricia Guedes (Valor Econômico)
A frente do ministério da educação (MEC) há menos de um mês, Janine afirmou nesta segunda (4/05) que as verbas para novos contratos do programa se esgotaram para o ano de 2015 e, inclusive, para novos contratos no segundo semestre e em 2016. Em uma clara expressão das conseqüências dos ajustes e cortes que o Governo Federal tem realizado em numerosas áreas e, em específico, na educação, as verbas para o FIES, segundo os cálculos do próprio MEC, se limitaram a 2,5 bilhões de reais para 2015. Para o mesmo programa, em 2014, foram destinados mais de 4,8 bilhões de reais, demonstrando um corte de quase 50% de verba, o que tem levado ao desespero milhões de jovens que no primeiro semestre não puderam se inscrever por problemas técnicos ou com os aumentos de mensalidades abusivos de diversas Universidades Privadas. Do total de 500 mil pedidos de inscrição em 2015, cerca de 252 mil contratos foram firmados, demonstrando que metade da demanda, apenas, foi atendida. (...) Em 2014 eram mais de 1,9 milhões de contratos do FIES estabelecidos com grupos privados e mais de 30 bilhões de reais utilizados no programa, no período de 2010 a 2014. Todo este montante foi transferido integralmente para os tubarões do ensino, como Kroton-Anhanguera, Ser Educacional e Estácio, alçando o Brasil à categoria de “campeão de empresas do ensino”, todas elas ligadas umbilicalmente ao Estado pela via da transferência de bilhões de reais. O FIES teve suas regras alteradas no início do ano, exigindo agora a nota mínima de 450 pontos no ENEM (exame nacional do ensino médio) e que a mensalidade de determinada universidade não seja reajustada acima dos 6,4%, ao mesmo tempo em que se anunciava um dos maiores cortes da última década no orçamento da educação: mais de 7 bilhões de reais. Na “Pátria educadora” de Dilma já se tornou um “lugar comum” a dificílima situação pela qual passam as Universidades federais que, com o corte de verbas, tem acumulado dívidas e cortado a carne dos trabalhadores terceirizados e da permanência estudantil (bolsas, moradia, etc) para, supostamente, economizar.
Antes mesmo de oficializar o represamento de orçamento no âmbito do ajuste fiscal, a tesoura atingiu programas como o Fies (Financiamento Estudantil) e o Pronatec, as duas principais bandeiras de Dilma na área da educação durante as eleições de 2014. Depois de uma expansão de financiamentos entre 2010 e 2014, o governo alterou as regras do Fies ainda nos últimos dias de 2014. Restringiu o acesso ao programa e chegou a adiar pagamentos a empresas educacionais. O ano fechou com 313 mil contratos, 57% menos do que o registrado em 2014. (...) De acordo com Janine Ribeiro, não foi possível prever que o golpe financeiro no MEC seria tão grande. "Em um ano sem dinheiro, fica um problema muito grande", diz ele, que defende a melhora nos gastos e critica o PNE. "O PNE é um plano de gastos, não é de melhora nos gastos. Passa a ter a crise e não se sustenta a expansão prevista.
Fonte: UOL
"Não necessariamente o aumento dos recursos para a educação ou a aprovação de novas leis se traduziram em melhorias na qualidade do ensino. O período (de governos do PT) foi caracterizado por problemas na implementação e uso de recursos. Por isso, a ampliação dos gastos com educação não se fez sentir de forma mais efetiva na população brasileira".
Marcelo Paixão
ENFIM:
Porém, seja por inércia ou por pressões políticas, permanece intacto o aparato de leis, regras e escolhas (erradas) feitas por governantes que desde sempre sustenta a concentração da renda do País na pequena parcela de ricos. Na educação houve algum progresso: se, no início dos anos 90, havia 17% de crianças fora da escola, hoje só há 2%. Mas a qualidade do ensino é tão ruim que grande parte dessas crianças não passa do estágio de analfabetismo funcional. A escolaridade média da população quase estagnou: nos últimos 20 anos passou de 5 para apenas 7,3 anos de permanência na escola. É o que explica a baixa produtividade do trabalhador e a desvantagem do Brasil em qualidade de produtos em relação aos fabricados na Ásia, por exemplo, onde é normal trabalhadores terem cursado universidade.
O sistemático recuo dos governantes, que preferem ceder a pressões políticas a fazer uma reforma tributária consistente, também tem alimentado a concentração da renda. Segundo pesquisa da Fiesp baseada em números da Receita Federal, as famílias pobres que vivem com até dois salários mínimos comprometem 48,9% de sua renda em pagamento de impostos, quase o dobro dos 26,3% pagos pelas famílias com renda acima de R$ 20 mil. Ao se apropriarem de 35% de toda a renda do País arrecadando tributos, os governos (federal, estaduais e municipais) têm enorme poder de concentrar ou desconcentrar pobreza e riqueza, dependendo de suas escolhas para aplicar verbas públicas. E desde sempre essas escolhas têm beneficiado mais ricos do que pobres, mais quem grita e faz pressão política do que os excluídos silenciosos. Ao ampliar de 25 para 38 o número de ministérios, Lula escolheu concentrar gastos com o funcionalismo, sabendo que vai faltar dinheiro para hospitais atenderem doentes; para escolas qualificarem professores; para construir rede de esgoto e água tratada; para ações que reduzam a violência entre jovens; enfim, para aplicar dinheiro público a serviço de uma distribuição mais justa da renda. Enquanto os governos não derem uma guinada na estrutura jurídica voltada para o social e seguirem privilegiando quem não precisa, o Brasil pode produzir e acumular riqueza, mas vai continuar ocupando o vergonhoso 4.º lugar entre os piores na partilha da renda.
Suely Caldas (Estadão/2012)
Ou seja, mesmo se decidirmos acreditar que os programas sociais de distribuição de renda do governo Dilma foram feitos com a melhor das intenções, mesmo se acreditarmos que não houve nenhum objetivo eleitoreiro, mesmo sendo absolutamente cegos para a corrupção que surgiu da estratégia de distribuir renda por decreto, mesmo assim, não adiantou nada.
Mentor Neto
Ricardo Amorim (Um Brasil)
Me impressiona que a esquerda tenha adotado como sua uma política econômica, que é uma política econômica de subsídio, crédito para consumo, desequilíbrio fiscal e que não atende a nenhuma das reivindicações históricas da esquerda, que é direitos sociais universais. O Brasil é um país desastroso do ponto de vista da educação, do ponto de vista da saúde, dos direitos sociais universais mas se transformou a política de crédito, consumo, subsídio e desequilíbrio fiscal feito nos governos Dilma e Lula numa política de esquerda. O que faltou aqui no Brasil foram ganhos permanentes, estruturais nos campos dos direitos sociais universais, uma revolução na educação, na saúde, uma reforma urbana que tornaria o Brasil num país diferente, o Brasil só ficou diferente porque se consumiu muito nesse período com aumentos de renda que tão sendo eliminados agora em função do desequilíbrio fiscal, que tão sendo corroídos por uma situação de recessão brutal e de desemprego que aumenta cada vez mais.
Demétrio Magnoli (Folha de São Paulo)
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