Collor acabara de ganhar as eleições presidenciais após um período de 25 anos de regime militar que relegara o país a eleições indiretas e violência contra civis, em um momento caótico da economia brasileira, com a inflação a 80% mensais. Sabia-se que, logo após a posse de Collor, em 15 de março de 1990, seria dado um choque na economia. (...) Fora criado um plano econômico. (...) Chamava-se Plano Brasil Novo, que acabou sendo batizado pela grande imprensa, (...) de Plano Collor. (...) Para as pessoas, o resumo do plano era o seguinte: a moeda mudaria de nome, de Cruzado Novo para Cruzeiro, haveria congelamento de preços e salários, (...) o chamado confisco da caderneta de poupança (...) que acabou por derrubar a atividade industrial e comercial. (...) E, a partir daquela data, todo brasileiro, independentemente do valor que sua conta corrente registrasse, só poderia dispor de Cz$ 50.000 (cinquenta mil cruzeiros) - o restante do dinheiro seria confiscado pelo governo e somente retornaria à conta do vivente 18 meses após aquela data. A ideia era reter o dinheiro, baixar o consumo mecanicamente ao enxugar a economia e o dinheiro que circulava e, com isso, deter a inflação. Tinha lógica. Uma lógica primária. Sim, mas só no papel. Na prática, jogou o país novamente de joelhos. (...) Curiosamente, a ação de Collor foi justamente a acusação pública que o próprio presidente eleito fizera a Luiz Inácio Lula da Silva durante o segundo turno da campanha naquela eleição de 1989. No fim, foi Collor quem sequestrou a poupança.
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