Longe de serem diametralmente opostos, são complementares e até consequentes. A revolução industrial aumentou, como nunca, o ritmo produtivo e suas escalas. Esta capacidade reduziu os custos, maximizou os lucros e potencializou os interesses dos donos da produção.
A regra foi: produzir - haverá quem compre.
Óbvio que não acabaria bem. Ainda mais com todos pensando da mesma maneira. As crises começaram a explodir em todo lugar. Afinal, para dar certo, a sociedade precisava mudar seu comportamento. Ao final da crise, o capitalismo estava mais forte do que nunca e encontrara um oponente a altura, seu anteposto: o socialismo. Cada qual partiu em sua jornada de catequização. O capitalismo com seu valor de consumo associado à liberdade. O socialismo nos valores, não de igualdade, mas do poder nas mãos das classes menos favorecidas. O resto é história.
O valor de consumo ganhou ainda mais força depois da Segunda Guerra. Já não era o capitalismo que era pregado pelo mundo, mas o “american way of life”. A liberdade mais do que nunca associada à liberdade de consumo, áreas como marketing e branding, que sequer existiam pouco antes, tinham total importância para as empresas: agregar valor ao consumo. Assim, o consumo passou a ganhar outras associações, além da famigerada liberdade: status, beleza, conquistas, sucesso, satisfação,
felicidade.
Consumir, consumir, consumir. O que era um comportamento, tornou-se valor. Tudo passar a ser “consumível”. Do sanduíche ao amigo. Tornou-se uma necessidade. A boa e velha imprensa já não atendia a demanda insana de leitores que queriam consumir informação. Por isso, os veículos de massa ampliaram suas forças e invadiram o ar. Rádio e TV, de antenas aos satélites. Mesmo assim, parecia pouco para uma sociedade que demonstrava não se satisfazer nunca, mesmo com mais jornais que fora possível um ser humano ler. É mais importante consumir informção e o mundo se encheu de informação por todos os lados.
A regra tornou-se SINTETIZAR.
Marcas resumidas a um desenho ou cor. Cartas chegando instantaneamente na tela. Fotos ganhando muito mais destaques, resumos antes da leitura. Notícias de há pouco, agora. Pobre celulose. Jamais seria capaz de acompanhar consumo tão insano que se alastra como uma praga, infectando tudo, como um parasita que necessita se propagar qualquer que seja a maneira, os memes de Richar Dawkins (O GENE EGOISTA, 1976).
O imprevisto mais previsível nasceu: tanto consumo precisaria sair de alguma forma e o receptor não se satisfazia mais com seu status e transformou-se em emissor. Milhões de blogs explodindo. O consumo ganhou tanto valor social que ser consumido passou a ser um novo valor. Falar para ser consumido. Mais uma vez o parasita mostrava suas garras e pelo excesso dos que queriam ser consumidos. Fernando Pessoa tornaria a regra assim:
Sintetizar é preciso. Viver não.
Jornais reduziram seu volume de textos, ampliaram títulos e fotos, fortaleceram resumos. Blogs se tornaram menores (“ninguém tem tempo para ler muita coisa na internet”) - criou-se uma nova convenção social. De consumo e resumo os jovens se comunicavam de forma cada vez mais dinâmica, celuares em mãos, SMS. A internet cada vez mais móvel. Outdoors, leituras em 5 segundos; banners de internet, interatividade em 3 segundos; Google, uma página em branco buscando em 0,2 segundo; Longos vídeos de 2 minutos. O resultado não poderia ser outro: sintetizar os blogs, tweets. O resumo forçado, limitado a 140 caracteres (um SMS). Pobre iludidos, pensando que venceriam com serviçõs que não limitariam o usuário, mas o usuário QUERIA limites. Havia muita informação sendo produzida e recebida. As “rédeas” funcionavam como um grito de socorro. Resumir para consumir ainda mais.
Em resumo, a próxima regra está cada vez às beiras: uma imagem vale mais que mil palavras.
Muito mais síntese expressa. Este caminho já começou. Buscadores limpos como o Google, mas tornando-se cada vez mais visual. Google Imagens buscando muito mais visualmente, mosaicos. Prepara-se para um futuro ainda mais visual. E só começou.
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