12 de outubro de 2013

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

Quando o filósofo talmúdico Rabi Hillel foi desafiado por um possível convertido a explicar o ensinamento de Deus enquanto pudesse se sustentar numa perna só, ele ofereceu o "amar o próximo como a si mesmo" como a única resposta, embora complete, que encerra a totalidade dos mandamentos divinos. Aceitar esse preceito é um ato de fé; um ato decisivo, pelo qual o ser humano rompe a couraça dos impulsos, ímpetos e predileções "naturais", assume uma posição que se afasta da natureza, que é contrária a esta, e se torna o ser "não natural" que, diferentemente das feras (e, na realidade, dos anjos, como apontou Aristóteles), os seres humanos são. Aceitar o preceito do amor ao próximo é o ato de origem da humanidade. (...) Também é a passagem decisiva do instinto de sobrevivência para a moralidade. (...) Torna a sobrevivência humana diferente daquela de qualquer outra criatura viva.

Zigmunt Bauman (Amor líquido; págs: 98 e 99)

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