26 de setembro de 2011

A SÍNDROME DE CENSURAR

Em geral, o critério de julgamento utilizado por um líder já é o reflexo, ou tornar-se-á reflexo, do mesmo critério utilizado pelo seu grupo de convivência. A maldade sofrida por um líder no seu grupo de convivência parece não ser muito diferente dos sofrimentos ou constrangimentos que já provocou em outras pessoas. O problema, tudo indica, reside não simplesmente na veracidade ou qualidade do julgamento feito, mas sobretudo na cultura de julgamento que se instala numa comunidade. (...) Em geral, quando alguém julga severamente, está punindo seu próprio erro ou fraqueza em potencial, tomando o outro como bode expiatório do mal que, em potencial, está dentro de si mesmo. Cada dia mais eu me convenço de que os líderes afetados pela "síndrome de censurar", invariavelmente, ou tiveram comportamentos desajustados dos quais se reprimem e vivem punindo outros com base na projeção da natureza pecaminosa que ainda os acompanha, ou então vivem passíveis e vulneráveis aos erros que condenam. (...) O hipócrita não consegue enxergar que de fato a severidade que utiliza com o outro é decorrente do mal que se aloja na sua própria natureza.

Carlos Queiroz (Ser é o Bastante; págs: 180, 181 e 183)

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