29 de agosto de 2017

FERA

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos

7 de agosto de 2017

LUTE EM TODAS AS BATALHAS

Não lute no Norte nem no Sul. Lute em todas as batalhas, em todo lugar, sempre, na sua cabeça. Todos são seus inimigos, todos são seus amigos. Todos os eventos possíveis estão acontecendo ao mesmo tempo. Viva desse jeito, e nada vai surpreender você. Tudo que acontecer você já terá visto antes.

Game Of Thrones (7º Temporada/Ep: 03)

"O homem inteligente pode perceber as coisas antes delas acontecerem." - Sun Tzu

"Eu sabia o que queria que acontecesse numa prova, o que não gostaria que acontecesse e o que poderia acontecer, assim, se algo acontecesse, eu não perderia meu foco." - Michael Phelps

POEIRA

Se a poeira ergue-se alta, é sinal de carros de guerra chegando; quando ela é baixa e se espalha rente ao chão, denuncia a aproximação da infantaria. Se a poeira se levanta em pontos esparsos, mostra que destacamentos estão colhendo lenha para as fogueiras. Algumas nuvens de poeira movendo-se de um lado para outro, significa que o exército está montando o acampamento.

Sun Tzu (A Arte da Guerra; pág: 97)

GENERAL

Sun Tzu

Um general deve punir seus soldados com severidade quando necessário, ministrar castigo e trabalho com discernimento, ou poderá ser facilmente desrespeitado. Se há confusão no acampamento, o comandante tem pouca autoridade. Recompensas em demasia significam problemas. Se o comandante teme pressionar seu exército por conta de motins e oferece gratificações para manter seus soldados de bom humor, certamente ele perdeu o respeito de seus homens. Se os soldados forem punidos antes mesmo de se afeiçoarem ao chefe, não demonstrarão respeito. (...) Se tuas tropas só enfrentarem dificuldades e trabalho sem o devido reconhecimento, perderás o respeito de teu exército. (...) Portanto, os soldados devem ser tratados primeiramente com humanidade, porém, mantidos sob controle e disciplina. Isso irá garantir sua lealdade. Para isso, os comandos devem ser consistentemente reforçados durante o treinamento. Se o comandante for generoso, mas incapaz de fazer valer sua autoridade, seus soldados serão como crianças mimadas e ficarão inúteis. Um grande comandante deve ser calado, assegurando o sigilo; deve ser justo e honesto, mantendo a ordem; deve manter o povo na ignorância quanto aos seus planos.

Dê tarefas às tropas, mas não revele suas reais intenções; coloque-os frente a frente com o perigo, mas não revele as vantagens. Coloque suas tropas em situações de vida ou morte, em terrenos sem saída, só assim continuarão vivos. Somente quando se encontram em real perigo, os homens aprendem a transformar derrota em vitória.

"Um soberano jamais deve decidir pela guerra se estiver dominado pelo ódio ou vingança".

Sun Tzu (A Arte da Guerra; págs: 89, 97, 98, 108, 119, 120, 128 e 129)

4 de agosto de 2017

SEM PENSAR NA VITÓRIA

Um comandante vitorioso não permite que as tropas mostrem uma confiança demasiado cega, uma confiança que degenera em presunção. As tropas que sonham com a presunção da vitória são debilitadas pela preguiça. Ao contrário, aquelas que, sem pensar na vitória, exigem o combate, são tropas enrijecidas pelo trabalho, aguerridas, destinadas a vencer.

Sun Tzu (A Arte da Guerra; pág: 52)

ATAQUE, DEFESA E MOVIMENTAÇÃO

Atacar com confiança e alcançar os objetivos significa atacar aquilo que o inimigo não está esperando. Do mesmo modo, defender-se com confiança e garantir a segurança de suas posições, significa defender onde o inimigo não poderá atacar. Assim, contra o especialista em ataque, o inimigo não saberá onde se defender, contra o perito em defesa, o inimigo não saberá onde atacar. (...) Garantir-nos de não ser derrotado está em nossas mãos, porém a oportunidade de derrotar o inimigo é dada por ele mesmo. Por isso se diz: "A invencibilidade repousa na defesa, a vulnerabilidade revela-se no ataque". Manter-se e assumir posição defensiva, é porque a força do inimigo é esmagadora, porém lançar-se ao ataque é porque a força do inimigo é deficiente. O especialista em defesa, oculta a si mesmo no mais profundo e indecifrável canto da terra. O especialista em ataque, desfere o golpe de cima das mais altas esferas do Céu. (...) O perito em batalhas move o inimigo, em vez de ser movido por ele. (...) Dessa forma, ele é capaz de, ao mesmo tempo, proteger a si mesmo e alcançar a vitória completa. (...).

Para conseguir atrair o inimigo espontaneamente, ofereça-lhe alguma vantagem; se desejar impedi-lo, é questão de obstruí-lo. (...) Pratique a dissimulação, recorra a manobras enganosas. Movimente-se quando estiver em posição de vantagem, faça mudanças estratégicas dispersando ou concentrando suas forças. (...) Quando necessário esconda suas intenções. (...) Alterando seus planos ele mantém o inimigo no escuro. Mudando seu acampamento, evita que o inimigo preveja seu objetivo (...). Evite movimentar-se inutilmente e somente ataque quando tiver certeza da vantagem. (...) Depois de uma primeira vantagem, não esmoreças nem dês a tuas tropas um repouso precipitado. Empunha a espada com a mesma rapidez de uma torrente que se precipita de um despenhadeiro. Que teu inimigo não tenha tempo sequer de perceber o que está acontecendo e somente recolher os louros da vitória quando o inimigo estiver aniquilado, dando-te assim, condição de fazê-lo com segurança e tranquilidade. (...) A velocidade é a essência da guerra. Aproveite a falta de preparação do adversário, avance por caminhos onde não é esperado e ataque locais desprotegidos. (...) O sucesso da guerra está em estudar cuidadosamente as intenções do inimigo. Se ele mostra inclinação para avançar, atraia-o; se deseja recuar, deixe que ele leve adiante sua intenção. Se o inimigo mostrar alguma vulnerabilidade, avance sobre ele. Conquiste algo que seja de grande importância para seu adversário e não permita que ele saiba qual será o momento de seu ataque. Siga a estratégia determinada, mas procure se adaptar aos movimentos do exército inimigo para garantir o resultado da batalha. A princípio, procure exibir a timidez de uma modesta e humilde donzela, e então o inimigo abrirá suas portas. Depois, imite a velocidade de uma lebre apressada e será tarde demais para que o exército inimigo possa mostrar alguma reação ou oposição (...).

Se estiver distante e tentar provocar um combate, ele quer que avancemos. Se ele estiver acampado em terreno plano, com certeza está protegido por alguma vantagem. Se houver movimento entre as árvores de uma floresta, fique atento. Pode ser que o inimigo esteja avançando. (...) Se uma grande quantidade de pássaros levanta vôo de súbito, é sinal de uma emboscada. Animais assustados indicam que um ataque surpresa está se formando. (...) Sussurros e aumento dos preparativos para guerra significa que o inimigo avançará. Linguagem violenta e movimento agressivo para frente, indicam que ele recuará. (...) Se houver uma vantagem e o inimigo não avançar, ele está exausto. (...) Não persiga um inimigo que finge recuar. Não obstrua um inimigo que volta para casa. Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele, caso contrário, ele lutará até a morte. Não pressione um inimigo acuado e não se encarnice contra um inimigo derrotado. (...) Atenção ao inimigo enraivecido que está preparado para confrontar-se com você por longo período sem travar batalha nem abandonar sua posição, considere-o com o maior cuidado. E jamais subestima seu inimigo, caso contrário, seria facilmente capturado por ele. (...) Essa é a arte da guerra.

Sun Tzu (A Arte da Guerra; págs: 51, 53, 69, 80, 81, 96, 97, 98, 99, 117, 119, 120 e 121)

2 de agosto de 2017

ENERGIA E TEMPO

Evite batalhas duradouras, busque a vitória rápida. Se a vitória custar a chegar, suas armas se desgastarão e as tropas ficarão desmoralizadas, e o entusiasmo tende a enfraquecer. (...) O tempo prolongado irá (...) consumir todos os recursos disponíveis, abrindo oportunidades para os governantes vizinhos tirarem vantagens e atacar. (...) Não vi bom exemplo de inteligência associada a decisões demoradas. Nunca houve estado que tenha sido beneficiado por uma guerra prolongada. (...) A arte de melhor utilizar o tempo é estar um passo a frente do adversário, e vale mais que a superioridade numérica e os cálculos mais perfeitos com relação ao abastecimento. (...) Um perito na arte da guerra não convoca soldados mais de uma vez, nem solicita suprimentos repetidamente. Uma vez em guerra, ele não perderá tempo precioso esperando reforços. (...) Pode-se desmoralizar um exército inteiro e seu comandante ser levado a perder o ânimo. Na manhã da guerra a moral do inimigo está elevada, ao meio-dia começa a enfraquecer e a noite sua mente esta voltada para o retorno ao acampamento. Por isso, o comandante sábio evita um inimigo com a moral em alta e ataca-o quando moroso e inclinado a retornar. Essa é a arte de administrar humores. (...) Se perceberes que o inimigo está animado e descansado, espera que o entusiasmo arrefeça e ele se vergue sob o peso do cansaço. Então, usa tuas tropas descansadas e bem alimentadas. Essa é a arte de administrar a força.

Sun Tzu (A Arte da Guerra; págs: 33, 34 e 81)

ESTRATÉGIA DE LUTA

Tire o maior proveito das condições favoráveis, formulando através delas uma vantagem estratégica para reforçar nossa posição. (...) Justiça e humildade são premissas com as quais se governa o Estado, mas nunca o exército; flexibilidade e oportunismo, por outro lado, são virtudes militares e não civis. (...)

(...) Há momentos em que a maior sabedoria é parecer não saber nada. Por isso, quando capaz, finja então ser incapaz; quando pronto, finja grande desespero; quando perto, finja estar longe; quando longe, façam acreditar que está próximo. Se o inimigo procurar alguma vantagem, seduza-o com uma armadilha. Se estiver desorganizado, ataque-o e conquiste-o. Se ele for muito poderoso, prepare-se para ele. Se ele possuir forças superiores, evite-o. Se ele for orgulhoso, provoque-o. Se ele for humilde, dê forças à sua arrogância. Se ele estiver descansado, faça-o se desgastar. Se ele estiver unido, separe-o. Ataque-o onde ele se mostrar despreparado. Adote caminhos que sejam para ele totalmente inesperados. (...) A confusão simulada requer uma disciplina perfeita, afinal, o caos estimulado se origina do controle, o medo fingido exige coragem, a fraqueza aparente se origina da força. Ordem e desordem é uma questão de número, de logística; coragem e medo é uma questão de configuração estratégica do poder, vantagem estratégica; força e fraqueza é uma questão de disposição das forças, posição estratégica (...) O bom estrategista, para vencer uma batalha, faz antes muitos cálculos no seu templo, pois sabe que eles são a chave que o conduzirá à vitória. É calculando e analisando que o estrategista vence previamente a guerra na simulação feita no templo. Portanto, fazer muitos cálculos conduz à vitória, e poucos, à derrota. Quando examino a questão dessa forma, o resultado da guerra torna-se evidente. (...)

Ver a vitória apenas quando ela está ao alcance da visão de todos não é o máximo de superioridade. O verdadeiro mérito está em planejar secretamente, deslocar-se subitamente, frustrar as intenções do exército inimigo e finalmente chegar à vitória sem o derramamento de sangue. (...) A capacidade de avaliar o inimigo, de criar condições para se chegar à vitória, e de calcular astutamente as dificuldades, perigos e distâncias constitui o teste de um grande comandante (...).

Os hábeis comandantes vencem a batalha depois de terem criado as condições apropriadas. Um comandante inteligente não apenas vence, ele se sobressai derrotando o inimigo com facilidade. Eles prevêem todas as eventualidades, conhecem as situações do inimigo e não ignoram o que podem fazer e até onde podem ir. O comandante inteligente vence as batalhas evitando cometer erros. Não negligencia nenhuma circunstância que garanta aniquilar o inimigo. Portanto, um exército vitorioso só entra na batalha depois de ter garantido a vitória, enquanto um exército derrotado só procura a vitória depois de ter entrado na luta.

"Semear a desordem nas próprias fileiras é oferecer aos outros o caminho da vitória."

Provoque-o para que assim possa descobrir o padrão de seus movimentos, force-o a revelar-se, de forma que venha a exibir seus pontos vulneráveis. Quando tiver preparado seus arranjos táticos, oculte-os. O máximo da habilidade quando se assume uma estratégia é não ter forma. No caminho da vitória, seu exército deve evitar os pontos fortes do inimigo e procurar atacar onde ele demonstrar maior fraqueza. Variar as próprias posições de acordo com as táticas e planejamento do inimigo. (...) A arte da guerra nos ensina a não contar com a possibilidade do inimigo não vir, e sim, estar preparado para ele; não depender do inimigo não atacar, mas depender principalmente de estar em uma posição invulnerável (...).

Sun Tzu (A Arte da Guerra; págs: 27, 28, 44, 51, 52, 61, 72, 73 e 108)

ISTO PASSARÁ

Um dia, pressentindo a chegada da morte, o rei chamou seu único filho, sucessor do trono, tirou um anel do dedo e entregou-lhe, dizendo: - Neste anel há uma inscrição. Quando viveres situações extremas de glória ou de dor, retira-o e lê o que está escrito.

Passado algum tempo, conflitos com um reino vizinho culminaram numa terrível guerra. À frente do seu exército, o jovem rei partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, seus companheiros lutavam bravamente. Mortos, feridos, tristeza e dor. O rei se lembra do anel. Tira-o do dedo e lê a inscrição: "Isto passará". Ele continuou na luta. Perdeu algumas batalhas, venceu outras tantas e, ao final, saiu vitorioso. Retorna, então, a seu reino e, coberto de glória, entra em triunfo na cidade. O povo o aclama. Chama-o de herói. Neste momento, ele se lembra de seu velho e sábio pai. Tira o anel e lê: "Isto passará".

Véronique Brontë