15 de setembro de 2016

CSI ANIMAL

Ao chegar a uma cena de crime, os peritos não se dirigem apenas ao cadáver - observam também insetos presentes. "Eles ajudam a elucidar questões relacionadas à morte violenta, maus-tratos e sequestros", explica a perita Janyra da Costa. A prática ainda não é comum no Brasil, mas já virou regra nos EUA e na Europa. A formiga revela que a vítima sofreu maus-tratos antes da morte - pois sua presença indica más condições de higiene no local. É bastante útil em investigações de sequestro, pois costuma estar presente em lugares confinados ou buracos onde insetos maiores não conseguem circular. As moscas são úteis nos casos em que o corpo já está em estágio avançado de decomposição. Os peritos capturam a mosca no local do crime, e analisam o sistema digestivo dela. A presença de certos elementos, como chumbo ou esperma, indica que a vítima foi baleada ou sofreu violência sexual. Quando a polícia invade um cativeiro, procura por mosquitos que se alimentam de sangue humano e por isso podem conter uma amostra do DNA do sequestrador. Estes também são usados quando há suspeita envolvendo drogas, pois revelam se a vítima consumiu cocaína, heroína ou anfetamina.

Superinteressante [Abril/2011]

RESPIRAÇÃO

A respiração tem conexão direta com a emoção. Fique estressado e sua respiração será superficial e alta. Fique descontraído e respirará pausadamente e pelo abdómen. Para cada estado emocional há um ritmo respiratório particular. Ou seja, se por um lado, as emoções afetam a respiração, por outro, a respiração interfere no emocional. Portanto, as técnicas respiratórias são ferramentas poderosas para transformar o universo emocional e conquistar a evolução pessoal. A respiração adequada pode ajudar atletas a exercer mais com menos esforço e até mesmo a estabilizar a mente. Por outro lado, a maioria dos desportistas utiliza a respiração pelo tórax e não pelo abdómen. Sempre que respirares em corrida, deves encher o abdómen como um balão; esvaziando-o a cada expiração. Isto porque ao respirar apenas com o tórax não garante-se o aporte de oxigénio necessário e adequado aos teus músculos e desperdiçamos energia preciosa que poderiam ser aplicadas no treino. Todavia, podes trabalhar a respiração abdominal em repouso e eventualmente acabarás por transferir esse treino respiratório para a situação de treino intenso. Respirar melhor equivale a mais oxigénio para os músculos o que corresponde a uma resistência acrescida. É importante respirar na antecipação de uma carga ou um impacto isso torna-nos mais difíceis de derrubar.

Fonte: susanavie.com

O PROCESSO

Quando o treinador Shaka Smart foi entrevistado após seu time inesperadamente vencer a Carolina do Norte, o que ele disse? Ele não focou no resultado final. Ou na estratégia. Ele disse que o seu time ganhou porque "seguiu o processo". Mas, afinal, o que é isso? O que é o processo?

Esportes são complexos. Ninguém tem habilidade mental ou motivação suficiente para administrar constantemente todas as variáveis que ocorrem durante a trajetória de uma temporada, imagine durante um jogo. Todo mundo acha que tem - mas, realisticamente, não tem. Há muitas jogadas, muitos jogadores, muitas estatísticas, contra-ataque, imprevisões, distrações. Durante a trajetória de uma longa fase eliminatória, isso se torna uma carga cognitiva impossível de ser levada. Entretanto, Rosen descobriu que uma jogada regular no futebol americano dura apenas sete segundos, como conta Monte Burke em seu livro Saban. Sete segundos - isso é muito administrável. Então ele perguntou: E se um time concentrasse apenas no que ele pode administrar? E se eles fizessem as coisas passo a passo - não focando em nada além do que estivesse bem na frente deles e em fazer isso bem?

Como resultado, Nick Saban não focou no que todos os outros treinadores focam, ou pelo menos da maneira que eles focam. Ele fala: "Não pense em vencer o Campeonado SEC. Não pense sobre o campeonato nacional. Pense sobre o que você precisa fazer nesse treino, nessa jogada, nesse momento. Esse é o processo: Vamos pensar no que podemos fazer hoje, a tarefa desse momento." É essa mensagem que tem sido internalizada por seus jogadores e times - que juntos foram campeões de quatro campeonatos nacionais em um período de oito anos. No caos do esporte, como na vida, o processo proporciona um caminho. Uma forma de transformar algo muito complexo em algo simples. Não que "simples" seja "fácil". Mas é mais fácil. Vamos dizer que você tem que fazer algo difícil. Não foque nisso. Em vez disso, separe em partes. Simplesmente faça o que você tem que fazer nesse momento. E faça bem. E depois vá para a próxima coisa. Siga o processo e não o prêmio. A estrada para campeonatos seguidos, ou para ser um escritor ou um empresário de sucesso é apenas isso, uma estrada. E você viaja pela estrada dando passos. Excelência é uma questão de passos. Obter excelência nisso, então naquilo e no depois disso. O processo de Saban é exclusivamente isso - existir no presente, seguir cada passo em seu tempo, não se distraindo com nada além disso. Nem com o outro time, nem com o placar, nem com a plateia.

O processo é finalizar as coisas. Finalizar os jogos. Finalizar os treinos. Finalizar as sessões de filme. Finalizar os trajetos. Finalizar as repetições. Finalizar as jogadas. Finalizar os blocos. Finalizar as tarefas menores que você tem na sua frente e finalizá-las bem. Seja buscando o auge do sucesso em sua área, ou simplesmente sobrevivendo a uma provação horrível, a mesma abordagem funciona. Não pense sobre o fim - pense em sobreviver. Fazendo o certo de refeição a refeição, reunião a reunião, projeto a projeto, salário a salário, um dia de cada vez. Nós não precisamos entrar em pânico. Até tarefas colossais se tornam apenas uma série de componentes.

Marco Aurélio dizia: "Não deixe sua imaginação ser destruída pela vida como um todo. Não tente imaginar tudo de ruim que poderia acontecer. Se prenda à situação do momento e pergunte “Por que isso é tão insuportável? Por que eu não consigo encarar isso?”

Sete segundos. Se prendendo à situação do momento. Focando no que está imediatamente à sua frente. Sem pressão, sem resistência. Bem relaxado. Sem esforço ou preocupação. Apenas um simples passo após o outro. Este é o poder do processo. Nós podemos canalizar isso também. Não precisamos lutar como frequentemente fazemos quando temos alguma tarefa difícil na nossa frente. Em vez disso, nós podemos respirar, fazer a parte que está imediatamente na nossa frente - e seguir o fluxo até a próxima ação. Tudo em ordem, tudo conectado. Quando se trata de nossas ações, a desordem e a distração são letais. A mente desordenada perde o foco do que está na sua frente - o que importa - e se distrai com pensamentos sobre o futuro. O processo é a ordem, ele mantém nossas percepções sob controle e nossas ações em sincronia. Parece óbvio, mas esquecemos disso nos momentos mais importantes. O processo é muito mais fácil. Primeiro, não entre em pânico, conserve sua energia. Não faça nada estúpido tipo se asfixiar por agir sem pensar. Foque em não deixar isso piorar. Vai demorar um tempo, mas você vai conseguir sair. Estar preso é apenas uma posição, não um destino.

Com que frequência fazemos concessões ou nos acomodamos porque sentimos que a solução real é muito ambiciosa ou fora do nosso alcance? Com que frequência assumimos que a mudança é impossível porque ela é muito grande? Porque ela envolve muitos grupos diferentes? Ou pior, quantas pessoas estão paralizadas por todas suas ideias e inspirações? Elas vão atrás de todas elas e chegam a lugar nenhum, se distraindo e nunca trazendo progresso. Elas são brilhantes, mas raramente conseguem executar algo. Elas raramente vão para onde querem e precisam ir. Quando nos distraímos, quando começamos a nos preocupar com algo além do nosso próprio progresso e esforço, o processo é uma voz útil, às vezes autoritária, em nossa cabeça. É o protesto do sábio líder mais velho que sabe exatamente quem ele é e o que ele tem que fazer. Cale a boca. Volte ao seu posto e tente pensar no que nós mesmos faremos, em vez de se preocupar com o que está acontecendo lá fora. Você sabe qual é o seu trabalho, pare de se queixar e vá trabalhar.

Leve o tempo que precisar, não se apresse. Alguns problemas são mais difíceis que outros. Lide com os que estão bem na sua frente primeiro. Volte para os outros depois. Você chegará lá. O processo é uma questão de fazer as coisas certas agora. Sem se preocupar com o que irá acontecer depois, ou com os resultados, ou com a visão geral.

Ryan Holiday

RISCOS NO BOXE E NO MMA

Hoje, existe quase um consenso entre os especialistas de que as duas modalidades têm níveis de segurança semelhantes. O maior risco dos dois esportes no curto prazo são as concussões cerebrais e os traumas de crânio. Não há um estudo definitivo sobre o tema, mas alguns médicos sugerem que a longo prazo os danos acumulados no boxe podem ser maiores. Desferidos com luvas mais leves, de 112 e 124 gramas, os golpes no MMA provocam ferimentos mais profundos e sangrentos, mas que normalmente logo derrubam um dos lutadores. A luva mais pesada do boxe, de trezentos a seiscentos gramas, permite uma troca de socos bem mais longa, sem que o adversário vá a nocaute. Uma sequência repetida de traumatismos - em um combate que dura, em média, três vezes mais que uma luta de MMA - pode causar ao longo do tempo danos cerebrais irreversíveis. Só para ficar no caso mais famoso, Muhammad Ali convive há anos com o mal de Parkinson. O problema é que, para efeito de comparação, ainda não há um número considerável de ex-lutadores de MMA acima dos sessenta anos para se ter certeza de que eles não terão sequelas semelhantes.

Fellipe Awi (Filho Teu Não Foge à Luta; págs: 302 e 303)

VALOR DE MERCADO DO LUTADOR

A primeira preocupação de um jovem lutador muitas vezes é fazer com que um vídeo com os melhores momentos de suas lutas chegue às mãos de um empresário. "Infelizmente, hoje em dia é difícil um atleta chegar ao Ultimate Fighting apenas porque se destacou. Ele precisa de contatos com alguém que tenha acesso fácil aos donos do evento", afirma Dedé Pederneiras, treinador da equipe carioca Nova União.

"É difícil para o lutador estipular um preço para si mesmo. Então você precisa da ajuda de um manager, que negocia com o dono do evento", diz Rizzo. Grosso modo, o trabalho dos empresários consiste em valorizar tudo que o atleta tem a oferecer. O de Dana White em avaliar quanto o lutador traz de dividendos financeiros e de imagem para o UFC e, assim, definir o seu valor de mercado.

Quando Anderson [Silva] falar o idioma com fluência, seu valor de mercado se multiplicará. Os fãs americanos vão ficar ainda mais fãs, e os patrocinadores vão vender muito mais. Além disso, o brasileiro agradará ao patrão Dana White, que detesta conversar com os lutadores por meio de intérpretes.

Desde 2011, o UFC começou a premiar os atletas que mais usam o Twitter para se relacionar com os fãs. A cada três meses, ganham um bônus de US$5 mil aqueles que acumulam mais seguidores e que postam os tweets mais criativos, de acordo com o julgamento de Dana White.

O boxe continua pagando as maiores bolsas - Pacquiao recebe algo em torno de US$20 milhões para subir no ringue -, mas elas estão cada vez mais restritas a um pequeno grupo de pugilistas. Um iniciante do UFC luta por uma bolsa de US$6 mil, em média. Apenas 5% dos contratados chegam à cada do milhão de dólares por luta.

Fellipe Awi (Filho Teu Não Foge à Luta; págs: 282, 284, 295 e 304)

AS LUTAS DE UM COMBATE

Nos três, quatro meses de preparação para um combate, o atleta do UFC deve se acostumar aos sacrifícios físicos. Cada um deles trabalha num limite diferente de tolerância à dor, mas todos devem encará-las apenas como mais um elemento da disputa, como são o adversário, o árbitro e o público. Muitos dizem que o estado de concentração e excitação durante o combate é tão intenso que não há espaço para sentir dor. "Sabe quando uma pessoa toma um tiro ou é atropelada, mas continua correndo, movida pela adrenalina? É mais ou menos assim que a gente se relaciona com a dor. Só nos damos conta dela horas depois da luta, depois que o corpo relaxa", diz Rizzo. "Não temos medo da dor. Temos medo é de perder." Encarada de outro modo, a dor pode gerar um efeito psicológico nefasto. Entrar no octógono significa aceitá-la. Mesmo que às vezes o combate seja tão rápido que não haja tempo de senti-la, já foi tomada a decisão mais difícil, a de se submeter a ela. "Por isso, todo lutador merece respeito. Tem que ser macho mesmo para entrar naquele octógono", afirma Wanderlei Silva. A vulnerabilidade dos combatentes se revela ao final de cada evento. Antes de começar a tradicional entrevista coletiva pós-luta, Dana White lista as lesões mais graves e se houve necessidade de levar o atleta a um hospital. Na semana seguinte, o departamento médico das comissões atléticas libera uma lista com o tempo em que cada lutador ficará afastado de lutas oficiais até se recuperar totalmente. É bastante comum ver cards do UFC em que todos os participantes apresentam algum tipo de lesão. Mesmo que saia aparentemente intacto do octógono, o atleta é afastado de competições por pelo menos 14 dias por precaução. Ao ser nocauteado, passa obrigatoriamente por um exame de imagem, além da suspensão, que é variável. Quando a derrota é por finalização, ele costuma ficar afastado sessenta dias. "As pessoas ficam preocupadas quando veem a gente apanhando na luta, mas não imaginam que já apanhamos muito mais nos treinamentos durante a semana. Somos preparados para isso", afirma Minotauro.

Para muitos, o maior sofrimento se concentra nos últimos dias antes dos confrontos. Quase todos pesam, no dia a dia, além do limite de sua categoria. Há casos extremos, como o de Gleison Tibau, que normalmente chega à semana anterior da luta com 15 quilos a mais que o permitido entre os pesos leves. Às vezes, sobram até sete, oito quilos para serem eliminados no último dia. É claro que a quase totalidade dessa perda é de água. Para perder sete quilos num dia, Wanderlei já passou quatro horas dentro de uma sauna, vestido com uma roupa especial que aumenta a transpiração. Ele também é adepto da imersão numa banheira cheia de sal para estimular a saída de água do corpo. Em seguida, com o mesmo objetivo, os atletas passam uma pomada que mantém os poros abertos por algumas horas. A desidratação absurda pode causar perda de potássio, cálcio e magnésio, hipotensão, alteração do metabolismo, irritação e sobrecarga dos rins e do coração - o que se agrava quando ocorre com frequência. Depois da pesagem, feita na véspera do combate, eles recuperam boa parte do que perderam à base de infusão de soro e de uma dieta especial, o que torna irreal o limite de peso estipulado pela categoria. A longo prazo, essa prática pode causar envelhecimento das células e desgaste de ligamentos, músculos e articulações. "É por essas coisas que esse é um esporte para poucos", afirma Wanderlei. Talvez por isso, mais que em qualquer esporte olímpico, o MMA suscite um sentimento de cumplicidade entre os atletas. Há, em geral, um respeito mútuo entre aqueles que aceitam entrar numa gaiola para pôr à prova sua força e coragem. Ao mesmo tempo que se consideram "eleitos" para um esporte tão duro, orgulham-se da escolha desse caminho para viver. O que não quer dizer que a relação entre os lutadores do UFC seja, de maneira geral, muito próxima. "Fora os brasileiros que treinam comigo, tenho poucos amigos no UFC. O Rich Franklin [um matemático que perdeu o cinturão justamente para o brasileiro] é um cara que posso considerar um amigo. Mas a relação, em geral, é de muito respeito", diz Anderson Silva.

Os nomes de maior destaque no país dificilmente continuem aqui depois dos 24, 25 anos de idade. Mesmo que não acabem no UFC, eles têm chances de encontrar outro torneio no exterior que lhes permita viver do esporte. Para acompanhá-los, treinadores e equipes de apoio também deixam o país. Só quando se tornam astros internacionais, como no caso de Anderson Silva e Minotauro, eles podem voltar ao Brasil com suas equipes e montar uma estrutura para treinar novamente por aqui. "Quando os atletas estão treinando com os melhores, eles tendem a evoluir com muito mais rapidez. Mas, como os melhores estão indo para os Estados Unidos, o desenvolvimento do atleta no Brasil fica prejudicado. Só resta a ele encontrar uma oportunidade lá fora também", explica o treinador Bebeo Duarte.

Fellipe Awi (Filho Teu Não Foge à Luta; págs: 280, 281, 282, 307 e 308)

EXTREMISMO



John Cleese

1 de setembro de 2016

LIBERALISMO NO BRASIL

O pensamento liberal foi realmente uma resposta de sucesso ao autoritarismo e ao nacionalismo radical do pós-guerra no século passado. É evidente, também, que o pensamento liberal foi uma das forças do mundo ocidental para derrotar o comunismo e pôr fim à Guerra Fria. As liberdades individuais e a capacidade do indivíduo se auto-governar são ideias deliciosas. O tempo e o contexto mundial pós globalização se incumbiram de esvaziar as esperanças deste pensamento, lamentavelmente. Como diria Isaiah Berlin no primeiro capitulo de "The Crooked Timber of Humanity”: “O discurso liberal…dá a um grupo o espaço necessário para realizar suas próprias idiossincrasias para objetivos únicos e particulares, sem interferência de outros grupos." Duro de engolir para quem aposta na saída liberal. Para os que vendem a ideia da meritocracia apesar da gritante desigualdade do país. O discurso liberal no Brasil, clama por menos presença do Estado num país que já não tem Estado há décadas. Torce para que o Estado se afaste porque é corrupto e ineficaz. Convencidos que estão de que o Estado sempre será corrupto e ineficaz. Pede por liberdade de nos auto-governarmos quando 40% da população não recebem serviços de saneamento básico. Exige a meritocracia quando a esmagadora maioria das nossas crianças não recebe ensino de qualidade nas escolas publicas. Propõe o livre porte de armas não como atestado da liberdade individual, mas como forma de repor a ineficiência da Segurança que o Estado deveria prover. Deseja a menor presença do Estado quando somos medíocres em Saúde e Educação. Quem - no mundo liberal - vai assumir a responsabilidade por nos dar o mínimo que o Estado deveria ter dado? Outro algoz do pensamento liberal foi a globalização.
 
O Brasil perdeu o trem da modernização. Perdeu a guerra pela competitividade no mundo. Quem - no mundo liberal - vai reverter essa situação ao mesmo tempo que vai se dedicar a dar condições de vida à esmagadora população desassistida? É isso que queremos como Nação? Sucesso aos privilegiados que tiveram a sorte de nascer herdeiros ou com a possibilidade de auto-governar? Sucesso apenas para as exceções que foram capazes de escapar da cilada da pobreza? Quem no mundo liberal vai lutar por interesses comuns de toda a população inassistida? É por isso que o pensamento liberal perdeu tração. Não só aqui, no mundo todo. E a direita se desespera. Esse desespero é em última análise, o que permeia o crescimento de nomes como Donald Trump, Marine Le Pen e companhia. O medo de dividir oportunidades. É fácil pedir que o Estado não atrapalhe quando se tem independência pessoal para ser liberal. Não. Não sou petista. Não sou comunista. Fora Dilma. Adeus PT. Estado competente, justo e honesto, não necessariamente mínimo. A saída não é uma virada radical como é a proposta liberal. Será um dia, quem sabe. Estado mínimo quando o Estado nos der o mínimo.

Mentor Neto


O discurso embasado na meritocracia desresponsabiliza o Estado e joga nos ombros do indivíduo todo o peso de sua omissão e da falta de políticas públicas. A meritocracia naturaliza a pobreza, encara com normalidade a desigualdade social e produz esquecimento – quem defende essa falácia não se recorda que contou com inúmeros auxílios para chegar onde chegou.

Fernanda Orsomarzo